Samuel Celestino
A função do jornalismo, vale repetir o que deveria ser do
conhecimento dos homens públicos –ou os que exerceram a função pública –
é informar, denunciar, criticar e defender os interesses públicos.
Jamais elogiar. O jornalista, meu mestre, Jorge Calmon costumava dizer,
ao se reportar à profissão que os políticos dela não gostam. Para ele
quem exerce a atividade pública desdenha a crítica e louva o elogio, que
não é função do jornalista sério. A democracia é dependente da
liberdade de imprensa sem a qual inexiste o estado democrático de
direito. Gostem ou não os que se
aproveitam dos cofres públicos, os que são incompetentes no exercício do
cargo que ocupam. Não raras vezes os que se envaidecem no exercício da
atividade pública, tornam-se pavões, não entendem que ele é um serviçal
da sociedade, e mais nada. Quando assim é, por se achar “poderoso” no
cargo, ao ser criticado volta-se contra a imprensa sadia utilizando
processos judiciais, como se não bastassem as dificuldades do judiciário
entulhado de processos, prejudicando, desse modo, o desenvolvimento do
trabalho dos magistrados, que ganham pouco para a montanha de processo
que tem que se desincumbir.
Jornalismo e crítica - II
Agora mesmo, assiste-se, no Congresso, às críticas feitas pela
mídia a personagens como Renan Calheiros, candidato à presidência do
Senado, que na semana passada foi denunciado pelo procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, por ser um político marcado por fatos
inaceitáveis, assim como o candidato a presidir a Câmara, Henrique
Alves. Mas, mesmo acusados de corrupção, estão em outro patamar no
reconhecimento à ação da imprensa e a sua liberdade democrática, e não
se utilizam de processos judiciais embora temendo as críticas que lhe
são feitas. Esse é um dos equívocos sobre a missão da imprensa nesta
República tropical. Quem exerce o serviço público, ou o exerceu, sabem
que recebem do erário, dos impostos pagos pelos contribuintes. Enfim,
são funcionários públicos. Diferente da
iniciativa privada que passa a ser alvo quando se envolve com
quadrilheiros no assalto aos cofres públicos, como se observa nas
diversas operações realizadas pela Polícia Federal. Não sabem os que não
aceitam críticas, embora em cargo público ou já fora dele, que a
responsabilidade que têm se vincula à sociedade, e não à Justiça. Essa é
acionada pelo Ministério Público que, quando entende haver crime,
remete a denúncia ao Judiciário. O resto é coisa de quem imagina que
ainda é, quando na verdade já foi. O que fez quando no serviço, manipulando o dinheiro do povo, não se apaga.
Fonte: Bahia Notícias
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