sábado, 31 de janeiro de 2015

Urge reagir contra posturas irresponsáveis e indignas, geradoras de danos aos cidadãos

Por  Pedro Borges dos Anjos
Editor-Chefe do Jornal O Guarany

Cidadãos se calam, receosos de represálias, a maioria opta por não denunciar crimes cometidos por marginais, especialmente, líderes de bocas de fumo, comandantes do tráfico de drogas. Até se justifica, pois, quem denunciar corre risco de morte.

Em outro nível, entendem não denunciar posturas esdrúxulas, de reconhecida gravidade social, geradoras de danos na vida dos cidadãos, perpetradas por autoridades em diversas esferas dos Poderes.

Refiro-me aos três Poderes  da República: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, este último sobretudo, protegido por poderosa redoma, em cuja súcia tem sobre seu domínio indivíduos sem escrúpulos,  sem compromissos com a honra,  capazes de desencorajar e  de fazer calar suas vítimas.

A voz que se levantar para combater posturas dessa natureza passa por constrangimentos e sofre danos de difícil reparação e  de incalculável prejuízo aos seus valores.

Só para caracterizar dois exemplos, um  de passado distante e outro mais recente:  “Em 1688, o fundador do Santuário da Lapa, Francisco de Mendonça Mar, o qual era exímio pintor foi convidado pelo governador geral do Brasil, general Mathias da Cunha, para pintar e fazer acabamentos artísticos no Palácio Rio Branco, em Salvador, residência do ilustre governador. Francisco e seus auxiliares puseram-se a trabalhar. Naquela época pintar uma casa, sobretudo um palácio governamental, era uma arte e uma verdadeira ciência. Não existiam, no comércio, tintas prontas, como as de hoje. O pintor deveria prepará-las, de acordo com os seus conhecimentos e habilidades profissionais. Para adiantar os trabalhos, Francisco entrou com o seu capital, fazendo despesas, confiando que tudo lhe seria reembolsado pelo ilustre governador e que receberia justa remuneração, no dia da conclusão das obras.

Finalizado, porém, o trabalho, Francisco sofreu grande e triste desilusão. O governador Mathias da Cunha havia falecido e o provedor-mor, encarregado das finanças, alegando que o governo não dispunha de dinheiro, negou o pagamento do material e da mão-de-obra de Francisco. O novo governador, Antônio Luiz Gonçalves Câmara Coutinho, tampouco estava disposto a pagar a dívida. As reclamações e queixas de Francisco não foram atendidas e, ao contrário, ele e os seus empregados, companheiros de trabalho, foram açoitados cruelmente e jogados na prisão, por 12 anos consecutivos.

Francisco, injustiçado e preso, escreveu então, uma carta ao El-Rei de Portugal, queixando-se da grande injustiça da qual foi vítima. A carta foi levada pelo Conselho Ultramarino ao Rei de Portugal.

Com toda a lentidão própria daquela época, quatro anos depois, em 1965, El-Rei de Portugal responderia a carta, dando razão às reclamações de Francisco de Mendonça Mar, determinando que pagassem as despesas do material e o trabalho realizado no Palácio Governamental de Salvador.

Enquanto isso, a prisão se prolongava. Refletindo sobre todos aqueles acontecimentos, recuperando-se dos golpes que tinha recebido, orando a Deus a sua liberdade, Francisco escutava, no seu íntimo, uma voz misteriosa, que dizia: “Não ajunte riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, onde os ladrões assaltam e roubam, mas ajunte riquezas no céu” (Mt 6:19-21). Busque o Calvário na Gruta...Busque o Calvário na Gruta...

A carta, porém não encontraria Francisco na capital do Brasil colonial, porque Francisco escolhera servir a outro Senhor, Àquele que não engana, que não explora, mas é justo é bom – o Senhor Bom Jesus!” , texto extraído do livro “O Primeiro Peregrino da Lapa”, de autoria do Padre Francisco Micek.

Aconteceu em Cachoeira/BA
O mais recente, sem citar nomes, mas, em Cachoeira, todos vão identificar personagens dessa história verídica, ocorrida nesta comarca. Em concorrida eleição para prefeito do município, candidato reconhecidamente organizado, instalou sua própria central de apuração dos resultados das urnas, em escritório próprio, com equipamentos capazes de registrar todos os dados. Pôs pessoas de sua inteira confiança nos locais de cada urna eletrônica, os quais, logo o boletim com os resultados era afixado nos mencionados locais, fossem fotocopiados, e o resultado comunicado por telefone celular à referida central de apuração. Assim, o candidato que projetou e executou este plano, pôde verificar com os dados registrados em sua central de apuração, ter sido ele o vencedor do pleito, antes mesmo do anúncio oficial da Mesa Apuradora do Fórum Teixeira de Freitas.

Para sua surpresa, momentos depois, ouviu e viu o concorrente com seus seguidores comemorando a vitória nas ruas da cidade, pois, o magistrado havia anunciado sua vitória  com 25 votos de frente.

Incontinenti, de posse dos resultados aferidos pela sua central de apuração, o candidatode fato vencedor dirigiu-se ao Fórum, surpreendendo o magistrado, com o resultado verdadeiro, exigindo da mencionada autoridade a imediata correção. Ante a autoridade e rigor com que o candidato e verdadeiro vencedor do pleito exigia do magistrado a correção, esse não teve outra alternativa, senão mandar apurar as urnas não contabilizadas de propósito e anunciar o resultado, o qual foi exatamente igual ao anunciado pela central de apuração do referido candidato.

Urge, portanto, reação rigorosa contra posturas injustas, indignidades dessa natureza. É preciso reagir como reagiu o candidato organizado, acima referido. Foi  reação corajosa, acompanhada de discurso com argumentos irrepreensíveis, convincentes e de permanente operacionalidade, sem mentiras. Assim, não há inverdades nem indignidades que resistam.

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