Iniciativa da família real, a tricentenária
Santa Casa de Misericórdia da Cachoeira é uma das mais antigas do Brasil. É proprietária
de amplo patrimônio, entre imóveis comerciais e residenciais, obras de arte,
igrejas, cemitérios,além de valiosos bens em equipamentos que ornam suas
instalações nos seculares pavilhões edificados no mais amplo e valioso
quarteirão da Cidade Histórica e Monumento Nacional.
O Patrimônio & a Renda
Imóveis alugados a custo pífio
Imóveis residenciais e comerciais, que há
anos a Mesa Diretora da Santa Casa preserva com inquilinos históricos, cuja
posse opera-se numa sucessão que passa de pai para filho e outros familiares.
São tantos os anos de permanência dos inquilinos nos mencionados imóveis que dá
a impressão de serem seus legítimos proprietários.
Imóveis em comodato
São os imóveis, antes em estado de
pré-ruína, mal-preservados, a Mesa Diretora passou a posse para terceiros pela
figura do comodato por prazos reconhecidamente históricos - 20 e 25 anos - com
a reciprocidade que apenas incide na reforma e preservação do bem, sem que
durante anos sucessivos, receba um centavo sequer pela ocupação. Para citar dois
exemplos, destacam-se o amplo prédio da Rua da Matriz, bem ao lado da sede da
Prefeitura, ocupado pela UFRB, no qual está instalada a diretoria geral do seu
Centro de Artes, Humanidades e Letras; o secular imóvel situado na Rua Rui
Barbosa, antiga sede do inesquecível Serviço de Alto Falantes A Voz da
Primavera, do saudoso radialista Elias Cardoso, hoje integralmente reformado
com instalações modernas é a sede de movimentada Clínica Médica.
Solares históricos, sobrados seculares
de amplas dimensões que integram o patrimônio da Santa Casa, durante sucessivos
anos, pareciam e é assim até hoje, ser imóveis de propriedade legítima dos que
neles habitavam e ainda ocupam.
Nestes sobrados de reconhecido valor
cultural e histórico não permanecem quaisquer sinais ou indicações que
pertençam à Santa Casa de Misericórdia. Rara é a residência em cuja porta haja
um sinal que indique ser propriedade da Santa Casa, a exemplo do espaçoso sobrado
situado na Rua 13 de Maio, antiga residência do saudoso médico Aurelino
Saraphim dos Anjos, atual sede da ONG A Cidadã. Ressalte-se também outros
imensos sobrados, em cujos espaços, além de residências, exploram-se serviços.
O Acervo
Restaurado Recentemente
A ATA IMPERIAL, assinada por D Pedro II,
quando da sua visita Cachoeira e a Santa Casa em 1859.
BRASÃO da Santa Casa, contendo as datas
da fundação do Hospital São João de Deus e a da elevação a condição de Santa
Casa de Misericórdia.
MEMORIAL E SALA DA PROVEDORIA onde estão
instaladas peças do antigo mobiliário, lavatório, quadros com a planta do
Cemitério da Piedade, potes de louça que eram utilizados pela farmácia do
próprio hospital, etc.
ACERVO da instituição foi catalogado
pela Universidade Estadual de Feira de Santana em 1998, pelo Projeto Fontes e
Acervos para a História do Recôncavo, financiado pela própria UEFS, coordenado
pelos professores Lucilene Reginaldo, Rinaldo Leite, Wlamyra Albuquerque.
Em 2012, a Profª Angela Santana cuidou
da revisão do acervo, propiciando novo acondicionamento, inserção de 24 livros
e diversos documentos avulsos e recomposição de alguns livros. O acervo contém
documentos da própria Instituição e de coirmãs, sediadas em Amargosa, Feira de
Santana, Rio de Janeiro, etc. O seu mais antigo documento é datado de 1739, a
saber, o Compromisso da Misericórdia de Lisboa, onde estão registrados os
Compromissos da Santa Casa que devem ser cumpridos por todos os Irmãos.
SALA DE PESQUISA é um espaço destinado ao
pesquisador. GALERIA DOS PROVEDORES, instalada no
Salão Nobre, é uma homenagem prestada aos Provedores dos séculos XX e XXI. As
fotos contém nome e período de provedoria de cada um, fazendo-se assim uma
pequena homenagem a estas pessoas que contribuíram para a sustentação
e engrandecimento da instituição. Foram também instalados quadros com o nome e
data de atuação de todos os Provedores,desde o primeiro por todo o século XIX,
até o atual.
