quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Crack se espalha por bairros do Rio  e faz aumentar os casos de violência

Usuários de crack chegam à Lapa e à região da Central do Brasil, onde o número de assaltos vem aumentando
Usuários de crack 
Embora o psiquiatra Paulo Telles, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), aponte para a redução no uso do crack no Rio de Janeiro, com base em dados “muito locais e preliminares”, o uso da droga ainda é um flagelo para a cidade.
– Essa droga, há três anos, já representou mais de 50% dos atendimentos, hoje, representa uma média de 30% – disse o médico que já iniciou um estudo para entender os fatores que levaram a essa diminuição.
O médico destaca que, apesar da redução percentual de atendimentos às pessoas viciadas em crack, os números continuam altos. Ele propõe que o combate ao crack deve ser enfrentado com políticas públicas que dêem resultado.
– Tratamento para droga tem o percentual de êxito pequeno. No caso dos pacientes de crack a adesão é ainda menor, eles abandonam com mais facilidade o tratamento. O usuário de crack tem grau de escolaridade menor que os demais usuários. Muitos vivem nas ruas, não sabem nem o perigo que estão correndo com esse tipo de droga – disse o médico.
Telles disse que embora não “demonize” nenhum tipo de droga, o crack exige um cuidado especial.
Crack e violência
A face mais violenta do crack aparece na Zona Norte do Rio, como no Feirão do Crack, na Avenida Brasil. Usuários da droga furtam ou roubam celulares e outros eletrônicos para vendê-los entre as pistas da principal via de acesso ao Rio, na altura do Parque União, uma das favelas do Complexo da Maré. Uma equipe de reportagem localizou, na véspera, um homem vendendo um tablet para quem trafegava na via, a menos de 500m de posto da PM em um dos acessos à favela.
“Por volta das 13h desta segunda um carro enguiçou, na altura da Maré, embaixo de passarela, no sentido Centro. Diversos adultos e menores cercaram o veículo para tentar empurrar e conseguir alguns trocados do motorista. Entre eles, um homem de short preto, sem camisa e com um tablet embaixo do braço. Ele é o mesmo que na semana passada oferecia o produto, provavelmente roubado, por até R$ 50″, diz a reportagem do diário popular carioca O Dia.
– Morro de medo quando passo de carro aqui. Fecho todas as janelas e diminuo a velocidade com medo de algum viciado atravessar a pista ou tentar pegar algo do carro. É um sentimento de total insegurança e tristeza – contou a estudante Deborah Antunes ao jornalista.
Em nota, a PM informou que o 22º BPM (Maré) e o Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE) realizam constantes operações na Avenida Brasil e nos acessos ao Parque União para reprimir a venda desses produtos. “Na sexta-feira, dois homens foram presos na região com aparelhos eletrônicos roubados e, na tarde desta segunda-feira, o 22º BPM prendeu um homem com celulares roubados. Em novembro, três pessoas foram presas pelo BPVE envolvimento neste tipo de crime”, diz a nota.
Mas o flagelo não fica restrito à Zona Norte. No Centro do Rio, usuários de crack chegam a locais como a Central do Brasil e a Lapa, que só teve policiamento reforçado após a morte de um estudante a facadas na madrugada do domingo passado.
Uma batida policial retirou, no dia seguinte, mais de 50 usuários da droga na região. Apesar de especialistas como o médico Paulo Telles acreditarem que a questão deve ser encarada como problema social e de saúde, e não de segurança, o número de assaltos violentos tende a crescer, na medida que o consumo da droga avança no Rio de Janeiro.

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