por Samuel Celestino
A crise ministerial que ocupou o espaço político-policial do governo Dilma Rousseff praticamente desde o início acontece com a repetição de fatos semelhantes que se desenvolvem também de forma semelhante em fases de um processo que guarda uma estranha identidade. Observem as etapas do que acontece:
1ª- Denúncia; 2ª- O denunciado esperneia, fala em denuncismo, nega tudo por todos os santos, imputa o vazamento dos fatos à armação de adversários, excomunga a imprensa; 3ª- A presidente Dilma e o Palácio do Planalto entram em cena esperando explicações convincentes do ministro; 4ª- A presidente e o Planalto aguardam e dizem que não há sinais de corrupção evidente e que o ministro está “prestigiado”; 5º- Surgem novos fatos embrulhados em outras denúncias e da sombra surge um novo acusador; 6ª -O ministro denunciado esperneia e é levado para a UTI político-moral; 7ª- Dilma continua aguardando; 8ª- O quadro do paciente piora e a presidência convida líderes do partido do ministro, dono da fatia do poder, ou feudo dividido pela política de coalizão; 9ª- O cidadão se demite “para facilitar a presidente”, ou sai dizendo impropérios, como o ministro dos Transportes Alfredo Nascimento o fez e, 10º- A República digere a suposta corrupção e, como sempre, ninguém é punido. O contribuinte paga a conta daqueles que enriqueceram às custas do erário.
O processo Carlos Lupi, cujo partido, o PDT, é dono do feudo do Trabalho está, a partir do cronograma acima exposto, na fase sete. Diferente dos seis outros que caíram por suposta corrupção, ele é um tipo estranho, falastrão, diz o que deve o que não deve. Seu último ato na cena sétima foi, depois de criticado, dizer um bocado de bobagens misturadas com idiotices, afirmar-se como senhor das virtudes da República que só pode ser abatido com bala de grosso calibre, depois alardeia que não sai do cargo nem na reforma ministerial prevista para o início do ano. Posteriormente, declarou-se não a bola da vez, mas a bola sete que, no jogo de sinuca, ganha o jogo (segundo ele).
O Palácio do Planalto entrou em cólicas e aí, a ele disseram que havia falado demais e o que não deveria. Pediu, então, para depor numa das comissões da Câmara e, lá, o show inesperado: abriu os braços e fez o País rir: “Dilma me desculpe pelo o que eu disse. Me desculpe presidente! Eu te amo, Dilma!” Parece que deu certo o amor declarado, que pode ser tanto a Dilma como ao poder que ela enfeixa. O certo é que, momentos depois, Dilma disse à imprensa que estava tudo em paz. E disparou também uma bela frase: “O passado, passou.”
*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde deste domingo (13).
*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde deste domingo (13).

Nenhum comentário:
Postar um comentário