ARTIGO
Urge reagir contra posturas irresponsáveis e indignas, geradoras de danos aos cidadãos
Por Pedro Borges dos Anjos
Editor-Chefe do Jornal O Guarany
Editor-Chefe do Jornal O Guarany
Cidadãos
se calam, receosos de represálias, a maioria opta por não denunciar
crimes cometidos por marginais, especialmente, líderes de bocas de fumo,
comandantes do tráfico de drogas. Até se justifica, pois, quem
denunciar corre risco de morte.
Em outro nível, entendem não denunciar posturas esdrúxulas, de reconhecida gravidade social, geradoras de danos na
vida dos cidadãos, perpetradas por autoridades em diversas esferas dos Poderes.
Refiro-me aos três Poderes da
República: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, este último
sobretudo, protegido por poderosa redoma, em cuja súcia tem sobre seu
domínio indivíduos sem escrúpulos, sem compromissos com a honra, capazes de desencorajar e de fazer calar suas vítimas.
A voz que se levantar para combater posturas dessa natureza passa por constrangimentos e sofre danos de difícil reparação e de incalculável prejuízo aos seus valores.
Só para caracterizar dois exemplos, um de passado distante e outro mais recente: “Em
1688, o fundador do Santuário da Lapa, Francisco de Mendonça Mar, o
qual era exímio pintor foi convidado pelo governador geral do Brasil,
general Mathias da Cunha, para pintar e fazer acabamentos artísticos no
Palácio Rio Branco, em Salvador, residência do ilustre governador.
Francisco e seus auxiliares puseram-se a trabalhar. Naquela época pintar
uma casa, sobretudo um palácio governamental, era uma arte e uma
verdadeira ciência. Não existiam, no comércio, tintas prontas, como as
de hoje. O pintor deveria prepará-las, de acordo com os seus
conhecimentos e habilidades profissionais. Para adiantar os trabalhos,
Francisco entrou com o seu capital, fazendo despesas, confiando que tudo
lhe seria reembolsado pelo ilustre governador e que receberia justa
remuneração, no dia da conclusão das obras.
Finalizado,
porém, o trabalho, Francisco sofreu grande e triste desilusão. O
governador Mathias da Cunha havia falecido e o provedor-mor, encarregado
das finanças, alegando que o governo não dispunha de dinheiro, negou o
pagamento do material e da mão-de-obra de Francisco. O novo governador,
Antônio Luiz Gonçalves Câmara Coutinho, tampouco estava disposto a pagar
a dívida. As reclamações e queixas de Francisco não foram atendidas e,
ao contrário, ele e os seus empregados, companheiros de trabalho, foram
açoitados cruelmente e jogados na prisão, por 12 anos consecutivos.
Francisco,
injustiçado e preso, escreveu então, uma carta ao El-Rei de Portugal,
queixando-se da grande injustiça da qual foi vítima. A carta foi levada
pelo Conselho Ultramarino ao Rei de Portugal.
Com
toda a lentidão própria daquela época, quatro anos depois, em 1965,
El-Rei de Portugal responderia a carta, dando razão às reclamações de
Francisco de Mendonça Mar, determinando que pagassem as despesas do
material e o trabalho realizado no Palácio
Governamental de Salvador.
Enquanto
isso, a prisão se prolongava. Refletindo sobre todos aqueles
acontecimentos, recuperando-se dos golpes que tinha recebido, orando a
Deus a sua liberdade, Francisco escutava, no seu íntimo, uma voz
misteriosa, que dizia: “Não ajunte riquezas aqui na terra, onde a traça e
a ferrugem corroem, onde os ladrões assaltam e roubam, mas ajunte
riquezas no céu” (Mt 6:19-21). Busque o Calvário na Gruta...Busque o
Calvário na Gruta...
A
carta, porém não encontraria Francisco na capital do Brasil colonial,
porque Francisco escolhera servir a outro Senhor, Àquele que não engana,
que não explora, mas é justo é bom – o Senhor Bom Jesus!” , texto
extraído do livro “O Primeiro Peregrino da Lapa”, de autoria do Padre
Francisco Micek.
Aconteceu em Cachoeira/BA
O
mais recente, sem citar nomes, mas, em Cachoeira, todos vão identificar
personagens dessa história verídica, ocorrida nesta comarca. Em
concorrida eleição para prefeito do município, candidato
reconhecidamente organizado, instalou sua própria central de apuração
dos resultados das urnas, em escritório próprio, com equipamentos
capazes de registrar todos os dados. Pôs pessoas de sua inteira
confiança nos locais de cada urna eletrônica, os quais, logo o boletim
com os resultados era afixado nos mencionados locais, fossem
fotocopiados, e o resultado comunicado por telefone celular à referida
central de apuração. Assim, o candidato que projetou e executou este
plano, pôde verificar com os dados registrados em sua central de
apuração, ter sido ele o vencedor do pleito, antes mesmo do anúncio
oficial da Mesa Apuradora do Fórum Teixeira de Freitas.
Para
sua surpresa, momentos depois, ouviu e viu o concorrente com seus
seguidores comemorando a vitória nas ruas da cidade, pois, o magistrado
havia anunciado sua vitória com 25 votos de frente.
Incontinenti,
de posse dos resultados aferidos pela sua central de apuração, o
candidatode fato vencedor dirigiu-se ao Fórum, surpreendendo o
magistrado, com o resultado verdadeiro, exigindo da mencionada
autoridade a imediata correção. Ante a autoridade e rigor com que o
candidato e
verdadeiro vencedor do pleito exigia do magistrado a correção, esse não
teve outra alternativa, senão mandar apurar as urnas não contabilizadas
de propósito e anunciar o resultado, o qual foi exatamente igual ao
anunciado pela central de apuração do referido candidato.
Urge,
portanto, reação rigorosa contra posturas injustas, indignidades dessa
natureza. É preciso reagir como reagiu o candidato organizado, acima
referido. Foi reação
corajosa, acompanhada de discurso com argumentos irrepreensíveis,
convincentes e de permanente operacionalidade, sem mentiras. Assim, não
há
inverdades nem indignidades que resistam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário