Etimologicamente oriunda do latim, tribulationis, significa no vernáculo, adversidade, amargura. Eu estava mais ou menos assim diante da ansiedade em renovar o contrato de locação do apartamento onde moro.
Quando a gente fica idoso é assim, qualquer probleminha tira logo o sono. E nem havia motivo para tanta preocupação, visto haver interesse mútuo na renovação por mais três anos do referido contrato, com um pequeno reajuste, claro.
Então, meu caro, peguei a Bíblia da minha saudosa esposa e abri aleatoriamente. Lá estava o Salmo 37 versículo 25: “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado nem a sua descendência a mendigar o pão”. O “recado” foi dado, fiquei tranquilo e, no mesmo dia fez-se luz e tudo deu certo. E é para falar de luz a nossa memória de hoje.
Para suprir a necessidade de iluminar alguns logradouros da então Vila da Cachoeira, era utilizado o óleo da baleia, que era relativamente barato e abundante à época de nenhuma preocupação com o politicamente correto.
No dia 25 de maio de 1887, o Conselho Municipal fazia publicar um Edital de Concorrência Pública a fim de substituir os antigos candeeiros. Apresentaram-se como licitantes João Francisco de Carvalho, Vicente Ferreira de Queiroz, Antonio d'Almeida Ramalho e Adeodato e Uzeda & Companhia, que apresentou a proposta vencedora.
Assim, já no dia 17 de novembro, os velhos e obsoletos candeeiros começaram a ser substituídos por “modernos lampiões do sistema belga com força de quarenta velas” conforme noticiaram os jornais cachoeiranos da época.
No aludido contrato firmado entre o Conselho Municipal e a firma Uzeda & Companhia, existia uma cláusula em que, ”ficavam os contratados obrigados a instalar cento e dez lampiões de ferro fundido, de conformidade com o modelo do desenho aprovado, custando o preço de quarenta mil reis cada braço e a caixa de lâmpadas, sete mil e quinhentos reis, além de manterem o serviço de iluminação pelo espaço de um ano, mediante a quantia de dezessete contos de reis anuais pagos trimestralmente, sendo encarregado do serviço o Engenheiro Luiz de Souza Matos”.
Uma Comissão composta dos vereadores advogado José Almachio Ribeiro Guimarães, capitão Rosalvo Fraga e do Engenheiro Afonso Glicério da Cunha Maciel, foi firmado para designar os locais para colocação das colunas e braços da nova iluminação, sendo sessenta e seis na Cachoeira e cinquenta na então povoação de São Felix. Desses cento e dezesseis lampiões restam hoje os da Prefeitura, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário e Santa Casa de Misericórdia, todos na Cachoeira.
Vinte e nove anos depois da instalação dos lampiões,em 1916,portanto, a iluminação pública cachoeirana mostrava-se insuficiente, sobretudo porque a cada dia “desapareciam misteriosamente” mais lampiões! Foi então que a polícia resolveu “acordar” e acabou dando o flagra “passando a mão” no indivíduo de nome Antonio Bonifácio da Silva. Na delegacia, conforme noticiou o jornal O Guarany da época, o larápio tornou-se réu confesso:
“- O que fez dos lampiões que roubou? Perguntou o delegado - Vendi todos aí pelo mato, na Faleira, no Cágados, na Boa Vista, em Bom Jardim e no Serra.
- Conhece a quem vendeu?
- Sim, senhor!”
E conhecia, sim, porque, horas depois, a polícia ia ao encalço dos receptadores, enquanto o gatuno cinicamente confessava;
“ - Este eu roubei na noite tal no Largo da Matriz, aquele eu roubei há pouco tempo na esquina de um hotel, este daqui, eu roubei na Pitanga...”
Em agosto do referido ano (1916), hospedava-se no hotel de Juvenal, o senhor Domingos Galeiteri, representante das lâmpadas Kanigt, que era abastecidas à gasolina. Era o que havia de mais moderno no mundo.
