Senador Perrela, dono do helicóptero do pó, terá sigilos quebrados se STF concordar
O senador Zezé Perrela (PDT-MG), que teve o helicóptero de uma
de suas empresas envolvido no tráfico de quase meia tonelada de pasta
base de cocaína, terá seus sigilos fiscal e bancário quebrados, se o
Supremo Tribunal Federal (STF) acatar o pedido da Procuradoria-Geral da
República. Perrela responde a um inquérito na Suprema Corte junto
com o irmão, Alvimar de Oliveira Costa, por suspeita de fraude
financeira. A investigação, agora, seguirá também a trajetória da
aeronave carregada com a droga.
Perrela e o irmão, ex-presidentes do time mineiro Cruzeiro, foram
denunciados, formalmente, por suposta lavagem de dinheiro na venda do
zagueiro Luisão ao Benfica, de Portugal. A negociação envolveu um clube
uruguaio e é considerada suspeita pela Polícia Federal, que indiciou
Perrella em 2010 pelo caso. O processo foi retomado há dez dias, logo
após o flagrante que apreendeu 445 quilos de cocaína no helicóptero de
uma das empresas da família Perrella.
Procurador-geral da República, Rodrigo Janot pediu ao ministro
Ricardo Lewandowski que reconsiderasse a decisão de não autorizar a
quebra de sigilo bancário do parlamentar, após os advogados do Cruzeiro,
que também defendem o senador, alegarem haver erros na petição do
Ministério Público. O ministro do STF desautorizou parte da quebra do
sigilo bancário e fiscal dos suspeitos. Em 2003, Luisão foi vendido por
US$ 2,5 milhões ao clube uruguaio Central Español e logo em seguida
repassado por cerca de US$ 1 milhão a menos ao Benfica. Investigadores
suspeitam que parte do valor declarado na negociação com o time uruguaio
voltou irregularmente ao Brasil e teria sido pulverizado em contas de
empresas ligadas à Perrella e ao irmão dele.
Perrella assumiu a presidência do Cruzeiro em 1995. O parlamentar foi deputado por três vezes
e era suplente do senador Itamar Franco. Ao Tribunal Regional Eleitoral
(TRE), Perrella informou ser proprietário de R$ 490 mil em bens, mas
adquiriu uma fazenda estimada em R$ 60 milhões. Sobre isso, o Ministério
Público Eleitoral investiga a evolução patrimonial do parlamentar. Seu
filho, o deputado estadual Gustavo Perrela, que declara uma fortuna
maior do que o pai, subscreveu à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$
1,9 milhão.
O helicóptero apreendido pela PF deverá ser confiscado.
Tanto o governo do Espírito Santo quanto a PF manifestaram
oficialmente, em juízo, interesse na utilização da aeronave da família
do senador. Em despacho do juiz federal Marcus Vinícius Figueiredo de
Oliveira Costa, antes do recesso de fim de ano do judiciário, o
governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e o comando da
Superintendência da PF daquele Estado declararam que pretendem ficar com
o helicóptero modelo Robinson 66, avaliado em R$ 3 milhões. Pela
legislação, qualquer meio de transporte utilizado para o tráfico de
drogas pode ser confiscado para uso do Estado, caso comprovado o
interesse público e responsabilidade de conservação do bem.
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