Renan e Cunha ficam nos cargos durante investigação da PF
Foto: J.Batista / Câmara dos Deputados
Oficialmente
investigados pela Polícia Federal por suspeita de corrupção na
Petrobras, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), podem seguir à frente do Congresso
Nacional. Não precisam renunciar ao mandato enquanto não forem
condenados. E, mesmo diante de uma condenação, a perda de mandato ocorre
apenas após comunicação formal à Mesa Diretora das Casas, lideradas por
Calheiros e Cunha. As mesas determinam, então, que os corregedores da
Câmara e do Senado avaliem o processo judicial. Somente após essa
consulta é que o colegiado da mesa decide por encaminhar o pedido de
cassação à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e à Comissão de
Ética. A decisão das duas comissões é o que determina o envio da
cassação para votação aberta no plenário da Câmara e do Senado. Outro
caminho para a cassação pode ser feito por partido representado no
Congresso, que pode encaminhar representação solicitando a abertura de
processo para suspensão de mandato. Apesar dessas prerrogativas
regimentais, a renúncia de mandato é artifício comum de parlamentares
para fugir da cassação. Foi o que fez, em 2007, o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), que será investigado na Lava Jato pelos
crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. Naquela ocasião, Calheiros abdicou ao cargo após ser acusado
de que teria despesas pessoais pagas por lobista de uma construtora,
incluindo pensão alimentícia de uma filha com a jornalista Mônica
Veloso. A presidência do Senado já havia sido abandonada por Jader
Barbalho (PMDB-PA), em 2001, após um longo embate com o então senador
Antônio Carlos Magalhães. O embate entre eles acabou levando ao
surgimento de denúncias que levaram à renuncia de mandato por ambos
naquele ano. Barbalho abriu mão do mandato após envolvimento de desvios
no Banco do Estado do Pará (Banpará). Já ACM fugiu da cassação pelo
escândalo do vazamento da votação secreta da cassação do ex-senador Luiz
Estevão (PMDB-DF). A Lava Jato investigará Eduardo Cunha, que acusou o
pedido de inquérito do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, de
"alopragem" e "piada". "É mais uma alopragem que responderei e
desmontarei com relativa facilidade", escreveu Cunha no Twitter. Em
2005, a pressão política levou o então presidente da Câmara Severino
Cavalcanti (PP-PE) a renunciar ao cargo por supostamente receber um
"mensalinho" para prorrogar a concessão de um restaurante da Casa.
Calheiros e Cunha integram a lista de 22 deputados e 12 senadores que
serão oficialmente investigados no âmbito da Operação Lava Jato, com
autorização do Supremo Tribunal Federal (STF)
Fonte: por Nivaldo Souza | Estadão Conteúdo
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