Globo e Fifa envolvidas em gigantesca fraude fiscal, segundo processo da Receita
O jornalista Miguel do Rosário revela, em primeira mão no site O Cafezinho,
detalhes do processo em que o maior conglomerado de mídia do país é
investigado por sonegação de impostos, evasão de divisas e formação de
quadrilha. Os autos desapareceram da Receita Federal há cerca de um ano
mas, agora, uma cópia ipsis literis reapareceu e vazou para a internet.
A transação, que pressupõe a existência de uma quadrilha
internacional, simula negócios para permitir que a operação verdadeira –
a compra dos direitos de transmissão para o Brasil dos jogos da Copa de
2002, realizada no Japão e Coreia do Sul – significasse uma gigantesca
evasão de impostos. Os valores, reajustados, ultrapassam a casa de R$ 1
bilhão, sem contar as transações ainda obscuras que podem estar
envolvidas na cessão da autorização de exclusividade da Fifa para o
televisionamento do Mundial. A transmissão da Copa do Mundo de 2014
também foi exclusiva deste grupo de mídia, que conta com recursos
públicos do governo federal.
Leia, a seguir, o resumo dos fatos que o jornalista Fernando Brito publicou nesta quinta-feira, no site Tijolaço,
com base nas provas contidas no processo que agora reaparece, “embora
duvide que o Ministério Público vá tomar qualquer atitude”, desconfia
Brito.
“A Fifa entregou a International Sports Media and Marketing, um braço
da conhecida ISL, que foi indiciada na Justiça suíça por fraudes e
falsificação de documentos.
“A ISMM vendeu, em 29 de junho de 1998, à TV Globo e a Globo Overseas, empresa da Globo na Holanda, os direitos de transmissão daquela Copa em oito parcelas, a última a vencer em 2002.
“Quem pagou foi a Globo Overseas, repito, sediada na Holanda, mas
controlada integralmente pela Globinter, uma empresa de fachada, que
funcionava numa caixa postal nas Antilhas Holandesas, paraíso fiscal no
Caribe.
“A Globinter, por sua vez, é controlada pela Globo Radio, empresa das Ilhas Cayman, adivinhe, um paraíso fiscal.
“Pagou com dinheiro supostamente tomado de uma tal Power Company, com sede no Uruguai. Que é, por sua vez, propriedade da holding Globopar (controladora) da TV Globo.
“Não se perca, calma.
“Aí a Globinter, das Antilhas Holandesas, cria uma nova empresa, em
outro paraíso fiscal, as Ilhas Virgens Britânicas, a Empire Investment
Group, integralizando o capital com os direitos de transmissão da Copa.
“Como a Globinter é dona da Globo Overseas, pôde passar os direitos à Empire.
“A Globinter, então, “vende” a Empire à TV Globo ao Brasil e, com isso, vão os direitos televisivos.
“A Empire some do mapa.
“E a Globo forma uma nova empresa no Brasil, a GEE Ltda, que tem como capital estes mesmos direitos.
“Vende, então, 30% destes direitos, na forma de participação
societária na GEE, para a Globosat, que controla seus canais de TV a
cabo.
“E a GEE também morre e seu espólio, a transmissão da Copa,
finalmente fica, oficialmente, nas mãos da TV Globo e da Globosat
(cabo).
“Para que todo este transeté no molho do piqueretê de faz-desfaz-compra-vende de empresas?
“Para remeter, à guisa de empréstimos, adiantamentos e compras de
cotas de capital nestas empresas de fachada os recursos com os quais se
compraram estes direitos de transmissão da Copa.
“Ou seja, para produzir uma fraude fiscal de R$ 615 milhões, na época, ou R$ 1,2 bilhão, hoje.
“Mas, como o Brasil é um país iluminado, um belo dia uma escriturária
da Receita Federal, sem mais nem porquê, volta de suas férias na
repartição e rouba o processo contra a Globo.
“Por nada, por nada, só porque lhe deu na telha.
“E o nosso Ministério Público, nossa mídia e nosso Judiciário se satisfazem com essa explicação.
“Só os blogueiros sujos, estes recalcados, não se conformam com essa conversa.
Conheça, a seguir, os documentos:
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