Dias depois, o senhor Domingos realizaria uma experiência com as lâmpadas que representava na antiga Praça dos Arcos, atual Teixeira de Freitas. A população cachoeirana ficou extasiada, pois as lâmpadas de gasolina Kanigt, segundo jornais cachoeiranos da época, davam “uma luz clara e fixa”.
Três anos após a instalação da nova e moderna iluminação pública da Cachoeira, aconteceu um problema que ninguém havia previsto: faltou gasolina na praça! Quem governava a cidade, na ocasião, era o Dr.Ubaldino de Assis. Ele, naturalmente, não se conformou com aquela situação. Como bom administrador que era, foi pessoalmente até os Agentes e às casas comerciais da cidade e da vizinha São Felix, mas, o resultado foi negativo visto que, em decorrência da primeira Guerra Mundial, as reservas eram insignificantes e destinada à freguesia urbana de diversas cidades.
Sem jeito a dar, muito constrangido, pois era avesso às críticas, Dr.Ubaldino suspendeu a iluminação pública, determinando iluminar-se a fachada do Paço Municipal (atual Câmara de Vereadores) com acetileno e fez um apelo pela imprensa para que “as casas comerciais e particulares mantivessem suas fachadas iluminadas nos dias sem lua, ou até que esta apareça, pagando aos particulares as despesas com o carbureto”.E assim se passaram dez anos, com a população cachoeirana praticamente não saindo às ruas durante a noite, até que, no dia 6 de fevereiro de 1930, há 82 anos, o operoso prefeito Cunegundes Barreto inaugurava a luz elétrica, com a presença do governador Góes Calmon, que foi homenageado pelo prefeito dando o seu nome ao Jardim hoje conhecido como Faquir.
O orador oficial da solenidade foi o jornalista e escritor Augusto de Azevedo Luz que a todos encantou com a sua vibrante oratória.
Quando a gente fica idoso é assim, qualquer probleminha tira logo o sono. E nem havia motivo para tanta preocupação, visto haver interesse mútuo na renovação por mais três anos do referido contrato, com um pequeno reajuste, claro.
Então, meu caro, peguei a Bíblia da minha saudosa esposa e abri aleatoriamente. Lá estava o Salmo 37 versículo 25: “Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado nem a sua descendência a mendigar o pão”. O “recado” foi dado, fiquei tranquilo e, no mesmo dia fez-se luz e tudo deu certo. E é para falar de luz a nossa memória de hoje.
Para suprir a necessidade de iluminar alguns logradouros da então Vila da Cachoeira, era utilizado o óleo da baleia, que era relativamente barato e abundante à época de nenhuma preocupação com o politicamente correto.
No dia 25 de maio de 1887, o Conselho Municipal fazia publicar um Edital de Concorrência Pública a fim de substituir os antigos candeeiros. Apresentaram-se como licitantes João Francisco de Carvalho, Vicente Ferreira de Queiroz, Antonio d'Almeida Ramalho e Adeodato e Uzeda & Companhia, que apresentou a proposta vencedora.
Assim, já no dia 17 de novembro, os velhos e obsoletos candeeiros começaram a ser substituídos por “modernos lampiões do sistema belga com força de quarenta velas” conforme noticiaram os jornais cachoeiranos da época.
No aludido contrato firmado entre o Conselho Municipal e a firma Uzeda & Companhia, existia uma cláusula em que, ”ficavam os contratados obrigados a instalar cento e dez lampiões de ferro fundido, de conformidade com o modelo do desenho aprovado, custando o preço de quarenta mil reis cada braço e a caixa de lâmpadas, sete mil e quinhentos reis, além de manterem o serviço de iluminação pelo espaço de um ano, mediante a quantia de dezessete contos de reis anuais pagos trimestralmente, sendo encarregado do serviço o Engenheiro Luiz de Souza Matos”.
Uma Comissão composta dos vereadores advogado José Almachio Ribeiro Guimarães, capitão Rosalvo Fraga e do Engenheiro Afonso Glicério da Cunha Maciel, foi firmado para designar os locais para colocação das colunas e braços da nova iluminação, sendo sessenta e seis na Cachoeira e cinquenta na então povoação de São Felix. Desses cento e dezesseis lampiões restam hoje os da Prefeitura, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário e Santa Casa de Misericórdia, todos na Cachoeira.
