Pasadena: Ex-conselheiro da Petrobras,
Wagner diz que não tinha função de ler contrato integral
Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias
Depois de pedir aos assessores um copo d’água na sede da
Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), o governador
Jaques Wagner aceitou comentar, nesta sexta-feira (21), as últimas
informações sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, pela
Petrobras. Em 2006, ano de concretização do negócio, investigado pelo
Tribunal de Contas da União, o Ministério Público do Rio e a Polícia
Federal, o petista era membro do conselho da estatal, então presidido
por Dilma Rousseff, e votou a favor da aquisição de 50% da unidade,
inicialmente orçada em US$ 360 milhões. Uma cláusula denominada “Put
Option”, presente no contrato da transação, elevou, em 2012, a bagatela
para US$ 820,5 milhões após uma briga judicial com a belga Astra Oil,
que determinou, à empresa brasileira, a obtenção das ações
remanescentes. Em entrevista ao Bahia Notícias, o chefe do Executivo
baiano afirmou que analisou um “relatório executivo” sobre a compra,
baseado em “critérios estratégicos”. “A primeira decisão foi em
fevereiro ou março de 2005, quando uma avaliação do crescimento da
estatal concluiu que era importante o posicionamento no mercado
americano. Até fevereiro de 2006, foram estudadas possibilidades e
apareceu essa refinaria. Nós votamos que era importante concretizar a
aquisição e, então, foi produzido um contrato de 3 mil páginas, que tem
inúmeras clausulas. Eu não conheço todas, nem era para conhecer porque,
em uma estrutura como a da Petrobras, há filtros desde as gerências até o
conselho de administração”, relatou, antes de acrescentar: "Quem sabe o
que é um conselho de administração sabe que ele não vai ler documento
de 3 mil páginas. Ele toma uma decisão estratégica".
A refinaria de Pasadena, no Texas, EUA (Foto: Divulgação)
Nesta quinta (20), a líder nacional afirmou, em nota pública,
que apoiou a aquisição da refinaria porque recebeu “informações
incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. À noite, ao
Jornal Nacional, da TV Globo, o ex-presidente da petroleira e atual
secretário de Planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli, contradisse
os argumentos de Dilma, ao considerar que a cláusula “Put Option” é
comum em comércio de companhias. "A Put Option é uma cláusula comum nas
aquisições de empresas porque ela reflete apenas o direito de quem está
vendendo, em determinadas circunstâncias, de vender para o outro. Em
geral, em todas as aquisições, quando você compra uma participação
acionária, você leva em conta a possibilidade de vender depois. Então,
você cria mecanismos para isso, do ponto de vista contratual", explicou o
auxiliar de Wagner. Questionado sobre um possível mal estar entre
Gabrielli e a gestão petista após as declarações, o governador negou
desgastes e uma eventual demissão, já especulada, do dirigente da pasta.
“Cada um externa sua opinião. Ele continua até 31 de dezembro”,
resumiu. O chefe do Palácio de Ondina defendeu ainda a transação, ao
alegar que, na época do acordo, ela atendia a uma demanda da empresa e
se ajustava ao contexto econômico. “Você trabalha com cenários. No
traçado de 2006, foi uma compra baseada em cima do desenvolvimento
estratégico. Veio 2008, cresceu o mercado brasileiro e houve crise no
mercado americano. Evidentemente, o cenário mudou”, avaliou. Na noite
desta sexta, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor
Cuñat Cerveró, apontado como um dos responsáveis pela produção do
relatório que motivou a compra, foi exonerado do cargo de administrador financeiro da subsidiária BR Distribuidora.
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