Jean
Wyllys apresenta projeto para legalizar o uso da maconha; Marisa Lobo critica:
“Vejo interesse político por trás dessa disfarçada descriminalização”
Na última quarta feira, o
deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) apresentou um projeto de lei com o
objetivo de legalizar a produção e o uso da maconha.
Segundo
seu site oficial, o texto de sua proposta tem entre seus objetivos “regular a
produção e comercialização da maconha e seus derivados, tornando a Cannabis uma
droga lícita com uma regulação e restrições semelhantes às do álcool e o
tabaco” e “descriminalizar a posse de qualquer tipo de drogas, inclusive as
ilícitas, para consumo pessoal, assim como auto cultivo”.
- A
maconha (como as outras drogas atualmente ilícitas) é importada, plantada,
produzida, industrializada, vendida e comprada de forma ilegal sem que o Estado
consiga, em momento algum, que isso deixe de acontecer, como não conseguiram as
legislações contra o álcool, nos EUA, que o uísque deixasse de ser produzido e
vendido, mas, ao colocá-lo na ilegalidade, fomentaram a criação de um circuito
de violência – argumenta o deputado, ao defender a liberação do uso da droga.
Wyllys
continua sua defesa à regulamentação da maconha afirmando que o circuito de violência
criado em torno da proibição do álcool nos Estados Unidos “só foi superado com
a legalização, admitido o fracasso absoluto da mesma política que depois foi
ressuscitada para seu uso com outras drogas semelhantes ao álcool, que foram
convenientemente cercadas de pânico moral e estigmatização, em muitos casos por
motivos raciais ou políticos”.
O
deputado defende ainda que criminosos que estejam presos por crimes
relacionados ao comércio o consumo da droga recebam anistia e que aqueles que
hoje atuam como traficantes da droga sejam “retirados da clandestinidade” e
possam ser inseridos em um mercado legal da substância.
Contra a liberação da maconha
Conhecida
como uma ferrenha opositora à legalização da maconha e de outras drogas, a
psicóloga Marisa Lobo falou recentemente sobre o porquê é contra a liberação da
droga. Afirmando que a maconha faz mal à saúde sim, e não é droga inocente como
alguns tentam defender, Marisa Lobo ressalta que além e causar dependência a
maconha é uma “porta de entrada” para outras drogas ilícitas.
- O que
vemos hoje, não é uma preocupação honesta com a população que usa drogas ou com
a violência gerada por ela, e sim uma preocupação egoísta com o vício pessoal
de muitos e o interesse político por trás dessa disfarçada descriminalização –
afirma a psicóloga.
A
psicóloga comenta ainda sobre o uso da legalidade do cigarro e do álcool como
justificativas para a liberação da maconha, ressaltando se tratar de
substâncias que também produzem grandes prejuízos para o indivíduo que as
consome e para a sociedade.
- O
cigarro e o álcool são evidências que a legalização da droga não funciona. Hoje
estamos encurralados com o vício do álcool. Financeiramente, nosso país está
vivendo as consequências devastadoras desse vício. Fumantes custam 338 milhões
somente no tratamento do Sistema Único de Saúde (SUS), gastos com a
consequência do uso e abuso do cigarro, fora mortes, prevenção, etc – explica.
Sobre a
justificativa de que trazer a maconha à legalidade acabaria com o tráfico, Marisa
Lobo explica que “o tráfico não depende somente da Maconha para sobreviver” e
que “liberar a Maconha não abalará o tráfico, todavia, aumentará o tráfico e
incentivará o uso de outras drogas mais pesadas”.
Justificativas
Após a
repercussão de seu projeto, Jean Wyllys publicou em seu site um texto no qual
afirma ser contra a liberação da maconha, e que seu projeto foi interpretado de
forma incorreta pela imprensa, que deu “atenção primária à anistia de presos
por tráfico de maconha”, criando a imagem de que a função do projeto é a de
defender bandidos ou de esvaziar cadeias.
Usando
como justificativa principal a violência motivada pelo tráfico de drogas, o
deputado afirma que o objetivo de seu projeto é interromper o fortalecimento do
crime organizado, visto que na ilegalidade os traficantes “experimentam a
verdadeira reserva de mercado”.
- Seus
agentes públicos, responsáveis pela manutenção da tranquilidade de seu
funcionamento, são muito bem pagos. Assim o Estado, informalmente, já pratica a
liberação e o controle sobre o comércio de drogas – afirma Wyllys, explicando
que, através da corrupção, o Estado já liberou a venda da droga.
O
comércio de drogas, independente de qual for, é sim liberado no Brasil, e isto
ninguém pode negar. A criminalização da pobreza e a formação dos guetos
marginalizados é também outro fato inconteste – completa o deputado, que
defende a ideia de que as pessoas presas ou mortas por envolvimento com o
tráfico são, em geral, “pobres, favelados, e na maioria dos casos jovens e
negros”, que por não terem acesso à educação e serviços públicos de qualidade,
vendo assim o tráfico como sua “única forma de mobilidade social”.
- O foco
aqui é tirar o jovem negro e pobre, o mesmo que tem morre quase três vezes mais
que o jovem branco pobre do estigma de ser criminoso – afirma.
Afirmando
que o tema é sempre tratado com preconceito, o deputado afirma ainda que a
imprensa deveria dar “peso maior que o que realmente importa no projeto, que é
a formação de uma política de segurança pública que não penalize os mais pobres
como forma de esconder dos mais ricos a baixa eficiência de seu trabalho”.
Fonte:
Por Dan Martins, para o Gospel+
Nenhum comentário:
Postar um comentário