terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Jornalismo e crítica - I


Samuel Celestino 
A função do jornalismo, vale repetir o que deveria ser do conhecimento dos homens públicos –ou os que exerceram a função pública – é informar, denunciar, criticar e defender os interesses públicos. Jamais elogiar. O jornalista, meu mestre, Jorge Calmon costumava dizer, ao se reportar à profissão que os políticos dela não gostam. Para ele quem exerce a atividade pública desdenha a crítica e louva o elogio, que não é função do jornalista sério. A democracia é dependente da liberdade de imprensa sem a qual inexiste o estado democrático de direito. Gostem ou não os que se aproveitam dos cofres públicos, os que são incompetentes no exercício do cargo que ocupam. Não raras vezes os que se envaidecem no exercício da atividade pública, tornam-se pavões, não entendem que ele é um serviçal da sociedade, e mais nada. Quando assim é, por se achar “poderoso” no cargo, ao ser criticado volta-se contra a imprensa sadia utilizando processos judiciais, como se não bastassem as dificuldades do judiciário entulhado de processos, prejudicando, desse modo, o desenvolvimento do trabalho dos magistrados, que ganham pouco para a montanha de processo que tem que se desincumbir.

Jornalismo e crítica - II

Agora mesmo, assiste-se, no Congresso, às críticas feitas pela mídia a personagens como Renan Calheiros, candidato à presidência do Senado, que na semana passada foi denunciado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por ser um político marcado por fatos inaceitáveis, assim como o candidato a presidir a Câmara, Henrique Alves. Mas, mesmo acusados de corrupção, estão em outro patamar no reconhecimento à ação da imprensa e a sua liberdade democrática, e não se utilizam de processos judiciais embora  temendo as críticas que lhe são feitas. Esse é um dos equívocos sobre a missão da imprensa nesta República tropical. Quem exerce o serviço público, ou o exerceu, sabem que recebem do erário, dos impostos pagos pelos contribuintes. Enfim, são funcionários públicos. Diferente da iniciativa privada que passa a ser alvo quando se envolve com quadrilheiros no assalto aos cofres públicos, como se observa nas diversas operações realizadas pela Polícia Federal. Não sabem os que não aceitam críticas, embora em cargo público ou já fora dele, que a responsabilidade que têm se vincula à sociedade, e não à Justiça. Essa é acionada pelo Ministério Público que, quando entende haver crime, remete a denúncia ao Judiciário. O resto é coisa de quem imagina que ainda é, quando na verdade já foi. O que fez quando no serviço, manipulando o dinheiro do povo, não se apaga.  
 
 Fonte: Bahia Notícias

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