sexta-feira, 4 de abril de 2014

EM CACHOEIRA/BAHIA

Santa Casa 
de Misericórdia da Cachoeira

Iniciativa da família real, a tricentenária Santa Casa de Misericórdia da Cachoeira é uma das mais antigas do Brasil. É proprietária de amplo patrimônio, entre imóveis comerciais e residenciais, obras de arte, igrejas, cemitérios,além de valiosos bens em equipamentos que ornam suas instalações nos seculares pavilhões edificados no mais amplo e valioso quarteirão da Cidade Histórica e Monumento Nacional.


O Patrimônio & a Renda

Imóveis alugados a custo pífio
Imóveis residenciais e comerciais, que há anos a Mesa Diretora da Santa Casa preserva com inquilinos históricos, cuja posse opera-se numa sucessão que passa de pai para filho e outros familiares. São tantos os anos de permanência dos inquilinos nos mencionados imóveis que dá a impressão de serem seus legítimos proprietários.

Imóveis em comodato
São os imóveis, antes em estado de pré-ruína, mal-preservados, a Mesa Diretora passou a posse para terceiros pela figura do comodato por prazos reconhecidamente históricos - 20 e 25 anos - com a reciprocidade que apenas incide na reforma e preservação do bem, sem que durante anos sucessivos, receba um centavo sequer pela ocupação. Para citar dois exemplos, destacam-se o amplo prédio da Rua da Matriz, bem ao lado da sede da Prefeitura, ocupado pela UFRB, no qual está instalada a diretoria geral do seu Centro de Artes, Humanidades e Letras; o secular imóvel situado na Rua Rui Barbosa, antiga sede do inesquecível Serviço de Alto Falantes A Voz da Primavera, do saudoso radialista Elias Cardoso, hoje integralmente reformado com instalações modernas é a sede de movimentada Clínica Médica.

Solares históricos, sobrados seculares de amplas dimensões que integram o patrimônio da Santa Casa, durante sucessivos anos, pareciam e é assim até hoje, ser imóveis de propriedade legítima dos que neles habitavam e ainda ocupam. 
Nestes sobrados de reconhecido valor cultural e histórico não permanecem quaisquer sinais ou indicações que pertençam à Santa Casa de Misericórdia. Rara é a residência em cuja porta haja um sinal que indique ser propriedade da Santa Casa, a exemplo do espaçoso sobrado situado na Rua 13 de Maio, antiga residência do saudoso médico Aurelino Saraphim dos Anjos, atual sede da ONG A Cidadã. Ressalte-se também outros imensos sobrados, em cujos espaços, além de residências, exploram-se serviços.

O Acervo
Restaurado Recentemente

A ATA IMPERIAL, assinada por D Pedro II, quando da sua visita Cachoeira e a Santa Casa em 1859.
BRASÃO da Santa Casa, contendo as datas da fundação do Hospital São João de Deus e a da elevação a condição de Santa Casa de Misericórdia.
MEMORIAL E SALA DA PROVEDORIA onde estão instaladas peças do antigo mobiliário, lavatório, quadros com a planta do Cemitério da Piedade, potes de louça que eram utilizados pela farmácia do próprio hospital, etc.
ACERVO da instituição foi catalogado pela Universidade Estadual de Feira de Santana em 1998, pelo Projeto Fontes e Acervos para a História do Recôncavo, financiado pela própria UEFS, coordenado pelos professores Lucilene Reginaldo, Rinaldo Leite, Wlamyra Albuquerque.
Em 2012, a Profª Angela Santana cuidou da revisão do acervo, propiciando novo acondicionamento, inserção de 24 livros e diversos documentos avulsos e recomposição de alguns livros. O acervo contém documentos da própria Instituição e de coirmãs, sediadas em Amargosa, Feira de Santana, Rio de Janeiro, etc. O seu mais antigo documento é datado de 1739, a saber, o Compromisso da Misericórdia de Lisboa, onde estão registrados os Compromissos da Santa Casa que devem ser cumpridos por todos os Irmãos.

SALA DE PESQUISA é um espaço destinado ao pesquisador. GALERIA DOS PROVEDORES, instalada no Salão Nobre, é uma homenagem prestada aos Provedores dos séculos XX e XXI. As fotos contém nome e período de provedoria de cada um, fazendo-se assim uma pequena homenagem a estas pessoas que contribuíram para a sustentação e engrandecimento da instituição. Foram também instalados quadros com o nome e data de atuação de todos os Provedores,desde o primeiro por todo o século XIX, até o atual.

