A mulher no conSerto das nações
Nenhuma ação humana pode decisivamente
progredir sem o auxílio, reservado ou público, das mulheres. A História está
repleta de comprovações.
Paiva Netto*
Prezadas leitoras e leitores, antes de
tudo devo esclarecer-lhes sobre a palavra conserto grafada com “s” no título
deste artigo. Não se trata de erro ou distração: é conserto mesmo, porquanto,
da forma que se encontra o mundo a pré-abrasar-se com o aquecimento global, é
melhor que os sexos confraternizem, unam forças e realizem o conserto urgente,
porque, do contrário, poderemos acabar cozidos numa panela fenomenal: o planeta
que habitamos. Feita a observação, peço-lhes licença
para justa homenagem às mulheres de todos os segmentos da sociedade, àquelas
que são a base das nações, quando integradas em Deus e/ou nos mais elevados
sentimentos que honram a raça humana, apresentando-lhes texto que enviei e foi
traduzido pela ONU em seus seis idiomas oficiais, por ocasião da “51a Sessão do
Status da Mulher”, ocorrida de 26 de fevereiro a 9 de março de 2007, na sede
das Nações Unidas, em Nova York, EUA. “Pão e rosas”A luta pela emancipação da
mulher é antiga. Já nos tempos clássicos da Grécia, esse espírito libertário
procurava, sob certo aspecto, o seu caminho nos esforços e dificuldades de
“Lisístrata”, com sua greve do sexo, na qual moveu mulheres de Atenas e de
Esparta, para deter a Guerra do Peloponeso, segundo a comédia de Aristófanes. Em 1857, centenas de operárias das
fábricas têxteis e de vestuário de Nova York iniciaram um forte protesto contra
os baixos salários, jornada de mais de 12 horas e péssimas condições de
trabalho. Em 1908, mais de 14 mil delas voltaram às ruas nova-iorquinas. Sob o
slogan “pão e rosas” - “tendo o pão como símbolo da estabilidade econômica e as
rosas representando uma melhor qualidade de vida” -pleiteavam idênticos direitos aos
reivindicados pelas trabalhadoras da década de 50 do século XIX.
Aproximadamente 130 delas faleceram durante misterioso incêndio. Mas não ficou
só nisso a luta. Três anos depois, também naquela cidade, ocorreu outro trágico
acontecimento provocado pelas infernais condições de segurança na
“TriangleShirtwaistCompany”. Em 25 de março de 1911, mais de 140
tecelãs e tecelões, de maioria italiana e judia, morreram calcinados (21 eram
homens). Os fatos foram, em sua dramaticidade, registrados: criaturas em
desespero jogando-se das janelas do prédio em chamas. As manifestações
ocorridas na metrópole cosmopolita alinham-se entre os principais degraus para
a emancipação da mulher, bem como os esforços de tantas outras, a exemplo da
alemã Clara Zetkin (1857-1933), uma das mais famosas ativistas pelos direitos
femininos, que, em 1910, durante o II Congresso Internacional de Mulheres
Socialistas, propôs a criação do Dia Internacional da Mulher. A atitude corajosa delas encontra-se
perfeitamente enquadrada nesta exclamação da inesquecível Helen Keller
(1880-1968): “A vida é uma aventura ousada ou nada! É palmar que a célebre ativista social
se refere à audácia que impulsiona os vanguardeiros a rever costumes e
conceitos ultrapassados, que retardam a evolução das criaturas e dos povos
(sobretudo no campo imprescindível do conhecimento espiritual). Ela própria é
um modelo constante dessa premissa. Cega, surda e muda, em decorrência de uma
doença manifestada aos 18 meses, rompeu barreiras, tornando-se uma das mulheres
mais respeitadas da História. Às mulheres do Brasil e do mundo, a
nossa saudação pela data especial: 8 de março.
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