BUERAREMA: JUIZ SERÁ
INVESTIGADO PELO MP POR ENGAVETAR PROCESSO PENAL POR NOVE ANOS
Segundo relatos, Hygino era amigo dos réus | Foto: Reprodução
O
juiz Antônio Carlos de Souza Hygino, que atuou na comarca de Buerarema,
no sul do estado, até o ano de 2011, poderá ser investigado novamente
pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), a pedido do Tribunal de
Justiça (TJ-BA). Ele poderá se tornar réu de uma nova
ação por tentar “prejudicar o andamento” de uma investigação criminal,
mantendo vínculo de amizade com os investigados. O
juiz, que já foi aposentado compulsoriamente pelo tribunal, é
investigado em diversos processos administrativos disciplinares. Antônio
Hygino é acusado de envolvimento em um suposto tráfico de mulheres
para Espanha. Por 13 anos, o magistrado foi o titular da comarca de
Buerarema, e em 2011, ele se inscreveu em um processo de promoção para a
comarca de Itabuna. No âmbito administrativo, ele é investigado por ter
arquivado por nove anos uma ação penal de crime de homicídio. Uma
representação do delegado Pedro Chaoul, da 6ª Coordenadoria do Interior,
em Itabuna, foi encaminhada pela promotoria de Justiça da cidade ao
Procurador-geral de Justiça. A representação noticia um
inquérito aberto para apurar uma morte, acontecida no dia 26 de
setembro de 2001, que vitimou Solemberg Alves da Silva, tendo como
investigados Vilma Ferreira Santos Pinto, conhecida como “Vilma de
Caxixe” e seu companheiro, Roberto de Oliveira Rocha, conhecido como
“Caxixe”. No dia 1º de abril de 2002, a promotora de Justiça, Elzita
Silva Vieira dos Santos, pediu ao juiz que fosse deferida a realização
de várias diligências no processo. Anterior a isso, a própria delegacia
de polícia havia solicitado o prosseguimento das investigações, com
realização de diligências. A Promotoria concluiu o inquérito para
julgamento da Justiça no dia 8 de agosto de 2002. Entretanto, somente em
11 de março de 2011 foi concedida vista do procedimento investigatório
ao promotor Maurício Fontes. Para surpresa de Fontes, o inquérito “ficou
arquivado no Cartório da Vara Crime por nove anos”. O promotor relata
que o advogado da vítima, Soleval Alves da Silva Planeta, tentou por
várias vezes ter acesso ao processo, mas que nunca conseguiu, mesmo
tendo declarado que a serventuária da Justiça, Esther Pinheiro, alegava
que o processo já estava concluso para o juiz Antônio Hygino, e que o
magistrado havia levado o processo para casa. De acordo com o advogado, a
principal investigada pelo homicídio, Vilma de Caxixe, teria sido
nomeada como secretária do juiz, logo após de Solemberg, ex-marido da
acusada. A serventuária, segundo relatos, frequentava o fórum e era
amiga de Antônio Hygino. O relator da investigação
contra o juiz no TJ é o desembargador Pedro Guerra. A defesa do
magistrado no tribunal, afirma que as declarações sobre o engavetamento
do processo por nove anos não são verdadeiras. De acordo com o relator, o
processo só foi manuseado em julho de 2005, por força de uma
“inspeção”, e que, passado o feito, tudo “continuou como dantes, como se
nada houvesse sido inspecionado”. O juiz só voltou a mexer no processo
em uma nova inspeção realizada em junho de 2007, limitando-se a dizer:
“Cumpra-se o despacho último”. Em oitiva, Soleval Alves afirmou que tem
notícias que os indiciados mantinham relações pessoais com Hygino e que
frequentavam a casa de praia dele. O desembargador, no despacho, afirma
que “já não se pode afastar, de plano, a formulação de um juízo de maior
gravidade acerca da conduta daquele magistrado em ambos os episódios,
inclusive de natureza jurídico-penal”. Por isso, entende que o
Ministério Público deve ser o titular da ação penal pública contra o
magistrado, e que, ao fim da instrução, os autos sejam encaminhados ao
procurador-geral de Justiça para que tome as medidas que considere
pertinente no caso.
Fonte: Bahia Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário