segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

INSS dificulta assistência ao trabalhador em Feira


Sindicalistas relatam a realidade das vítimas de doenças ocupacionais.

A insatisfação de trabalhadores com o atendimento prestado pelo INSS, país afora, também é uma realidade em Feira de Santana. Sindicalistas são unânimes em afirmar que a Previdência tem dificultado o reconhecimento de doenças ocupacionais que atingem o trabalhador feirense.

Um dos diretores do Sindicato dos Borracheiros de Feira de Santana, Genásio Bispo, relata a dificuldade para que o trabalhador tenha assistência quando é atingido por lesões trabalhistas. “O trabalhador vai ao médico, constata que está doente, mas no INSS o médico diz que ele está capaz de trabalhar”, afirma.

Com a burocracia para o reconhecimento das doenças ocupacionais, as “idas e vindas” são uma rotina na vida dos trabalhadores lesionados. Um dos trabalhadores ouvidos pelo Programa De Olho na Cidade, que não quis se identificar, já compareceu seis vezes ao INSS em Feira.

“O médico dá seis meses para fazermos o tratamento e depois voltamos para a empresa doente, sem poder trabalhar. Ninguém quer reconhecer a doença”, afirmou o trabalhador, queixando-se de um “jogo de empura-empurra” entre a Previdência e a empresa.

Ronaldo Cruz, do SindAlimentação denuncia que empresas da cidade costumam pressionar planos de saúde para que as doenças ocupacionais não sejam diagnosticadas, na tentativa de evitar o ônus previsto na legislação.

Gerência do Trabalho e Emprego

A Gerência Regional do Trabalho em Emprego em Feira de Santana é a instância comum para as denúncias dos trabalhadores e dos sindicalistas. A auditora do trabalho Maria Del Carmem, que atua no órgão, também atesta a dificuldade criada pelo INSS em relação às vítimas das doenças ocupacionais.

“Essa situação é real, o ‘jogo de empurra’ entre a Previdência e a empresa. O trabalhador doente não consegue o reconhecimento da doença, volta para o trabalho, é demitido, e fica sem salário”, disse a auditora.

A chefe de fiscalização da Gerência Regional do Trabalho, Amanda Leiro, admite a limitação do órgão para atuar na região. Segundo ela, a Gerência tem uma equipe reduzida de auditores fiscais – são nove funcionários em Feira para mais de 90 municípios. 

Incidência

Apesar de não ter estatísticas em mãos, o médico do trabalho Humberto Martins,  relata que tem sido cada vez maior o número de trabalhadores que buscam atendimento médico em Feira de Santana. “Temos feito muitos relatórios de doenças ocupacionais com base em informações neurológicas e ortopédicas. Podemos prevenir essas doenças, mas curar é difícil. A cura gira em torno de 30 %”, disse.

O INSS

As doenças ocupacionais foram tema de um debate no Programa De Olho na Cidade (Rádio Sociedade de Feira AM), nesta sexta-feira (24). A gerente regional da Previdência Social, Hildete Farias, foi procurada para participar do debate, mas encontra-se em férias. A sua substituta no órgão não foi encontrada, apesar dos diversos contatos por telefone com o INSS.

Kleiton Costa

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