A cidade está sem juiz titular cível há mais de seis anos e perdeu, em outubro de 2013, o titular da vara criminal.
Dr. Nélson Aragão falou sobre as dificuldades enfrentadas na comarca da cidade. Foto: Helen de Souza
Segundo
o advogado Nélson Aragão Filho, oito desembargadores baianos já
passaram
pela Comarca de Cachoeira. Foto: Edgard Abbehusen l Primogênio
Notícias
Fita isolante e um corpo no chão coberto com um lençol branco e
manchas de sangue. Essa foi a maneira que um grupo de advogados da
cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano, encontrou para chamar a
atenção da comunidade para um problema que já se estende há quase quatro
anos: a falta de um juiz titular. Os resultados são processos
acumulados, a morosidade ainda maior da justiça e, consequentemente, um
dos fatores para o aumento da violência, o que motivou um grupo de
advogados a realizar um movimento pela mudança da comarca de inicial
para intermediária.
Segundo um dos líderes do movimento, o advogado Nélson Aragão Filho, o
objetivo é recolher 10 mil assinaturas. “São mais de 6 mil processos
paralisados, nas prateleiras, sem sentença. Justiça que é morosa, não é
justiça. Nós, advogados, estamos sentindo na pele, pois a maioria dos
clientes não entendem que o processo depende do magistrado, que é quem
decide, quem coloca o processo pra ter a devida celeridade.”, disse.
Em quatro dias, o movimento já conseguiu 4 mil assinaturas somente na
praça Doutor Aristides Milton, centro de Cachoeira. Ainda segundo Dr.
Nélson Aragão, existem outros pontos montados na zona rural do município
e, quando o número chegar ao total de 10 mil assinaturas, uma passeata
será feita pelas principais ruas da cidade. “Vamos conclamar os
comerciantes para fechar as portas. Vamos todos pedir a atenção das
autoridades.”, completa.
Comarca Inicial X Comarca Intermediária
“A comarca de Cachoeira sempre foi especial, de terceira entrância.
Quando um juiz era nomeado para a cidade, seu próximo destino seria,
muito provavelmente, a comarca de Salvador. A disputa para preencher uma
vaga de juiz era grande. Hoje temos oito desembargadores que foram
juízes em Cachoeira. Foram pra Salvador e hoje são desembargadores.”,
diz o Dr. Nélson Aragão.
Uma nova resolução de 2008 estabeleceu critérios para alteração na
classificação das comarcas. Comarcas de entrância inicial são o início
da carreira dos magistrados, que assumem como juízes substitutos. Após
adquirirem experiência, são promovidos a outras de entrância
intermediária, com maior movimento de processos. A entrância final é o
último passo na carreira do magistrado. Para a criação e classificação
das comarcas, são considerados o número de habitantes e de eleitores, a
receita tributária e a extensão territorial dos municípios do estado.
Juiz substituto pode ser removido a qualquer momento
Em
outubro de 2013, um documento dirigido ao Ministro do Supremo Tribunal
Federal – STF, Joaquim Barbosa, escrito pelos advogados Nélson Aragão
Filho e Cláudio Almeida dos Anjos, formalizou o pedido para a designação
de um novo juiz para a comarca de Cachoeira.
Os advogados também reclamaram no documento que nenhum dos juízes
empossados pelo TJ-BA no ano de 2013 foram enviados para o município.
“Conforme propaganda veiculada na mídia, 98 juízes tomaram posse e
entrarão em exercício. No entanto, nenhum destes novos magistrados foi
designado para a comarca de Cachoeira. Prejudicados, advogados
militantes na comarca, clientes e segmentos sociais formalizaram ao
longo do ano de 2012 e 2013 pleitos às autoridades do Tribunal de
Justiça e ao governador do estado, buscando solução para a mencionada
pendência”, afirmam os defensores na carta.
Após a carta, o Dr. Paulo Elias, juiz substituto, foi enviado para a
cidade. “Confesso que tenho visto ele sair onze horas da noite do fórum.
É humanamente impossível para um juiz, que é substituto, e, portanto,
recém empossado, atender à imensa demanda”. O juiz substituto está há
três meses na comarca, e, de acordo com Dr. Nelson, sua remoção pode ser
deferida a qualquer momento.
Fonte: Da redação l Primogênio Notícias l redacao@primogenio.com.br l Foto: Helen de Souza




Nenhum comentário:
Postar um comentário