Visitante ilustre
Prof. Pedro
Borges, Profa. Iolanda Pereira Gomes e o saudoso médico Dr. Vitor Rosas,
integrantes do movimento de retorno da Monarquia no Brasil, militantes do Partido
Monarquista, trouxeram à Cachoeira, em fevereiro de 1993, Dom Bertrand de
Orleans de Bragança, príncipe imperial do Brasil, o segundo na linha de
sucessão ao trono, no período da campanha para plebiscito, que incluiu também a
opção pela Monarquia, em cujo pleito venceu o atual regime republicano
presidencialista. O visitante ilustre e sua comitiva foram recebidos pelos
organizadores acima mencionados, na entrada da Ponte Dom Pedro II, em seguida,
rumaram a pé para a Câmara Municipal, em
cujo saguão, o Prof. Pedro Borges fez o discurso de saudação ao
príncipe. Após o discurso do príncipe, todos se dirigiram à Santa Casa de
Misericórdia, onde o herdeiro do Trono Real visitou as instalações do Hospital
São João de Deus e assinou o livro de visitantes ilustres, e pôde ver a
assinatura do seu trisavô Dom Pedro II, na Ata Imperial, quando de sua visita à
Cachoeira, em 1859.
Entrevista
Entrevista
Entrevista com Prof. Juracy Rocha, o novo
provedor da Santa Casa de Misericórdia da Cachoeira
Por Tássio Santos
Universitário do curso de Jornalista e
Comunicação Social do CAHL da UFRB, estagiário no Jornal O Guarany
O Guarany: Quando o senhor assumiu o
cargo de provedor?
Juracy Rocha:No dia 10 de março de 2014.
O Guarany: A receita mensal da Santa
Casa cobre as despesas da Instituição?
Juracy Rocha: Sim, mas com relação a
despesas extras, o dinheiro não é suficiente para os gastos. No mínimo, a Santa
Casa deveria receber mais R$100 mil.
O Guarany: Sabe-se que a Santa Casa é
proprietária de inúmeros imóveis na cidade. Qual o montante mensal proveniente
dos aluguéis de seus imóveis?
Juracy Rocha: Teoricamente, a Santa Casa
deveria receber mensalmente R$40 mil referente a aluguéis de imóveis de sua
propriedade pela cidade. Mas nem todos os locatários têm o compromisso de pagar
em dia, de maneira que só rende em torno de R$6 mil por mês.
O Guarany: Quais e quantos são os imóveis da Santa
Casa que estão em posse de terceiros sob o regime de comodato e por quanto tempo?
Juracy Rocha: Dos 100 imóveis, 99 estão alugados, há muito tempo.
O Guarany: Como se dá o ingresso de
novos membros para fazer parte do quadro de irmãos da Santa Casa? Juracy Rocha: Dos 100 imóveis, 99 estão alugados, há muito tempo.
Juracy Rocha: Apenas convidados podem
fazer parte do quadro de irmãos da Santa Casa.
O Guarany: Qual o maior desafio para o
senhor como novo provedor da Santa Casa?
Juracy Rocha: A população cachoeirana
precisa voltar a acreditar no trabalho do hospital. Muitas mulheres saem de
Cachoeira para dar a luz em São Félix, por exemplo, entretanto o hospital de
nossa Santa Casa possui estrutura suficiente para receber pacientes dessa
natureza. Este é um dos desafios, fazer com que o hospital volte a ter credibilidade
frente à população da cidade e região. Outro desafio é quitar todas as dívidas
que a Santa Casa possui. Para isso, algumas medidas estão sendo tomadas para
aumentar a renda mensal. Vamos sugerir, por exemplo, que a UFRB faça um
convênio com a Santa Casa para atender seus estudantes.
O Guarany: Recentemente, o hospital da
Santa Casa foi contemplado com equipamentos modernos que passaram
a integrar sua estrutura de
URGÊNCIA/EMERGÊNCIA. O governo do Estado investiu, através de convênio, R$1
milhão e 300 mil para requalificação de áreas, aquisição de equipamentos, como
ventilador pulmonar-mecânico, monitor multiparamétrico, sistema de anestesia
completo, foco cirúrgico, aparelho de raio X, etc. O hospital está equipado. Há
médicos, enfermeiras, auxiliares e servidores bastantes e treinados para
recepcionar e atender pacientes 24h por dia?
Juracy
Rocha:A Santa Casa ainda não está devidamente equipada. O governo do Estado
investiu na ampliação e equipamentos, mas há outros problemas na infraestrutura.
E sobre os profissionais, não falta médico para atender cerca de 120 pessoas que são recebidas diariamente,
só faltam mais médicos especialistas.
O Guarany: Para finalizar, que mensagem
o senhor tem para a comunidade cachoeirana e da região, o que se deve esperar
de sua administração como provedor da Santa Casa de Misericórdia da Cachoeira?
Juracy Rocha:“Esperamos que as propostas
sejam vitoriosas e que volte a atender dignamente a população cachoeirana.”
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