Vinte e nove anos depois da instalação dos lampiões,em 1916,portanto, a iluminação pública cachoeirana mostrava-se insuficiente, sobretudo porque a cada dia “desapareciam misteriosamente” mais lampiões! Foi então que a polícia resolveu “acordar” e acabou dando o flagra “passando a mão” no indivíduo de nome Antonio Bonifácio da Silva. Na delegacia, conforme noticiou o jornal O Guarany da época, o larápio tornou-se réu confesso:
“- O que fez dos lampiões que roubou? Perguntou o delegado - Vendi todos aí pelo mato, na Faleira, no Cágados, na Boa Vista, em Bom Jardim e no Serra.
- Conhece a quem vendeu?
- Sim, senhor!”
E conhecia, sim, porque, horas depois, a polícia ia ao encalço dos receptadores, enquanto o gatuno cinicamente confessava;
“ - Este eu roubei na noite tal no Largo da Matriz, aquele eu roubei há pouco tempo na esquina de um hotel, este daqui, eu roubei na Pitanga...”
Em agosto do referido ano (1916), hospedava-se no hotel de Juvenal, o senhor Domingos Galeiteri, representante das lâmpadas Kanigt, que era abastecidas à gasolina. Era o que havia de mais moderno no mundo.
Dias depois, o senhor Domingos realizaria uma experiência com as lâmpadas que representava na antiga Praça dos Arcos, atual Teixeira de Freitas. A população cachoeirana ficou extasiada, pois as lâmpadas de gasolina Kanigt, segundo jornais cachoeiranos da época, davam “uma luz clara e fixa”.
Três anos após a instalação da nova e moderna iluminação pública da Cachoeira, aconteceu um problema que ninguém havia previsto: faltou gasolina na praça! Quem governava a cidade, na ocasião, era o Dr.Ubaldino de Assis. Ele, naturalmente, não se conformou com aquela situação. Como bom administrador que era, foi pessoalmente até os Agentes e às casas comerciais da cidade e da vizinha São Felix, mas, o resultado foi negativo visto que, em decorrência da primeira Guerra Mundial, as reservas eram insignificantes e destinada à freguesia urbana de diversas cidades.
Sem jeito a dar, muito constrangido, pois era avesso às críticas, Dr.Ubaldino suspendeu a iluminação pública, determinando iluminar-se a fachada do Paço Municipal (atual Câmara de Vereadores) com acetileno e fez um apelo pela imprensa para que “as casas comerciais e particulares mantivessem suas fachadas iluminadas nos dias sem lua, ou até que esta apareça, pagando aos particulares as despesas com o carbureto”.E assim se passaram dez anos, com a população cachoeirana praticamente não saindo às ruas durante a noite, até que, no dia 6 de fevereiro de 1930, há 82 anos, o operoso prefeito Cunegundes Barreto inaugurava a luz elétrica, com a presença do governador Góes Calmon, que foi homenageado pelo prefeito dando o seu nome ao Jardim hoje conhecido como Faquir.
O orador oficial da solenidade foi o jornalista e escritor Augusto de Azevedo Luz que a todos encantou com a sua vibrante oratória.
Erivaldo Brito - um historiador notável colecionador de acervo de fatos relevantes que marcaram épocas da brilhante história da Cidade Heróica e Monumento Nacional com lúcida experiência relata eventos que fizeram desta Cidade ser diferenciada com sua beleza natural, berço da cultura nacional de valor histórico e incomparável.
ResponderExcluirParabéns ao ilustre Erivaldo Brito - seu talento notório, sua dedicação e desprendimento em blindar sua gente com destacados artigos com registros nos Anais da história, trazendo a memória pela importância para conhecimento e formação do alunado, pesquisadores/acadêmicos, ávidos por informações sobre fatos que destacam a riqueza cultural e histórica desta terra amada marcada pelo brilho dos antepassados de valores relevantes e suas efemérides que contribuíram para a construção da beleza, riqueza e grandeza desta Cidade Mãe, acolhedora e de beleza natural.