Visitante ilustre
Dom Bertrand de Orleans e Bragança


Prof. Pedro Borges, Profa. Iolanda Pereira Gomes e o saudoso médico Dr. Vitor Rosas, integrantes do movimento de retorno da Monarquia no Brasil, militantes do Partido Monarquista, trouxeram à Cachoeira, em fevereiro de 1993, Dom Bertrand de Orleans de Bragança, príncipe imperial do Brasil, o segundo na linha de sucessão ao trono, no período da campanha para plebiscito, que incluiu também a opção pela Monarquia, em cujo pleito venceu o atual regime republicano presidencialista. O visitante ilustre e sua comitiva foram recebidos pelos organizadores acima mencionados, na entrada da Ponte Dom Pedro II, em seguida, rumaram a pé para a Câmara Municipal, em  cujo saguão, o Prof. Pedro Borges fez o discurso de saudação ao príncipe. Após o discurso do príncipe, todos se dirigiram à Santa Casa de Misericórdia, onde o herdeiro do Trono Real visitou as instalações do Hospital São João de Deus e assinou o livro de visitantes ilustres, e pôde ver a assinatura do seu trisavô Dom Pedro II, na Ata Imperial, quando de sua visita à Cachoeira, em 1859.

Entrevista

Entrevista com Prof. Juracy Rocha, o novo provedor da Santa Casa de Misericórdia da Cachoeira

Por Tássio Santos
Universitário do curso de Jornalista e Comunicação Social do CAHL da UFRB, estagiário no Jornal O Guarany

O Guarany: Quando o senhor assumiu o cargo de provedor?                    
Juracy Rocha:No dia 10 de março de 2014. 
 
O Guarany: A receita mensal da Santa Casa cobre as despesas da Instituição?
Juracy Rocha: Sim, mas com relação a despesas extras, o dinheiro não é suficiente para os gastos. No mínimo, a Santa Casa deveria receber mais R$100 mil.
O Guarany: Sabe-se que a Santa Casa é proprietária de inúmeros imóveis na cidade. Qual o montante mensal proveniente dos aluguéis de seus imóveis?
Juracy Rocha: Teoricamente, a Santa Casa deveria receber mensalmente R$40 mil referente a aluguéis de imóveis de sua propriedade pela cidade. Mas nem todos os locatários têm o compromisso de pagar em dia, de maneira que só rende em torno de R$6 mil por mês.
O Guarany: Quais e quantos são os imóveis da Santa Casa que estão em posse de terceiros sob o regime de comodato e por quanto tempo?
Juracy Rocha: Dos 100 imóveis, 99 estão alugados, há muito tempo.
 
 
O Guarany: Como se dá o ingresso de novos membros para fazer parte do quadro de irmãos da Santa Casa?
Juracy Rocha: Apenas convidados podem fazer parte do quadro de irmãos da Santa Casa.
O Guarany: Qual o maior desafio para o senhor como novo provedor da Santa Casa?
Juracy Rocha: A população cachoeirana precisa voltar a acreditar no trabalho do hospital. Muitas mulheres saem de Cachoeira para dar a luz em São Félix, por exemplo, entretanto o hospital de nossa Santa Casa possui estrutura suficiente para receber pacientes dessa natureza. Este é um dos desafios, fazer com que o hospital volte a ter credibilidade frente à população da cidade e região. Outro desafio é quitar todas as dívidas que a Santa Casa possui. Para isso, algumas medidas estão sendo tomadas para aumentar a renda mensal. Vamos sugerir, por exemplo, que a UFRB faça um convênio com a Santa Casa para atender seus estudantes.

O Guarany: Recentemente, o hospital da Santa Casa foi contemplado com equipamentos modernos que passaram a integrar  sua estrutura de URGÊNCIA/EMERGÊNCIA. O governo do Estado investiu, através de convênio, R$1 milhão e 300 mil para requalificação de áreas, aquisição de equipamentos, como ventilador pulmonar-mecânico, monitor multiparamétrico, sistema de anestesia completo, foco cirúrgico, aparelho de raio X, etc. O hospital está equipado. Há médicos, enfermeiras, auxiliares e servidores bastantes e treinados para recepcionar e atender pacientes 24h por dia?
Juracy Rocha:A Santa Casa ainda não está devidamente equipada. O governo do Estado investiu na ampliação e equipamentos, mas há outros problemas na infraestrutura. E sobre os profissionais, não falta médico para atender  cerca de 120 pessoas que são recebidas diariamente, só  faltam mais médicos especialistas.
O Guarany: Para finalizar, que mensagem o senhor tem para a comunidade cachoeirana e da região, o que se deve esperar de sua administração como provedor da Santa Casa de Misericórdia da Cachoeira?
Juracy Rocha:“Esperamos que as propostas sejam vitoriosas e que volte a atender dignamente a população cachoeirana.”

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