POLÍCIA EM GREVE!
SAMUEL CELESTINO
A
inesperada greve da Polícia Militar que surpreendeu a população gerou
em Salvador, uma cidade tida como das mais violentas do mundo, uma
situação convulsa e preocupante, além de disseminar o medo. Sem
policiamento, com as eleições se aproximando, o governo Wagner foi
atingido por uma flecha envenenada. A gestão atravessa dificuldades
financeiras. Isso não significa nenhuma novidade. Mas é fato que, para a
população de maneira geral, a grave da PM surpreendeu os moradores da
cidade, e, ainda, há ameaças que rondam o Sindicato dos Professores, que
reivindica melhores condições. Há um pânico disseminado, com boatos em
sequência sobre quebra-quebra e saques em lojas. A maioria não se
confirma. O governo não esperou, com nas greves anteriores, notadamente
da PM, para solicitar a Força Nacional, o que não resolverá a questão
porque temos uma cidade com quase três milhões de habitantes, que
cresceu sem planejamento o que dificulta qualquer ação. Salvador parece
antecipar a Semana Santa, que, por ora, nada tem de santa e, sim, do
medo que se espraia pelos bairros; com as escolas fechadas por
prevenção. Ademais, o governador montou uma chapa eleitoral para a
disputa de outubro e nada surpreenderá se seus candidatos forem
atingidos pelas consequências do movimento grevista, dificultando-o na
esperança de fazer seu sucessor. Trata-se, evidentemente, de uma
suposição, mas nada fora de uma preocupação que também está presente no
governo. Se a greve tiver um fim rápido, menos mal. Mas o governo terá
que honrar o que for negociado sob pena de um novo movimento paredista
explodir nas proximidades da Copa do Mundo, o que seria um desastre. A
situação do governo baiano é mesmo difícil. As negociações acontecem há,
nada menos, de nove meses. É tão grave que na primeira assembleia dos
policiais militares já não havia o que discutir, senão anunciar a greve
geral que, mais uma vez, gera convulsão na cidade de Salvador
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