Com satisfação, recebo os artigos desse abnegado cachoeirano, sua notória aplicação em blindar seu povo com artigos valiosos, aguçando a memória com fatos inusitados de acontecimentos que fez da Cachoeira, a Cidade Histórica, Heróica e Monumento Nacional.
Ao dileto cachoeirano e amigo, Erivaldo Brito, congratulações e reconhecimento à sua brilhante dedicação em escrever com sua sapiência e simplicidade fatos de sua terra natal que aguarda seu retorno para convívio dos seus seguidores e admiradores.
Forte abraço - saúde e sucesso neste 2012
Erivaldo Brito - um historiador notável colecionador de acervo de fatos relevantes que marcaram épocas da brilhante história da Cidade Heróica e Monumento Nacional, com lúcida experiência relata eventos que fizeram desta Cidade ser diferenciada em seu aspectos natural, berço da cultura nacional e valor histórico incomparável.
ResponderExcluirParabéns ao ilustre Erivaldo Brito - seu talento notório, sua dedicação em blindar sua gente com artigos que merecem destaque nos Anais da nossa história, trazendo a memória fatos de suma importância à valorização do alunado e pesquisadores que precisam conhecer melhor os antepassados e valores das efemérides cachoeiranas que contribuíram com a beleza e grandeza desta Cidade Mãe, acolhedora e cultivadora de sua riqueza e beleza natural.
Com satisfação, registro o apreço aos artigos desse abnegado cachoeirano, sua aplicação em blindar sua gente com matérias aguçando a memória com fatos inusitados que revelam acontecimentos que fez da Cachoeira a Cidade Histórica, Heróica e Monumento Nacional.
Ao dileto amigo Erivaldo Brito, congratulações e reconhecimento por sua brilhante dedicação escrevendo para o Jornal o Guarany, Cachoeira On line e outro blog's sobre eventos da história da sua terra natal trazendo a memória assuntos de grande relevância ao conhecimentos de seus seguidores e admiradores.
Forte abraço e votos de saúde, paz e sucesso neste 2012
Erivaldo Brito - um historiador notável colecionador de acervo de fatos relevantes que marcaram épocas da brilhante história da Cidade Heróica e Monumento Nacional com lúcida experiência relata eventos de épocas que fizeram dessa Cidade diferenciada em seu aspectos natural, berço da cultura nacional de valor histórico e heróico de valor incomparável.
ResponderExcluirParabéns ao ilustre Erivaldo Brito - seu talento notório, sua dedicação em blindar sua gente com artigos que merecem destaque nos Anais da nossa história, trazendo a memória fatos de suma importância à valorização do alunado e pesquisadores que precisam conhecer melhor os antepassados e valores das efemérides cachoeiranas que contribuíram com a beleza e grandeza desta Cidade Mãe, acolhedora e cultivadora de sua riqueza e beleza natural.
Com satisfação, recebo os artigos desse abnegado cachoeirano por sua aplicação em blindar sua gente com seus artigos aguçando assim nossa memória com fatos inusitados que revelam acontecimentos da rica história que fez da Cachoeira a Cidade Histórica, Heróica e Monumento Nacional.
Ao Erivaldo Brito, congratulações de sua gente com o reconhecimento de sua brilhante dedicação aos fatos de sua terra natal que aguarda o seu retorno para o convívio dos seus incontáveis seguidores e admiradores.
Forte abraço saúde e sucesso neste 2012
Meu ilustre Edil Antonio Carlos Gomes:
ExcluirAgradeço sensibilizado o seu comentário,escrito com uma certa formalidade em se tratando (segundo penso),do meu fraterno amigo Carlinhos. Ah,quanto tempo,hein,amigo?
Depois da morte de Luiza,minha esposa,pensei em retornar ao convívio da nossa terra,da nossa gente,porém,o meu caçula deu-me uma neta,recentemente,e eu tive de reformular meus planos a fim de ajudá-lo,pois ainda é estagiário de Direito.
Espero,na próxima ida à Cachoeira,poder encontrá-lo e colocar o papo em dia.
Grande abraço do,
Erivaldo Brito