Por Erivaldo Brito
Temos, no mês em curso, muitas datas a comemorar: mês de Maria, mãe de Jesus, mês da família, mês das noivas, dia das mães e (o que pouca gente lembra), dia do gari, 16 de maio. O Gari, essa figura singular da administração pública presta um trabalho de extrema relevância, enfrentando (o verbo é este mesmo), a má-vontade e a incompreensão de expressiva camada da população, até dos grandes centros. A varrição e coleta do lixo domiciliar, hospitalar e industrial, um trabalho reconhecidamente exausto e sujo, esteve sempre na preocupação dos dirigentes brasileiros, desde os tempos do Império. No ano de 1876, o Ministério Imperial fazia publicar um edital de licitação pública a fim de viabilizar a limpeza da cidade do Rio de Janeiro. A concorrência, a primeira do gênero no Brasil, foi ganha por um empresário francês de nome Pierre Gary. Foi então que os encarregados de fazerem a limpeza passaram a ser chamados pela patuléia de “a turma do Gary’”, de onde se originou, obviamente, os Garis dos nossos dias.
Na minha cidade natal, Cachoeira, na Bahia, o esgotamento sanitário e o abastecimento de água nasceram quase ao mesmo tempo,em 1781, só que, passaram-se 41 anos, ou seja, em 1822 para que o Chafariz (ainda existente e desativado na antiga Praça da Regeneração, atual Dr.Milton, e que poderia estar funcionando como uma espécie de fonte luminosa) viesse a funcionar.
Ainda que a água contivesse toda a sorte de impurezas, era dali que os escravos (depois os aguadeiros) apanhavam a água que abastecia grande parte da cidade. A Santa Casa de Misericórdia e as Igrejas da Ordem Terceira e do Carmo, por exemplo, possuíam poços artesianos de água potável de ótima qualidade.
Quanto à limpeza urbana, amigos, era uma lástima. O velho calçamento com pedras chamadas de “cabeça de negro”, sem o rejunte devido, possibilitava o rápido crescimento de capim e ervas daninhas.
Os excrementos residenciais eram recolhidos em barris que, levados pelos escravos (depois criados), eram jogados no leito do já maltratado e histórico Rio Paraguaçu, outro injustiçado não obstante haver desempenhado papel preponderante na magna data cachoeirana, o 25 de Junho.
É do conhecimento dos que se interessam pela história da cidade, o fato de pinicos sendo despejados pelas janelas com a anedótica frase: - Sai de baixo, Ioiô, que lá vai cocô!
Tantos anos volvidos, mas, infelizmente, temos de convir que pouca coisa mudou. Muitas pessoas ainda fazem suas necessidades fisiológicas nas vias públicas e não têm o menor zelo para com a limpeza da cidade, não a cuida como se fosse a sua própria casa.
No último 25 de Junho, estava na casa da minha mãe quando vi os garis cuidando da limpeza da rua com o apoio de uma caçamba. Cinco minutos depois, - se tanto -, apareceu uma moradora com um saco plástico e. zum,zum,zum,vupt! Não se deu nem ao trabalho de atravessar a rua. O saco plástico não resistiu ao arremesso e espatifou-se deixando à mostra vísceras de galinha.
Enquanto eu meditava sobre a necessidade de uma mobilização dos clubes de serviço, da classe professoral e da prefeitura a fim de promover uma campanha educacional tendo como monitores o próprio alunado, a criação de um concurso para premiar os moradores que entregassem o lixo em recipientes separados (o deteriorável de garrafas plásticas e papelão), e, por fim, um Cooperativa de Catadores de Lixo de Cachoeira, num galpão onde funcionaria uma futura Usina de Reciclagem, apareceu descendo da ladeira do Bar de Brito um animal enorme, todo preto. Juro que eu pensei que era um javali! Corri e bati a porta da casa e fiquei olhando pela frincha da porta; era um porco! Um porco bastante cevado que, graças ao seu impulso gastronômico acabou fazendo a limpeza que durou pouco. Na hora do desfile, a lixeira já transbordava.
No curto período em que estive secretário na primeira gestão do prefeito Ariston Mascarenhas, juntamente com o professor Adjarva Dias, então presidente da Câmara de Vereadores, criamos vários eventos e, dentre eles, o Dia do Gari, 16 de maio, que comemoramos com um almoço na Gruta Azul e uma Sessão Especial na Câmara.
No Dia do Gari, faça uma reflexão sobre o trabalho desempenhado por esses servidores municipais ou terceirizados, passe a olhá-los com outros olhos, afinal, embora considerado como trabalho sujo não deixa de ser digno e, sobretudo merecedor do nosso respeito e da nossa colaboração.
*Erivaldo Brito, cachoeirano, é advogado, radicado na cidade do Rio de Janeiro/RJ
Na minha cidade natal, Cachoeira, na Bahia, o esgotamento sanitário e o abastecimento de água nasceram quase ao mesmo tempo,em 1781, só que, passaram-se 41 anos, ou seja, em 1822 para que o Chafariz (ainda existente e desativado na antiga Praça da Regeneração, atual Dr.Milton, e que poderia estar funcionando como uma espécie de fonte luminosa) viesse a funcionar.
Ainda que a água contivesse toda a sorte de impurezas, era dali que os escravos (depois os aguadeiros) apanhavam a água que abastecia grande parte da cidade. A Santa Casa de Misericórdia e as Igrejas da Ordem Terceira e do Carmo, por exemplo, possuíam poços artesianos de água potável de ótima qualidade.
Quanto à limpeza urbana, amigos, era uma lástima. O velho calçamento com pedras chamadas de “cabeça de negro”, sem o rejunte devido, possibilitava o rápido crescimento de capim e ervas daninhas.
Os excrementos residenciais eram recolhidos em barris que, levados pelos escravos (depois criados), eram jogados no leito do já maltratado e histórico Rio Paraguaçu, outro injustiçado não obstante haver desempenhado papel preponderante na magna data cachoeirana, o 25 de Junho.
É do conhecimento dos que se interessam pela história da cidade, o fato de pinicos sendo despejados pelas janelas com a anedótica frase: - Sai de baixo, Ioiô, que lá vai cocô!
Tantos anos volvidos, mas, infelizmente, temos de convir que pouca coisa mudou. Muitas pessoas ainda fazem suas necessidades fisiológicas nas vias públicas e não têm o menor zelo para com a limpeza da cidade, não a cuida como se fosse a sua própria casa.
No último 25 de Junho, estava na casa da minha mãe quando vi os garis cuidando da limpeza da rua com o apoio de uma caçamba. Cinco minutos depois, - se tanto -, apareceu uma moradora com um saco plástico e. zum,zum,zum,vupt! Não se deu nem ao trabalho de atravessar a rua. O saco plástico não resistiu ao arremesso e espatifou-se deixando à mostra vísceras de galinha.
Enquanto eu meditava sobre a necessidade de uma mobilização dos clubes de serviço, da classe professoral e da prefeitura a fim de promover uma campanha educacional tendo como monitores o próprio alunado, a criação de um concurso para premiar os moradores que entregassem o lixo em recipientes separados (o deteriorável de garrafas plásticas e papelão), e, por fim, um Cooperativa de Catadores de Lixo de Cachoeira, num galpão onde funcionaria uma futura Usina de Reciclagem, apareceu descendo da ladeira do Bar de Brito um animal enorme, todo preto. Juro que eu pensei que era um javali! Corri e bati a porta da casa e fiquei olhando pela frincha da porta; era um porco! Um porco bastante cevado que, graças ao seu impulso gastronômico acabou fazendo a limpeza que durou pouco. Na hora do desfile, a lixeira já transbordava.
No curto período em que estive secretário na primeira gestão do prefeito Ariston Mascarenhas, juntamente com o professor Adjarva Dias, então presidente da Câmara de Vereadores, criamos vários eventos e, dentre eles, o Dia do Gari, 16 de maio, que comemoramos com um almoço na Gruta Azul e uma Sessão Especial na Câmara.
No Dia do Gari, faça uma reflexão sobre o trabalho desempenhado por esses servidores municipais ou terceirizados, passe a olhá-los com outros olhos, afinal, embora considerado como trabalho sujo não deixa de ser digno e, sobretudo merecedor do nosso respeito e da nossa colaboração.
*Erivaldo Brito, cachoeirano, é advogado, radicado na cidade do Rio de Janeiro/RJ
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