domingo, 30 de junho de 2013

NO ESTADO DA BAHIA


LOMANTO JR: CINQUENTENÁRIO DE UM MARCANTE GOVERNO

Por Lafayette Pondé Filho

Ex-governador Lomanto Júnior
Há 50 anos tomava posse no Governo da Bahia Antonio Lomanto Júnior, fato digno de registro pelo quanto iria o Estado experimentar ao escolher um administrador atuante e cheio de ideias inovadoras. “Gente nova / Sangue novo”, como dizia o jingle da campanha, aos 38 anos foi o Governador eleito mais jovem que a Bahia já teve, e disso mesmo resultaria o ímpeto, o entusiasmo, e a vontade de realizar. 
 
Chegou ao governo coroando a trajetória crescente do político e administrador que vai galgando posições pelo natural reconhecimento de seu trabalho, evoluindo como vereador, prefeito de Jequié e deputado estadual previamente à chefia do Executivo.
 
O grande acervo de realizações deveu-se à sua iniciativa e também à capacidade de escolher auxiliares de altíssimo nível, a exemplo de nomes como João Eurico Matta, Boris Tabacof, Jorge Calmon, Paulo Almeida, Renato Simões, Lelivaldo Brito e Luiz Braga, dentre outros de igual expressão. Foi o único governo até hoje a dispor de um “conselho de notáveis”, tal qual os Conselhos de Administração das grandes corporações, que na prática era uma assessoria informal a assistir o Governador em diretrizes e projetos de grande envergadura.
 
 Lomanto correspondeu plenamente à expectativa: por consciência, e pela vivencia e liderança no movimento municipalista - foi de sua inspiração, aliás, a criação da União de prefeitos, o primeiro passo seria implantar um governo voltado prioritariamente para o interior, visando  obras de infraestrutura e  integração de regiões, no que resultaria belo acervo de escolas, hospitais, linhas de transmissão de energia e obras rodoviárias de grande expressão. Para não ser extenso, a ponte Ilhéus/Pontal e a rodovia Feira / Juazeiro já sintetizam a  grandiosidade nessa área.
 
Ocupando o cargo num momento em que a economia baiana se transformava, em tempo recorde implantou o CIA- Centro industrial de Aratu, aproveitando o exato momento da  oferta   de recursos da SUDENE para  novas  indústrias. Para maior suporte financeiro capacitou o BANEB ao novo panorama, lançando-o inclusive no mercado internacional como  grande repassador de recursos em moeda estrangeira, e criou  o Banco de Desenvolvimento do Estado,  posteriormente
denominado  de  Desenbanco,  hoje  funcionando como Desenbahia, na condição de Agência de Fomento.
 
A reforma administrativa – pioneira no país – permitiu melhor sistematizar e racionalizar a máquina pública.  Atuando em parceria com a Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, a missão, confiada ao seu chefe da Casa Civil, Prof.João Eurico Matta, em tempo recorde permitiria  se  obter  inovações e funcionalidade, reestruturação essa  realizada sob tamanha perfeição que persiste até hoje  em suas linhas básicas, com os naturais ajustes que a modernização iria demandar.  Dentre  as  inovações merece destaque a criação da Procuradoria Geral do Estado, o que  permitiu  à  administração dispor de base  jurídica segura à  execução de seus projetos e à defesa do próprio  Estado.
 
Fato marcante da administração de Lomanto, talvez desconhecido do grande público atual, é que somente a partir de seu governo é que o Estado passaria a pagar pontualmente o seu funcionalismo, antes sujeito a eventuais pequenos atrasos. Para melhor atender aos servidores foi criado o IAPSEB -  Instituto  de Aposentadoria e Pensão dos Servidores do Estado da Bahia, fruto da integração dos serviços  prestados pelo  PAMESE e pelo Montepio do Estado.
 
Sensível às camadas mais desassistidas é de se lembrar que a Defensoria Pública teve as primeiras sementes plantadas  na gestão Lomanto  Júnior, bem como a Urbis – inicialmente denominada  de Cooperativa  Habitacional, que viria a proporcionar cerca de  90 mil unidades habitacionais ao longo de sua existência.
 
A reconstrução do Teatro Castro Alves, consumido por um incêndio em 1958, retrata a sua  preocupação com a cultura, que de igual  modo foi incentivada pela  Imprensa Oficial da Bahia  (hoje  EGBA) ao lado  de outras ações em favor da criação intelectual.
 
Consciente que o turismo deveria ser profissionalizado, o setor obteria o primeiro órgão no organograma oficial com o Departamento de Turismo, que posteriormente se transformaria na Bahiatursa.
 
Ao registrar o evento, supera minha natural suspeição de amizade e da condição de seu ex-auxiliar direto o magnífico acervo deixado por Lomanto Jr., valendo igualmente para simbolizar o reconhecimento de  seu  operoso  governo a escolha ao final do mandato como Administrador do Ano  pelos alunos da Escola de Administração da Ufba  - sem nenhuma retribuição, frise-se, e   a   espontânea consagração popular que lhe foi tributada às portas do Palácio Rio Branco, no último dia de sua gestão, homenagem pública nunca vista a um  governante, secundada  por seguidas eleições para a Camara Federal e ao  Senado. Confirmando, aliás, que  o reconhecimento  perdura pelos tempos afora  quando se deixa  marcas de  boa gestão e probidade,  40 anos  depois,  na sede da União de Prefeitos, Lomanto voltaria a ser aclamado por cerca de mil pessoas, com uma singular particularidade: da totalidade dos presentes apenas dois ou três participaram de seu governo, a maioria sequer era nascida àquela época, e o homenageado não estava exercendo nenhum cargo público.
 
Decorridos 50 anos, nesse triste quadro atual de ineficiência e desmandos por que  passa o país – hoje um verdadeiro deserto de homens e de ideias, como preconizava Oswaldo Aranha  há quase  um século, o nome de Lomanto Jr. será sempre lembrado como referencia altamente positiva de  bons resultados na administração pública.
 
Que o exemplo possa frutificar!

* Lafayette Pondé Filho é ex-oficial de gabinete e sub-chefe da Casa Civil do governo
Lomanto Jr.

Um comentário:

  1. Excelente lembrança do Dr. Lafayette Pondé Filho. Sou também desse período. A sua expressão de gratidão ao governador Lomanto Júnior permanece presente em todos os que conviveram com ele e o seu governo. Ele foi o mais brilhante e melhor governador que a Bahia já teve, comparado apenas aos grandes chefes do Executivo baiano, como Otávio Mangabeira, por exemplo. Os que o sucederam distanciaram-se integralmente do perfil democrático e de confiança implantado no Estado e na memória do povo pelo governador Lomanto Júnior, inclusive o atual. Associo-me ao ex-oficial de gabinete e sub-chefe da Casa Civil do governo Lomanto Júnior, o Dr. Lafayette Pondé Filho.

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