Partidos que integram o chamado “blocão” – capitaneados por um segmento do PMDB – impuseram, nesta quarta-feira, uma derrota significativa à base do governo na Câmara, com a aprovação de requerimentos de convite e convocação de ministros do governo Dilma Rousseff. O enfrentamento ocorre apenas alguns dias após os principais líderes da legenda que detém a Vice-presidência da República ratificarem a aliança com o PT.
A maior parte dos requerimentos foi aprovada na Comissão de
Fiscalização Financeira e Controle, mesmo com posição contrária do
partido do governo, que
teve número insuficiente para deter a ação dos opositores. O colegiado
conseguiu assegurar a convocação dos ministros das Cidades, Aguinaldo
Ribeiro; do Trabalho e Emprego,
Manoel Dias; da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto
Carvalho; e da Controladoria Geral da União, Jorge Hage.
Ribeiro deverá ser ouvido sobre
o andamento das obras de mobilidade urbana, a resolução do Contran que
obriga as autoescolas a utilizarem simuladores de direção, além da
sistemática utilizada pela pasta para os empenhos de emendas
parlamentares. Os demais três ministros vão prestar informações sobre
denúncias de envolvimento em irregularidades de ONGs que mantêm relação com os ministérios.
Temperatura máxima
Para o deputado José Guimarães (PT-CE), a relação de conveniência na base chegou à temperatura máxima e, segundo ele, esse não é o melhor caminho.
-A oposição aproveita esse momento de tensão na base para convocação de ministros. Mas entendo que essas convocações têm objetivos políticos e a oposição está jogando esse jogo – disse.
Guimarães acrescentou que em nenhum momento o governo se opôs a vinda de ministros à Câmara.
-O governo não tem nenhum problema em mandar o ministro para discussão na Casa. Faz parte do jogo democrático – acrescentou, reconhecendo que é preciso acertar a relação na base.
O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), autor de alguns dos requerimentos aprovados, afirmou que a vida do alto escalão do governo vai ser uma oportunidade para debater diversos temas com importância atualmente.
-Vamos discutir a crise energética, a suposta corrupção na Petrobras, a contratação dos médicos cubanos. Temos uma grande quantidade de temas relevantes – disse.
Em relação aos desentendimentos na base do governo, Mendonça Filho observou que a “temperatura” na Casa nunca esteve tão alta.
-O governo perdeu o controle da sua base no Parlamento. O nível de
beligerância envolvendo partidos da base é forte e isso vai repercutir
no dia a dia da casa – avalia.
Convites
Alguns dos requerimentos de convite previam originalmente a
convocação, o que torna a vinda do ministro obrigatória, mas foram
alterados após acordo com o governo. Também foram aprovados os seguintes convites nesta quarta-feira: Na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática: aos
ministros da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp; e das
Comunicações, Paulo Bernardo, para falar sobre as ações realizadas em
2013 e planejadas para 2014. As duas audiências foram solicitadas pelo
deputado Sandro Alex (PPS-PR).
Na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da
Amazônia: ao ministro da Integração Nacional, Francisco José Coelho
Teixeira, para falar sobre os programas da sua pasta. O convite foi
proposto pelo deputado Domingos Neto (Pros-CE).
Na Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio: ao ministro de
Minas e Energia, Edison Lobão, para prestar esclarecimentos sobre a
crise no sistema elétrico brasileiro. O convite foi proposto pelo
deputado Mandetta (DEM-MS).
Na Comissão de Viação e Transportes: ao ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Moreira Franco, para apresentar a situação atual da secretaria e os projetos futuros para promover a modernização do setor aéreo. O convite foi proposto pelo deputado Washington Reis (PMDB-RJ).
Na Comissão de Seguridade Social e Família: ao ministro da Saúde,
Arthur Chioro, para apresentar as diretrizes e programas prioritários do
ministério. O convite foi proposto pela deputada Érika Kokay (PT-DF).
Fonte: Correio do Brasil (hoje).
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