Ratos para todos os gostos!
Por Walter César Silva
Outro dia eu estava assistindo TV em casa e passava um programa sobre um país chamado Índia. Falava do templo dos ratos. Assim como em alguns lugares, a vaca é vista como um animal sagrado, os ratos também são tratados como divindades ou até mesmo como morada provisória da alma das pessoas depois da morte! Na Índia existe um grande santuário, um templo onde moram aproximadamente 20000 ratos! Todos eles muito bem tratados e "saudáveis".
Pessoas são responsáveis por cuidar deles. Fornecem água, leite e grãos constantemente. E se por acaso alguém acidentalmente pisar num deles e matá-lo, como penalidade terá que pagar seu peso em prata ou ouro para o templo dos ratos.
Ainda tem o detalhe do rato branco. Conta a tradição que quando uma pessoa consegue ver um rato branco ela terá muita sorte na vida. Muita gente chega a ficar horas na tentativa de avistar o tal rato! Imagine!
Ao redor de todos esses milhares de ratos habita uma atmosfera de respeito e adoração profunda! As pessoas dormem, brincam e até comem junto com eles!
Mas em alguns outros lugares como a Tailândia, por exemplo, os ratos são alimentos comuns nas mesas das pessoas.
No Brasil, a conversa é diferente. Odiamos ratos! São perseguidos e mortos sem piedade! Aqui temos super-cola, ratoeira, veneno e tudo mais pra eles! Não são bem vindos! Transmitem doenças e tudo mais.
Depois de ver extasiado tudo isso, observei quão assustadora e intrigante podem ser as diferenças culturais presentes em cada povo ao redor desse mundão! Pude constatar facilmente que cada lugar tem sua própria lei e seus próprios costumes e crenças. Realmente, vi que são muitos universos particulares dentro de um mundo só. Outras formas, outras regras, outros rostos e outras importâncias!
Nesse caso, os ratos e a maneira como são tratados ao redor do mundo, ilustram muito bem a rica diferença cultural existente entre os povos. Enquanto uns os louvam e os adoram, outros os comem no almoço e outros tantos os matam!
Noutra vez fiquei estarrecido quando li numa pesquisa antropológica como alguns povos tratam seus entes queridos depois que morrem. Tradicionalmente, esquartejam seus mortos e dão pros abutres comerem. Faz total sentido pra eles e sua cultura! Mas pra mim, que horror!
E por aí foram as minhas observações e pesquisas sobre o ser humano e suas peculiaridades, suas diferenças e seus valores sócias e morais! O que é certo e o que é errado depende agora de muitos outros fatores como: qual país, qual religião e outros muitos ... Não há uma forma ou um padrão absoluto que enquadre todas as verdades e mentiras numa mesma cartilha.
Cada um tem a sua verdade. Cada lugar tem seus costumes, assim como cada periferia tem suas leis! É incabível, insustentável e sem sentido qualquer tentativa de discriminação, preconceito e intolerância. O mundo está completamente cheio de diferenças e cada cultura tem seu valor, sua importância e sua riqueza e não nos cabe condenar ou criticar, e sim aceitar.
Por fim, aceitei! Se eu quero ou você quer tomar banho de chapéu, ou esperar Papai Noel, vamos! Vamos tentar viver uma liberdade mais plena e sem medos nem censura. Com tolerância e respeito ao próximo, podemos conviver com as diferenças.
Mas se alguém me convidar pra almoçar e o cardápio for espetinho de rato, escorpião frito ou ensopado de sapo, eu simplesmente direi: muito obrigado e bom apetite!
Walter César Silva é professor de Matemática e redator de crônicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário