Quem nos defenderá do novo Ministro da Defesa?
Por Fernando Conceição, jornalista
NA VEZ ANTERIOR em que um ex-governador da Bahia, Waldir Pires
(PT), foi nomeado comandante do Ministério da Defesa, os resultados
foram os piores possíveis.
Em curto espaço de tempo (31/03/2006 a 24/07/2007) o Brasil assistiu
duas catástrofes aéreas, com 353 mortos. Familiares desesperados,
movimentos de insubordinação de setores da cúpula e de subalternos das
Forças Armadas, greve de controladores de tráfego aéreo.
Lula, o presidente em pessoa, atropelou a hierarquia da Aeronáutica,
cedeu à chantagem de grupos corporativos de militares e demitiu pela
imprensa seu ministro. Que hoje é um das quatro dezenas de vereadores de
Salvador.
A partir desse 1º de janeiro de 2015 o país tem outro ex-governador
da Bahia no mesmo posto, Jacques Wagner (PT). Uma reincidência
temerária.
Seus antecedentes no trato com as lideranças dos Policiais Militares
no Estado, os índices de descontrole da violência e a alta taxa de
criminalidade que seus 8 anos de governo ostentam, sugerem uma coisa em
sua indicação: Dilma Rousseff procura sarna para se coçar.
Presidente eleita e reeleita nomeia quem quiser. Montou agora um Ministério Frankenstein. Com todos os ingredientes de um corpo desconjuntado. Se funcionará e até quando, veremos.
Jacques Wagner não soube negociar com os policiais. Prova? Durante
sua gestão os baianos foram sacrificados com duas grandes greves desses
agentes públicos armados. A anarquia, a bagunça, o medo, a depredação e
as vinditas ganharam as ruas, acuando a população. O sangue,
principalmente preto e pobre, jorrou às escâncaras.
Como consequência política nessa área, o conselheiro de Dilma colheu
dois frutos amargos. A derrota eleitoral para a Prefeitura de Salvador
em 2012 (ACM Neto bateu a máquina petista), é um desses.
O segundo é a afirmação de um policial afastado, Marco Prisco (PSDB),
como liderança emergente no associativismo da corporação.
Ainda agora, mesmo preso por decisão do Supremo Tribunal Federal, o “Soldado Prisco” obteve 108.104 votos que o tornaram um dos mais bem votados deputados estaduais em 2014.
Ainda agora, mesmo preso por decisão do Supremo Tribunal Federal, o “Soldado Prisco” obteve 108.104 votos que o tornaram um dos mais bem votados deputados estaduais em 2014.
De 2007, quando assumiu o governo estadual, até hoje, quando deixa
para assumir um Ministério da República, Wagner coleciona números
sombrios de assassinatos no Estado. Números que sempre vieram em
crescendo.
Recentes publicações frutos de estudos sérios, que podem ser acessadas aqui, e aqui e ainda aqui, demonstram ser a Bahia um dos Estados brasileiros onde mais ocorrem mortes violentas. De civis. E também de policiais.
O discurso oficial de seu governo é o de colocar a responsabilidade
nas vítimas que, complementa a falácia, são tragadas pela “guerra do
tráfico de drogas”. Guerra essa que, infelizmente, parece, seu governo
perdeu.
Ao reconhecer em
entrevista que – para além das milícias – as organizações do crime
organizado se entranharam pelos territórios da Bahia, cujas fronteiras
porosas são um convite ao negócio, o governo baiano admite sua derrota.
Com pesar se faz essa constatação. E maior pesar ainda por se saber que essa política de morticínio e de insegurança tende a continuar.
O pupilo de Wagner feito governador, Rui Costa, manterá o mesmíssimo
secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa.
Quanto torcemos para essas observações serem por eles contrariadas, se revelarem infundadas e erráticas!
Quanto torcemos para essas observações serem por eles contrariadas, se revelarem infundadas e erráticas!
Wagner no Ministério desde esse 1º de janeiro fará diferente do ex-governador baiano que o antecedeu no posto?
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