Planalto tenta convencer Eduardo Cunha a apoiar Marco Civil da Internet
Chefe de um levante na base aliada contra a presidenta Dilma Rousseff, o líder da bancada do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), será recebido por ministros, no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, para negociar pontos do Marco Civil da Internet. O governo pediu que o projeto de lei fosse retirado de pauta, com medo de ser derrotado no plenário da Câmara.
Cunha atua como principal agente do forte lobby promovido pelas empresas de telecomunicações contra o projeto do qual é relator o deputado Alessandro Molón (PT-RJ). Se não conseguir mudar
a posição do parlamentar, o Planalto já admite retirar o caráter de
urgência na tramitação da matéria, que é o primeiro item da pauta de
votações do plenário da Câmara para a próxima semana.
Dilma, se abrir mão da
matéria, terá sofrido sua terceira derrota para o chamado ‘blocão’ –
grupo parlamentar liderado por Cunha e parte do PMDB que reúne partidos
aliados insatisfeitos com o governo.
Na terça e na quarta, o ‘blocão’ aprovou a criação de comissão para
acompanhar investigações sobre supostas irregularidades na Petrobras,
além de chamar dez dos 39 ministros para dar explicações ao Congresso.
Cunha adiantou a jornalistas que, na segunda-feira, irá se reunir com os
ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo
(Justiça), principal articulador do Marco Civil da Internet. O Planalto,
no entanto, afirma que a reunião será com Cardozo, Ideli Salvatti
(Relações Institucionais) e o vice-presidente Michel Temer, chamado para
tentar controlar o aliado.
- É claro que vamos procurar distensionar o clima, não tem sentido ficar com esse clima beligerante o tempo todo – disse Cunha.
Para o líder peemedebista seria uma “boa estratégia” o governo retirar o regime de urgência do Marco Civil da Internet. O projeto é tratado com prioridade pelo Planalto porque Dilma pretendia apresentá-lo na conferência internacional sobre governança na internet que o Brasil sediará em abril.
Hoje, dos oito partidos governistas que integravam o ‘blocão’,
permanecem apenas quatro: uma parcela do PMDB, PR, PTB e PSC. Na próxima
terça-feira, o PR deve formalizar a saída
do ‘blocão’. O Planalto tem sinalizado que vai atender demandas antigas
da legenda, como o preenchimento de cargos no segundo escalão do
Ministério dos Transportes, que é da cota do partido, além de nomeações
no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. O PTB reivindica a presidência de uma estatal.
Segundo o
secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto
Carvalho, a rebeldia de parte do PMDB contra Dilma guarda um “certo jogo de cena” e que a tendência é que os ânimos sejam arrefecidos nas próximas semanas.
- É um pouco de jogo de cena, um pouco do teatro político, digamos assim, que é natural - conclui.
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