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Condenação de adolescente negro de 14 anos é derrubada 70 anos após sua execução nos EUA
A juíza Carmen T. Mullen classificou o julgamento expresso ocorrido
em 1944 como "uma grande injustiça". Ela não disse que a sentença pela
morte das meninas branca estava errada, mas apontou falhas no processo.
Mullen considerou que Stinney não teve seus direitos assegurados na
formação do júri, totalmente integrado por pessoas brancas; que o
advogado apontado pelo Estado "fez pouco ou nada" para defendê-lo; e que
sua confissão pode ter sido coagida, devido à sua posição, como um
jovem negro de 14 anos interrogado por policiais brancos em uma cidade
segregada.
Em março de 1944, policiais entraram em uma casa de Alcolu em busca
de George Stinney Jr. Os pais não estavam e a irmã se escondeu no
quintal enquanto eles levavam o adolescente e o irmão mais velho,
Johnnie, algemados.
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Betty June Binnicker, de 11 anos, e Mary Emma Thames, de 8, haviam
sido encontradas espancadas e mortas com um pedaço de trilho de trem, e
Stinney e a irmã tinham sido as últimas pessoas vistas com as vítimas
ainda vivas. O irmão mais velho foi solto pela polícia, e as atenções se
concentraram em Stinney.
- Procuravam alguém para culpar. E meu irmão foi usado como bode expiatório - contou Amie Ruffner à TV americana.
O adolescente foi interrogado sem a presença dos pais ou de um
advogado. Segundo a polícia, ele confessou as mortes de Betty June e de
Mary Emma alegando que desejava ter relações sexuais com a mais velha.
Levado a julgamento, a sessão durou duas horas. Ao final de dez
minutos veio a deliberação: Stinney foi condenado em 24 de abril de 1944
a morrer na cadeira elétrica. Seu advogado decidiu não apelar. Em 16 de
junho do mesmo ano, foi executado. Companheiros de cela dizem que ele
sempre negou o crime.
O caso atormentou advogados de direitos civis por décadas, que
apontavam falta de provas e falhas no processo. A família sempre afirmou
sua inocência e que seu álibi nunca foi levado em conta: a própria
irmã, hoje com 77 anos.
Em uma audiência em janeiro, a família pediu um novo processo. Esta
semana, a juíza ouviu os depoimentos dos irmãos, uma testemunha que
participou das buscas aos corpos e especialistas que apontaram falhas no
interrogatório. Um psiquiatra forense infantil afirmou que a confissão
de Stinney não poderia ter sido levada em conta.
Jornais da época dizem que o menino era pequeno demais para a cadeira elétrica e que teve que se sentar sobre livros.
A família diz que não deseja o perdão. - Há uma diferença. O perdão é dado por algo feito - disse Norma Robinson, sobrinha de George Stinney. Em vez disso, eles querem um coram nobis, que significa que um erro foi cometido.
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