Ex-líder conversou por mais de uma hora com admiradores e jornalistas sobre integração latino-americana e sobre Hugo Chávez após votar na eleição geral em Havana
O ex-presidente cubano Fidel Castro votou na eleição
geral de domingo (3) e conversou por mais de uma hora com admiradores e
jornalistas cubanos em Havana, na sua primeira aparição pública
prolongada desde 2010.
Fidel havia votado em sua própria casa nas três eleições
realizadas desde que adoeceu e entregou o poder ao irmão Raúl, em 2006.
Curvado e com a barba branca, Fidel, 86 anos, foi visto na TV estatal
depositando seu voto na urna, no final da tarde. Usava camisa xadrez
branca e casaco azul claro.
O locutor da TV disse que Fidel conversou sobre os
esforços do regime comunista para reformar a economia, sobre a
integração latino-americana, sobre o presidente da Venezuela,
Hugo Chávez
, e sobre outros assuntos.
Ele louvou a participação popular na eleição de domingo.
"O povo é realmente revolucionário, realmente tem se sacrificado. Não
precisamos provar isso, a história irá provar. Cinquenta anos de
bloqueio ( econômico norte-americano
), e ele não desistiu."
Os cubanos foram às urnas para eleger 612 deputados da
Assembleia Nacional e mais de mil delegados das assembleias provinciais,
num processo comandado pelo Partido Comunista Cubano.
O presidente Raúl Castro e outros líderes também foram
mostrados na televisão depositando seus votos e comentando a importância
da eleição como sinal de apoio às reformas no país e à independência de
Cuba em relação aos EUA.
Raúl está descentralizando a economia estatal ao dar
mais espaço à iniciativa privada
na agricultura e no varejo. Ele também suspendeu várias restrições às liberdades pessoais, como
viagens
e transações com veículos e imóveis.
No campo político, Raúl determinou um limite
de dois mandatos quinquenais para os principais cargos eletivos, mas não
chegou a autorizar o funcionamento de outros partidos ou a realização
de eleições com disputa real. "Renunciar ao princípio de um partido
único seria equivalente a legalizar um ou mais partidos imperialistas",
disse Raúl numa conferência partidária no ano passado.
Ele insistiu que críticos e inclusive alguns aliados não
levam em conta "o estado anormal de cerco" que o país enfrenta, por
causa do embargo norte-americano. Havia a expectativa de que 95% dos
cubanos maiores de 16 anos votariam no domingo. Tinham seções eleitorais
em praticamente todos os quarteirões, e a abstenção é malvista.
A Reuters conversou com mais de meia dúzia de eleitores
que chegavam para votar em Havana. Nenhum deles sabia quem eram os
candidatos do seu distrito na lista nacional. "O que é certeza é que são
todos revolucionários, e é isso que importa", disse o aposentado
Eduardo Sánchez.
"Voto porque sinto que devo, e não importa realmente,
porque os deputados não têm mesmo nenhum poder", disse uma jovem que não
quis se identificar.
Os curiosos liam as biografias dos candidatos divulgadas
nas seções, e então depositavam as cédulas de papel em urnas de
cartolina, vigiadas por estudantes. Outros simplesmente entravam na
cabine e marcavam uma opção correspondente à lista inteira.
Os candidatos eram em número igual à quantidade de vagas,
e as únicas opções dos eleitores eram excluir determinado candidato da
lista, votar em branco ou anular.
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