O Guarany

Declaração de Dilma sobre inflação ofusca encontro dos Brics

Palavras de Dilma Rousseff repercutiram no mercado financeiro.
A presidente parecia muito irritada com as interpretações ao que disse.

André Luiz Azevedo Durban, África do Sul

O encontro dos países dos Brics, na África do Sul, acabou ofuscado por uma declaração da presidente Dilma Rousseff sobre inflação no Brasil, feita à margem da reunião.

A cúpula dos Brics em Durban terminou com a demonstração de união do grupo. Foi a primeira participação em um fórum no exterior do novo presidente da China, Xi Jinping.  O encontro foi entre os líderes políticos dos cinco países, mas os objetivos foram todos na área econômica: garantir os negócios, ampliar os mercados, e principalmente forçar o crescimento dos países.

Os Brics criaram um mecanismo próprio de proteção contra a falta de crédito internacional, uma espécie de cheque especial de US$ 100 bilhões. O banco de desenvolvimento dos Brics também foi anunciado oficialmente, mas ainda sem data para começar a funcionar.

Na entrevista, Dilma Rousseff aproveitou para falar também de inflação, e deu um recado para quem espera mudanças na política. “Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico. Esse receituário que quer matar o doente, em vez de curar a doença, é complicado. Eu vou acabar com o crescimento do país? Isso está datado, acho que é uma política superada. Isso não significa que o governo não está atento e, não só atento, acompanha diuturnamente essa questão da inflação”, disse.

As declarações de Dilma Rousseff repercutiram no mercado financeiro. A interpretação foi de que seria um afrouxamento no combate à inflação. Já era noite na África do Sul quando os repórteres foram convocados em caráter de urgência.

A presidente parecia muito irritada com as interpretações ao que disse. “Só repudio manipulação de fala. A notícia que saiu é manipulada. Eu sou uma pessoa que escrevi até, e vocês já anunciaram, que o combate à inflação é um valor em si”, afirmou Dilma.