terça-feira, 30 de dezembro de 2014



Quem nos defenderá do novo Ministro da Defesa?
Por Fernando Conceição, jornalista


NA VEZ ANTERIOR em que um ex-governador da Bahia, Waldir Pires (PT), foi nomeado comandante do Ministério da Defesa, os resultados foram os piores possíveis.

Em curto espaço de tempo (31/03/2006 a 24/07/2007) o Brasil assistiu duas catástrofes aéreas, com 353 mortos. Familiares desesperados, movimentos de insubordinação de setores da cúpula e de subalternos das Forças Armadas, greve de controladores de tráfego aéreo.

Lula, o presidente em pessoa, atropelou a hierarquia da Aeronáutica, cedeu à chantagem de grupos corporativos de militares e demitiu pela imprensa seu ministro. Que hoje é um das quatro dezenas de vereadores de Salvador.


A presidente e sua criatura
A presidente e sua nova criatura


A partir desse 1º de janeiro de 2015 o país tem outro ex-governador da Bahia no mesmo posto, Jacques Wagner (PT). Uma reincidência temerária.

Seus antecedentes no trato com as lideranças dos Policiais Militares no Estado, os índices de descontrole da violência e a alta taxa de criminalidade que seus 8 anos de governo ostentam, sugerem uma coisa em sua indicação: Dilma Rousseff procura sarna para se coçar.

Presidente eleita e reeleita nomeia quem quiser. Montou agora um Ministério Frankenstein. Com todos os ingredientes de um corpo desconjuntado. Se funcionará e até quando, veremos.

Jacques Wagner não soube negociar com os policiais. Prova? Durante sua gestão os baianos foram sacrificados com duas grandes greves desses agentes públicos armados. A anarquia, a bagunça, o medo, a depredação e as vinditas ganharam as ruas, acuando a população. O sangue, principalmente preto e pobre, jorrou às escâncaras.



Como consequência política nessa área, o conselheiro de Dilma colheu dois frutos amargos. A derrota eleitoral para a Prefeitura de Salvador em 2012 (ACM Neto bateu a máquina petista), é um desses.

O segundo é a afirmação de um policial afastado, Marco Prisco (PSDB), como liderança emergente no associativismo da corporação. 
Ainda agora, mesmo preso por decisão do Supremo Tribunal Federal, o “Soldado Prisco” obteve 108.104 votos que o tornaram um dos mais bem votados deputados estaduais em 2014.

De 2007, quando assumiu o governo estadual, até hoje, quando deixa para assumir um Ministério da República, Wagner coleciona números sombrios de assassinatos no Estado. Números que sempre vieram em crescendo.

Recentes publicações frutos de estudos sérios, que podem ser acessadas aqui, e aqui e ainda aqui, demonstram ser a Bahia um dos Estados brasileiros onde mais ocorrem mortes violentas. De civis. E também de policiais.


Eleito vereador na greve de 2012, o líder da PM "Soldado Prisco" sai-se vitorioso para a Assembléia em 2014
Eleito vereador na greve de 2012, o líder da PM “Soldado Prisco” sai-se vitorioso para a Assembléia em 2014

O discurso oficial de seu governo é o de colocar a responsabilidade nas vítimas que, complementa a falácia, são tragadas pela “guerra do tráfico de drogas”. Guerra essa que, infelizmente, parece, seu governo perdeu.

Ao reconhecer em entrevista que – para além das milícias – as organizações do crime organizado se entranharam pelos territórios da Bahia, cujas fronteiras porosas são um convite ao negócio, o governo baiano admite sua derrota.

Com pesar se faz essa constatação. E maior pesar ainda por se saber que essa política de morticínio e de insegurança tende a continuar.

O pupilo de Wagner feito governador, Rui Costa, manterá o mesmíssimo secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa. 
Quanto torcemos para essas observações serem por eles contrariadas, se revelarem infundadas e erráticas!

Wagner no Ministério desde esse 1º de janeiro fará diferente do ex-governador baiano que o antecedeu no posto?

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