Governo Obama diz que “vai trabalhar” com o Brasil nos casos de espionagem

A Casa Branca afirmou nesta quarta-feira que vai trabalhar com o
Brasil para lidar com as preocupações causadas pelo vazamento de
informações de que os Estados Unidos espionaram a presidente Dilma
Rousseff e invadiram as redes de computadores da Petrobras. Susan Rice,
conselheira de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, se reuniu com o chanceler brasileiro, Luiz Alberto
Figueiredo, para discutir os questionamentos do Brasil sobre os
documentos vazados pelo ex-prestador de serviços da Agência de Segurança
Nacional (NSA) Edward Snowden.
“Os Estados Unidos estão comprometidos em trabalhar com o Brasil para
responder a estas preocupações, enquanto continuamos a trabalhar juntos
em uma agenda comum de iniciativas bilaterais, regionais e globais”,
disse uma porta-voz da Casa Branca em comunicado.
Segundo a porta-voz, Rice expressou a Figueiredo que os EUA entendem
que algumas reportagens recentes “distorceram nossas atividades”, mas
que algumas delas levantam “questões legítimas para nossos amigos e
aliados sobre como essas atividades são aplicadas”.
Figueiredo permanecerá em Washington para continuar as conversações
com o governo norte-americano sobre o tema na quinta-feira, disse à
agência inglesa de notícias Reuters um assessor de imprensa da Embaixada do Brasil na capital dos Estados Unidos.
Segundo denúncias divulgadas pelo programa Fantástico, da TV Globo,
com base em documentos vazados por Snowden, a agência do governo
norte-americano espionou e-mails, telefonemas e mensagens de texto de
Dilma e teria também invadido redes de computadores da Petrobras.
Dilma discutiu as recentes denúncias de espionagem de sua
comunicação pessoal e de outros brasileiros com o presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, em reunião à margem da cúpula do G20 em São
Petersburgo, na Rússia, na semana passada.
A presidente afirmou na sexta-feira que Obama se comprometeu a
assumir “responsabilidade direta e pessoal” pela investigação das
denúncias, que provocaram tensão entre os países e levaram o Brasil a
pedir uma explicação do governo dos Estados Unidos.
Em nota nesta semana, a presidente disse que se as denúncias de espionagem na Petrobras forem confirmadas, mostrariam que os interesses da NSA são econômicos e estratégicos, e não o de garantir a segurança norte-americana, como alegado por autoridades dos EUA.
A tensão com os Estados Unidos colocou sob ameaça a visita de Estado de Dilma a Washington, que está agendada para outubro.
De olho no petróleo
Em cima das suspeitas da presidenta Dilma quanto ao caráter comercial da espionagem
norte-americana ao Brasil, a presidenta da estatal do petróleo
brasileiro, Graça Foster, como é chamada, disse que a Petrobras aprovou
há três semanas uma revisão na política de segurança empresarial e que a
companhia dedica atenção e investimentos pesados ao tema.
– Temos política de segurança empresarial muito ativa. Faz parte do
meu trabalho …cuidar da minha empresa tanto do ponto de vista da sua
rentabilidade, da sua economicidade e da reserva de informação – afirmou
após visitar com a presidenta Dilma Rousseff as obras da plataforma
P-74, cujo casco está sendo convertido para produzir no pré-sal da bacia
de Santos, referindo-se às denúncias de espionagem na estatal pelo
governo norte-americano.
Graça reiterou que o leilão da área de Libra, previsto para 21 de
outubro, está mantido, e que não há informação sobre espionagem dos EUA
sobre este assunto:
– Não há possibilidade de mudança na data do leilão por conta dessa informação porque ela não é material, não está identificada.
A executiva informou ainda que vai se preparar para responder às
perguntas de parlamentares na CPI criada para investigar a espionagem
norte-americana.
A denúncia de espionagem na Petrobras pela Agência de Segurança
Nacional dos EUA, divulgada pelo programa Fantástico da Rede Globo,
gerou preocupações de que os norte-americanos tenham tido acesso à
estratégia da estatal brasileira para leilão do pré-sal, o que poderia
afetar os lances realizados por outras companhias na licitação da
reserva de Libra.
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