DE VOLTA ao Rio, depois de haver participado da festa do nonagenário genetlíaco da minha mãe, na minha Cachoeira, na Bahia, encontro o Rio de Janeiro de cabeça para baixo, em virtude da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, deixando-me preocupado quanto à realização de eventos porvindouros como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Será que o know how acumulado de tantos anos de realização dos desfiles carnavalescos das Escolas de Samba que tanto encanta o mundo todo não foi o suficiente?
A conferência que se realiza no Riocentro e que ganhou a sugestiva alcunha de Rio+20 é de suma importância porque está debatendo problemas como a redução das reservas de água potável, aquecimento global, escassez de alimentos etc. Os sintomas apocalípticos do aquecimento materializam-se nas tragédias globais que vemos nos noticiários televisivos e lemos nos jornais,assim como a fome da população do planeta terra, habitados, hoje, por sete bilhões de pessoas. Estatísticas comprovam que, em menos de quarenta anos, a população mundial será de nove bilhões. Haja comida! Haja água!
Esta reunião, meus caros, é a maior já realizada pela ONU. Esperamos que, depois do blá-blá-blá, do nhem-nhem-nhem, seja encontrada a fórmula de se ampliar o crescimento econômico do planeta de forma sustentável, preservando-se o meio ambiente.
Por falar nisso, permitam-me dirigir-me de forma paroquial para com os meus conterrâneos. Quando dirigíamos o semanário A Ordem, na minha terra natal, promovemos uma campanha intitulada “Abrace o Rio Paraguaçu”, na ocasião transformado em depósito de entulhos jogados pela população, além do despejo do esgoto in natura de residências e estabelecimentos comerciais. Será que tal situação mudou? Ainda se pode pescar robalos e petitinga?
O nome Cachoeira que deu origem a cidade, se deveu naturalmente ao grande número de quedas de água como Bananeiras (submersa pela barragem de Pedra do Cavalo) e outras pequenas como Tororó (do saudoso banho do Caquende), Japonês (que jorrava aos borbotões pela Pitanga) e a Lagoa Encantada. Ainda temos tudo isso? Algo ainda pode ser revitalizado?
Desde que eu era menino as matas nativas da Cachoeira foram consumidas, transformadas em lenha e carvão, e tais recursos naturais, - descobriu-se agora, ou não? – não se renovam facilmente, como o dendê que movimentou a economia cachoeirana por muitos anos com a fábrica Opalma.
Acredito que, por tudo isso, o Rotary Clube, a Maçonaria, os universitários cachoeiranos ou outra qualquer instituição poderiam promover um Seminário em conjunto com os irmãos sanfelixtas para debaterem a situação ambiental, procurarem soluções conjuntas e encetarem uma campanha educacional para que a população tome consciência de que, o maior inimigo do meio ambiente (como jogar lixo na rua), somos nós mesmos.
*Erivaldo Brito, natural da cidade histórica da Cachoeira/BA, é advogado, radicado na cidade do Rio de Janeiro.
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