domingo, 22 de janeiro de 2012

MAÇONARIA MISTA
A guardiã da nova ordem mundial

“Ordo ab Chao”
Por Edson Monteiro
Mestre Maçom

Grão Mestre Elizabeth Boswell-Reid
Westminster, EUA, 1933
O forte motivo para ainda hoje as mulheres estarem fora maçonaria reconhecida pela Inglaterra, o que as indigna, respalda-se no estabelecido porque James Anderson no artigo 18º de sua Constituição de 1723, após a transformação da Maçonaria Operativa em 1717, onde proibiu o ingresso delas na Ordem. O mesmo foi feito no 18º Landmark compilado por Albert Mackey em 1856. Tudo isso é tão ridículo, tão "démodé" a ponto de não se saber a razão para tamanha excrescência. Alguns defendem razões no Antigo Testamento, na lei mosaica, cruel com a mulher (João 8:4, 5) e liberal com o homem (I Reis 11:3). O que parece mais plausível é o preconceito inglês do século XVIII, que se manteve forte no século XIX até metade do século XX, quando a emancipação social e política da mulher começou a ser uma realidade mundial, excludentes, infelizmente, alguns regiões de pensamento e moral arcaicas que persistem nesse erro, nessa injustiça.


A foto é do dia 26 de Setembro de 1933,
a Grão Mestre Elizabeth Boswell-Reid é
a quarta mulher da direita para a esquerda.
Parece-me que aí começou o antagonismo da maçonaria moderna, o mesmo que alimenta as condutas dissonantes com os discursos, pois excluíram o gênero feminino justamente à época em que a maçonaria passava de operativa a especulativa, quando deixava sua especial característica de agremiação de trabalhadores braçais, para se transformar na arte real repleta de postulados e princípios embasados no puro humanismo, a filosofia moral que apregoa alçar a humanidade à condição de dignidade social em lutas e conquistas da construção da sociedade; mas alijando a mulher significou que os homens entendiam que eram mais humanos que elas? Não consigo alcançar essa lógica que moveu nossos irmãos no passado, muito menos entendo a manutenção disso até hoje. Não é possível confiar em ações humanistas movidas por esses princípios, pois que homem e mulher juntos são a base da sociedade humana.

Conclave maçônico
Fiz questão de ir avante aos estudos do Rito Escocês Antigo e Aceito até o grau 33, para procurar ver e entender se haveria alguma razão para essa discriminação, talvez criptografada em algum dos altos graus filosóficos, em algum momento... mas nada! A filosofia esotérica que a maçonaria aborda estimula a busca por ambos os gêneros, como sempre ocorreu nos estudos, cultos e ordens ocultas de todos os tempos, pois que nada há na magia da criação sem o complemento masculino e feminino; um sem o outro é busca estéril. Ambos os gêneros são a base da família, a célula do tecido social, a base da sociedade, e não somente ante os valores humanistas que todos os seres humanos são essencialmente iguais, mas também perante a verdade divina e universal.

Tem a humanidade mulheres sem conta que foram exemplos de virtude, abnegação, lealdade às crenças, às nações, às causas dignas humanitárias. Heroínas, santas e mentoras há em quantidade semelhante ao gênero masculino, mas certamente elas superam nos exemplos de probidade, justiça, amor, resignação e misericórdia.

Maria Deraismes, francesa,
da Resp.Loj Le Droit Humain
Maçonaria Mista, em Paris - 1893
Em todas as culturas e religiões da antiguidade vemos divindades masculinas e femininas, heróis e heroínas amparados por seus consortes; quando consortes são conhecidas por Deusa-Mãe, Mãe Divina, Magna Mater, é o divino arquétipo feminino de todas as dignas esposas e mães. O criador não pode tirar do não manifesto ao manifesto sem a interveniência do poder gerador feminino; o masculino cria, o feminino manifesta, gera. Como pode a maçonaria manifestar a criação sem os dois? Creio fielmente que aí está a razão do por que patinamos: excluímos a geradora do processo, ignoramos seus dotes de ternura, compaixão, proteção, paciência, compreensão, beleza e força. Equivocam-se os que crêem que estamos com a sabedoria e a força quando sozinhos; basta lembrar o velho testamento: das mãos da mulher recebemos o fruto da sabedoria que nos abriu o entendimento e nos levou ao trabalho. Seríamos sábios se tivéssemos conosco o apoio da força feminina, para juntos gerarmos a beleza manifestada que se espera da obra maçônica. É assim que se faz maçonaria.

Brenda Taylor a Grão Mestre da
Order of Women Freemasons-2007
Nada há de discriminatório à mulher no passado das corporações de pedreiros da idade média, nenhum registro. Há várias lojas femininas e mistas espalhadas pelo mundo, em diferentes potências não subordinadas à Grande Loja Unida da Inglaterra, cuja concentração é especialmente importante na França. Será que continuaremos tão tradicionalistas a ponto de aceitarmos os mesmos ditames maçônicos dos mesmos que à época de 22 de janeiro de1808, assessoraram, alimentaram, escoltaram o desembarque real em solo brasileiro, e que ainda tentam ditar, até certa medida, com aliados, a ordem mundial?

Podemos ainda discutir se é legítimo que apenas um grupo, uma organização, se arvore os donos da verdade, os donos da maçonaria; quem não estiver com eles, estão fora, não reconhecidos, espúrios. Na verdade essas divisões deveriam deixar de existir, isso é territorialismo, coisa das cavernas; a maçonaria é universal, todos deveriam se reconhecer mutuamente, e creio, sinceramente, que esse é o futuro mais favorável para todos. Na globalização ou nos afirmamos como seres irmãos de mesma origem, ou sucumbiremos sob nossos egoismos e nossas ambições.

Ora, a ordem mundial está em franca mudança, extinguiu-se o conceito de primeiro, segundo e terceiro mundos, somos uma nação do rol dos emergentes; já vivemos ares da prosperidade, não somos mais uma promessa, mas nossa nação depende da nossa determinação pelo estabelecimento do progresso com ordem social. Está em nossa bandeira, "Ordem e Progresso", mas como isso é possível se continuarmos obtusos em relação ao papel da mulher nas lutas da construção social? A maçonaria mista é a guardiã da nova ordem mundial. Quem continuar julgando que maçonaria é só para os homens, está na contra-mão da história, e deve fazer reflexão e ponderação sobre os passos doravante; pensem nisso, ou também neste assunto se fará como a praxis de sempre, braços cruzados, mocos, inertes feito mortos? Aos que negarem, peço que reflitam sobre o que os move: o atraso, o comodismo, o preconceito ou a covardia? Termino com um sábio pensamento:

Jovens Aprendizes
"... A admissão da mulher nos templos maçônicos, hoje tão vazios em toda à parte, só lhes poderia dar maior colorido e vitalidade, e enriquecer sua cultura, sua moral e sua utilidade social"...
Dicionário de Maçonaria - Joaquim Gervásio de Figueiredo33º
PENSEM NISSO!





Fonte: blog "Pela Ordem: os irmãos com a palavra"

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