domingo, 29 de março de 2015

Memórias do jogo político na ascensão
e queda do Regime Militar e o domínio da esquerda no Brasil:
O jornalista e o fato novo
 
Por Pedro Borges dos Anjos
Redator-Chefe do Jornal O Guarany

O ex-governador de Minas, o saudoso Magalhães Pinto, ex-chanceler e um dos principais dirigentes do movimento-golpista militar de 1964, é tido como um dos mestres do conhecimento do jogo político. Ele costumava dizer que a política é como uma nuvem, devido à maleabilidade de suas formas. Um de seus conselhos, que serve aos jornalistas, é estar sempre atento ao “fato novo”, ou seja, ao imprevisível.

Os jornalistas políticos riram quando Paulo Maluf resolveu disputar o governo de São Paulo, na década de 70, pela via indireta – isso porque o candidato do Palácio do Planalto era o ex-governador Laudo Natel. Até o primeiro semestre de 1984, poucos imaginavam que o regime ditatorial militar perdesse, no Colégio Eleitoral, seu suposto domínio, o poder para o PMDB. A cúpula do PT estava convencida de que a “revolucionária” e “radical” Luiza Erondina jamais ganharia a prefeitura de São Paulo. Além de mulher, nordestina: parecia algo fora do perfil desejado do paulistano. Era tratada com indiferença. Era tratada com indiferença, mesmo durante a campanha, por militantes petistas, que gostariam de ver como candidato Plínio de Arruda Sampaio, derrotado na convenção do partido.

Depois de várias derrotas, Paulo Maluf conseguiu, em 1992, voltar ao poder, elegendo-se prefeito de São Paulo e, numa revanche, derrotou o PT. E venceu – quem diria – com o apoio de ex-comunistas. Sem cargo, a ex-radical militante, Luiza Erondina, defensora da revolução marxista, sempre à frente de invasões de terrenos, aceitou virar ministra no governo do presidente Itamar Franco e, por sua moderação, acabou afastada do partido.

Mais recente, o ex-presidente Lula buscou o apoio do seu ex-arquiadversário político Paulo Maluff para eleger o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. É a expressão do imprevisível. Lula, considerado um dos mais poderosos estrategistas do jogo político no país, alcançou fama internacional e prossegue conquistando espaços nunca antes imaginado para uma pessoa em sua posição. "Ele é o cara", assegura Barack Obama, presidente dos Estados Unidos. É o palestrante mais concorrido, mais ouvido e mais bem pago, em inúmeros países do mundo. 

O experiente Ulysses Guimarães estava apenas seguindo seu próprio  conselho sobre como deve ser o relacionamento entre políticos: “nem tão próximo que não se possa brigar nem tão longe que não se possa reatar”. Aos mais jovens dizia: “Não leve suas brigas para casa. Depois sua mulher não vai entender quando tiver de fazer uma cerimônia elogiando seu inimigo”


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