Levy Fidelix tem votação recorde após discurso homofóbico
Levy Fidelix (PRTB) chocou a opinião pública após o
discurso homofóbico do último dia 28, durante o debate entre
presidenciáveis realizado pela TV Record. Muitos acreditaram que a
candidatura de Fidelix estava fadada ao fracasso após pedir que os que
concordassem com ele tivessem coragem de se expressar: “nós somos
maioria, vamos enfrentar essa minoria”, disse no episódio. No entanto,
446.878 pessoas em todo o Brasil ficaram do lado do jornalista. A
“maioria” do candidato representou 0,43% do eleitorado brasileiro.
Fidelix está acostumado a ser um candidato fora dos holofotes. Até
estas eleições, o político era mais conhecido por suas propostas
econômicas e em mobilidade urbana. Foi quando surgiu o fatídico debate
e, em resposta a Luciana Genro (PSOL), o candidato fez uma fala
agressiva em relação à homossexualidade.
“Olha, minha filha, tenho 62 anos, pelo que eu vi na vida dois iguais
não fazem filho. E digo mais, desculpe, mas aparelho excretor não
reproduz. (...) Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui
escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos,
mas ser um pai, um avô, que tem vergonha na cara, que instrua seu filho,
que instrua seu neto. E vou acabar com essa historinha”, bradou e, na
sequência, relembrou um caso de pedofilia na Igreja Católica.
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Atacado pela opinião pública e por adversários da busca pela
Presidência, Levy encontrou seu eleitorado. Fundador do PRTB, Levy
Fidelix nunca foi eleito aos cargos que disputou. Deputado, vereador,
prefeito, governador e presidente, sempre sem sucesso. Seu melhor
desempenho foi nas eleições municipais de 2012, quando conseguiu 0,32%
dos votos para a prefeitura de São Paulo.
Retrospecto
Em 1998, sua primeira disputa pelo governo do estado de São Paulo,
amargou a última colocação, com apenas 0,09% dos votos. Quatro anos
antes, pela prefeitura paulistana, foi 0,06% dos votos. Esse era o
padrão de Fidelix, dificilmente passava os 0,1%.
A candidatura à Presidência de 2010 é a comparação mais concreta.
Disputando o cargo contra outros oito políticos, Levy Fidelix terminou
na antepenúltima posição, com 0,06% dos votos – ou 57.960 eleitores.
Em 2014, Levy Fidelix não fez uma campanha tão diferente do que
costuma fazer. Focou seus esforços principalmente na região
metropolitana de São Paulo, em caminhadas, panfletagens e visitas a
obras públicas. No entanto, ganhou evidência com o a polêmica na TV
aberta.
Contra dez outros candidatos – e três campanhas que abocanharam
96,46% dos votos válidos – Levy quebrou seus próprios recordes. Alcançou
a inédita marca de 0,43% e surpreendentes 446.878 votos.
Apenas em São Paulo, seu berço político, o perretebista fez mais
votos que a soma de todo Brasil em 2010. Há quatro anos, Levy somou
57.960 votos. No domingo, em São Paulo, foram 136.206.
O Distrito Federal foi a unidade federativa que, percentualmente,
mais votou em Fidelix, com 0,97% dos votos. O Piauí, por outro lado, foi
o que menos escolheu o político, com apenas 0,13%.
Os números deram ao perretebista a sétima colocação no pleito, atrás
de Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL), ambos candidatos que
defendem a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Só a psolista
conseguiu 1.612.186 de votos, quase quatro vezes mais que Fidelix.
Motivações
A razão para que Levy Fidelix continue se candidatando após tantas
derrotas está no repasse de dinheiro vindo do fundo partidário. A
remessa é uma das principais formas dos partidos políticos financiarem
suas campanhas, principalmente as legendas de menor expressão.
Apenas em 2014, o PRTB recebeu R$ 992,2 mil – 0,43% dos R$ 231,1
milhões destinados ao fundo neste ano. Ao todo, 32 partidos recebem a
verba, que provém, principalmente, de multas e penalidades aplicadas sob
o Código Eleitoral. O valor varia de acordo com a representatividade da
legenda. Quanto mais eleitos na Câmara dos Deputados, maior o repasse
do governo. Desde 1996, ano da fundação do PRTB, R$ 6,1 milhões entraram
no caixa do partido.
Confira os números de Levy Fidelix nas eleições passadas:
2014 – Presidente: 0,43% (446.878 votos)
2012 – Prefeitura de São Paulo: 0,32% (19.800 votos)
2010 – Presidente: 0,06% (57.960 votos)
2008 – Prefeitura de São Paulo: 0,09% (5.518 votos)
2006 – Deputado Federal por São Paulo: 0,03% (6.149 votos)
2004 – Vereador por São Paulo: 0,057% (3.382 votos)
2002 – Governo do estado de São Paulo: 0,04% (8.654 votos)
1998 – Governo do estado de São Paulo: 0,09% (14.406 votos)
1996 – Prefeitura de São Paulo: 0,06% (3.608 votos)
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