Pré-candidato ao governo do Rio, Garotinho é acusado de tramar ataques do tráfico juntamente com o pastor Marcos Pereira
O deputado federal Anthony Garotinho (PR), pré-candidato ao governo
do Rio de Janeiro, está sendo acusado de ter orquestrado uma onda de
violência nas comunidades cariocas para atrapalhar a reeleição de Sérgio
Cabral (PMDB) em 2010, juntamente com o pastor Marcos Pereira.
A denúncia veiculada pela revista Época diz que na madrugada do dia
03 de outubro de 2010, a poucas horas da eleição, Marcos Pereira e
outros líderes da Assembleia de Deus dos Últimos Dias (ADUD) teriam se
reunido com Anthony Garotinho e definido que pediriam a traficantes da
Vila Cruzeiro para efetuar ataques em diversos locais da cidade.
O relato acima foi feito por Alex Ramos de Mesquita, ex-funcionário
do pastor Marcos Pereira, à Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) e
mantido sob segredo de Justiça. O deputado Garotinho não respondeu às
perguntas da reportagem sobre ter ou não participado da reunião com Marcos Pereira.
Em 2010, quatro dias após as eleições, Garotinho – já eleito deputado
federal – publicou em seu blog um artigo que previa uma onda de
violência na cidade: “A farsa da pacificação acabou. Agora, salve-se
quem puder e que Deus nos proteja”. Poucos dias depois, arrastões e
tiroteios começaram a acontecer, e no final do mês de novembro, o Rio de
Janeiro já enfrentava uma das piores crises de segurança pública dos
últimos anos, com carros e ônibus incendiados e mais de 30 mortos.
O mote da campanha de reeleição de Sérgio Cabral era uma política de
segurança pública que previa o enfrentamento do tráfico. A testemunha
que depôs à DCOD disse que Marcos Pereira recebia dinheiro dos
traficantes para realizar cultos nas comunidades, valores que variavam
entre R$ 25 mil e R$ 35 mil, e temia perder a renda caso Cabral se
reelegesse e enfraquecesse o tráfico.
O Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro fez gravações com
autorização da Justiça e diz que o pastor Marcos, “sob o manto de
aconchego espiritual”, foi mensageiro de ordens cifradas, repassadas a
bandidos em liberdade para efetuarem ações contra “a implantação da
política de pacificação, a ocupação pela PM de favelas dominadas pelo
tráfico”.
A defesa do pastor Marcos nega a ligação do líder da ADUD com o
tráfico de drogas e com a trama contra a pacificação: “É absurdo e chega
às raias da leviandade”, afirmam os advogados.
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