É pau casca,-como diziam os antigos-, todos nós no começo do ano somos levados a fazer reflexões várias, e, uma delas, - no meu caso pessoal -, é pensar numa saída para a minha terra natal voltar à pujança de antanho.
Acredito, por exemplo, em uma das opções que é a revitalização do porto fluvial, a navegabilidade do rio Paraguaçu e a implantação da Zona Franca do Recôncavo, nos moldes do que se fez há anos passados, com sucesso, em Manaus.
Isso vai depender fundamentalmente da chamada “vontade política”, então, uma reivindicação popular através de assinaturas chanceladas pela senadora cachoeirana Lídice da Mata, com certeza teria um respaldo político considerável.
No meu entendimento, de nada ou quase nada tem adiantado fazer-se a tal “Carta ao Governador” invariavelmente elaborada e entregue no dia da magna sessão do dia 25 de junho. Se você acredita que Sua Excelência vai realmente ler aquele catatau, aquela xaropada de pedidos até inexeqüíveis, por certo também acredita em Papai Noel, Saci Pererê, Mula sem Cabeça, Horóscopos e no fim do mundo para este ano.
Outra reflexão, - para ficarmos apenas em duas -, é a exploração da chamada “indústria sem chaminés”, o turismo. O primeiro passo para dar um salto de qualidade no insipiente turismo cachoeirano, é repensar o calendário de eventos, reformulá-lo e divulgá-lo previamente em todos os meios de comunicação do estado.
Meus amigos, sinceramente, Feira do Porto, Boa Morte e Festa da Ajuda é pouco, precisamos criar atrações novas, inclusive para o final de ano a fim de fixar os moradores locais e gerar fluxo de visitantes de outras cidades e até de estrangeiros.
Não é saudosismo não, mas, houve uma época que nem tão longe vai, que num final de semana cachoeirano vários acontecimentos se desenrolaram simultaneamente: matinal superlotada em benefício da Casa dos Velhos (sob o comando do locutor que vos fala), no cinema. Durante a tarde, matiné do cinema, show no auditório das Sacramentinas, palestra no Centro Espírita Obreiros do Bem, espetáculo em um circo armado no velho campinho Ubaldino de Assis e o campeonato cachoeirano embalado pela rivalidade sadia entre as equipes do Tororo, Bangu, Nacional, Cruzeiro e Colônia Cachoeirana, que trazia de volta todas as semanas dezenas de conterrâneos residentes em Salvador. E havia gente para todos os eventos.
Há tempo venho sonhando com a implantação da Árvore de Natal sob o rio Paraguaçu sob o patrocínio, – e por que não? – do Bradesco. O projeto a ser apresentado é muito simples: barris vazios, lastro de madeira, estrutura metálica (para armação da árvore), um pequeno gerador e decoração em lâmpadas multicoloridas que se encontram à venda até em barracas de feiras livres.
A programação de show deve constar fundamentalmente com a chamada prata da casa. Uma competição de triatlo, compreendendo corrida, nado livre e bicicleta, teria o patrocínio dos Correios, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Para a competição do nado, a coordenação seria da Votorantim (que controla a vazão do rio) e o de bicicletas da Viação Férrea Federal que controla o trânsito na ponte D.Pedro II.
No Natal, haveria distribuição de cestas básicas e brinquedos usados para as crianças pobres e a celebração de um culto ecumênico. No réveillon, haveria um carnaval fora de época.
A concessão para barraqueiros deveria ser mais rigorosa, sendo permitida a armação de barracas em torno do Jardim do Faquir (para não tirar a visão da árvore) e expressamente proibida àquela coisa de juntar quatro caibros e um pedaço de plástico preto como fazem na Feira do Porto.
Como vimos, é um projeto que não é do outro mundo, na Cachoeira tem, sim, várias pessoas em condições de realizá-lo. Vai dar trabalho, sim, vai custar dinheiro, sim, mas o que é barato e faz efeito é leite de magnésia.
Não existe também nenhum segredo para oferecer ao visitante conforto, comodidade, segurança, boa culinária. Os prédios, mesmo os que estão em ruínas, se estiverem limpinhos o turista visita, como na Europa. Quanto à limpeza pública... Estando na minha terra, pude ver um lance interessante: os garis efetuaram a limpeza, logo em seguida chegou uma caçamba e levou toda aquela sujeira. Em menos de cinco minutos apareceu no passeio onde eu estava uma senhora com um pacote de vísceras de galinha e não se deu ao trabalho de atravessar a rua. De onde estava, vupt! E errou o alvo! Logo depois apareceu um porco enorme (cheguei a pensar que era um javali) e colaborou com a limpeza pública, sendo, entretanto os seus esforços em vão, porque quando o desfile cívico passou, a lixeira estava transbordando.
Os educadores cachoeiranos deveriam encetar uma campanha de cidadania entre o alunado. Eles seriam os encarregados de reeducar os familiares que já cuidam e enfeitam suas casas, por que não cuidar da rua onde moram?
Os locais de visitação pública (Casa da Câmara e Cadeia, casa natal de Teixeira de Freitas e Ana Neri, Igrejas, Terreiros etc.) deverão estar em ordem, assim como a revitalização dos balneários do Caquende e de Belém, utilização do rio para competições esportivas durante o ano e passeios de pedalinho.
O Guia Turístico deve ser devidamente preparado com conhecimentos da história geral da cidade e com domínio de idiomas, item que o amigo professor Pedro Borges tem experiência e competência profissional de elaborar um projeto de ensino dinâmico voltado à conversação.
Atrair investidores de fora, no meu entendimento, deve ser uma prioridade e constar no programa de governo de qualquer candidato a chefe do executivo cachoeirano. Para isso, novamente elaborar projetos como, por exemplo, na exploração dos recursos minerais e no turismo.
Não é necessário dizer-se que, não basta apenas a minha vontade, a sua vontade pessoal amigo leitor. É preciso que boa parte das pessoas acreditem que é possível, sim, que essa vontade seja impulsionadora da transformação que sonhamos, independentemente das manjadíssimas previsões apocalípticas dos amantes da teoria do fim do mundo.
Desejo que este ano seja venturoso, que a fome e a miséria sejam banidas do país. Que a saúde pública dê uma guinada em favor dos pobres que não podem pagar planos de saúde e apenas para curar o câncer dos políticos. Que a justiça seja plena para todos, sem morosidade, sem batalhas de egos. Que o sistema carcerário seja mais humano. Que os abnegados educadores possam auferir remuneração compatível. Que a corrupção, os malfeitos, a impunidade e a injustiça pelo menos diminuam. Que, finalmente, possamos transformar o ano de dois mil e “doce” para todos. Depende de nós a realização de sonhos antigos.
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