Alzheimer
Paiva Netto
Um levantamento da
Academia Brasileira de Neurologia, ficamos sabendo que de 1999 a 2008 houve no
país aumento descomedido do número de vítimas da doença de Alzheimer. Os óbitos
saltaram de 1.343 para 7.882, caracterizando um acréscimo de quase 500%. Outro
dado que chama a atenção aponta para o fato de que a maioria deles é de brancos
e da Região Sudeste.
No programa “Viver é
Melhor!”, da Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), a especialista em gerontologia,
pedagoga e diretora da Associação Brasileira de Alzheimer do Estado de
São Paulo, Fabiana Satiro de Souza, abordou as causas e as formas de
tratamento.
TABUS E DIAGNÓSTICO
Em seus comentários
iniciais, destacou que a doença tem sido cercada de muitos tabus: “Existem
famílias que não querem nem contar para vizinhos que o parente está com
Alzheimer. As pessoas já pensam na enfermidade numa fase avançada e acabam se
esquecendo de que, no início, o doente tem muita coisa boa para viver e
realizar”.
Ela também comentou o
estigma que o idoso carrega por não possuir uma memória tão ativa quanto antes:
“Na verdade, se eu me esquecer de alguma coisa é porque estou estressada, mas
se o ancião esquece é porque ele está senil. O idoso já possui raciocínio um
pouco mais lento, uma natural perda de memória, mas isso é muito mais acentuado
numa demência, e ela vem sempre agregada a alguns distúrbios de comportamento,
que acabam nos mostrando a característica específica da doença”.
O diagnóstico, segundo a
especialista, é feito por exclusão, ou seja, elimina-se a possibilidade de
serem outras doenças, a exemplo da depressão ou mesmo de distúrbio da tireoide:
“A família é um dos principais mecanismos para ajudar num diagnóstico, porque
ela é que vai apontar para o médico quais sintomas estão aparecendo naquele
idoso. Essa percepção de que ele está esquecendo raramente vai partir do
paciente”.
QUALIDADE DE VIDA
Fabiana Satiro enfatizou
que “um dos principais métodos para desacelerar a progressão da doença é a
informação. Ela é aliada dos medicamentos e dos tratamentos multiprofissionais.
Os familiares e todos aqueles que estão em volta do paciente necessitam
conhecer sobre a enfermidade. Tendo o maior número de informações possível, com
certeza, a terapêutica será mais adequada. Sendo um mal neurodegenerativo e sem
cura, vai progredir, mas pode ser de uma forma mais lenta. Com isso, você ganha
um paciente com uma melhor qualidade de vida por muito mais tempo”.
Ao lado da medicação,
que é fundamental, existe o tratamento não medicamentoso. A médica explica: “Quanto
menos coisa o paciente fizer, mais rápido a doença vai progredir. Além da
medicação, a gente vai trabalhar a adequação do ambiente, um treino de memória,
criar estratégias para que ele tenha a independência preservada por mais tempo.
Em tudo ele vai precisar da supervisão de alguém. O problema é que o ‘ajudar’ é
confundido com o ‘fazer por’. Com o tempo ele vai tendo cada vez mais problemas
para ficar sozinho”.
MANTER-SE ATIVO
Sobre a prevenção, a
também pedagoga Fabiana Satiro esclareceu: “Mesmo que você tenha uma
predisposição, se praticar ao longo da sua vida atividade física e intelectual,
se ingerir uma boa alimentação, conseguirá retardar a manifestação da
enfermidade”.
Nossos agradecimentos à
especialista em gerontologia, pedagoga e diretora da Associação
Brasileira de Alzheimer do Estado de São Paulo, Fabiana Satiro de Souza, por
elucidar o tema. Outros dados podem ser obtidos pelo site www.abrazsp.org.br.
Que lição essa
misteriosa doença nos oferece? A de que a dor deve ser corajosamente encarada.
Se dela tentarmos fugir pelo atalho do faz de conta, perderemos o caráter
sublime de seus ensinamentos.
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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