Os maçons do século XVIII orgulhavam-se de seu igualitarismo, e demonstravam-no às vezes iniciando pessoas cuja companhia, em outras circunstâncias, teriam evitado.
Um célebre exemplo do espírito aberto dos maçons envolveu um ex-escravo, Angelo Soliman.
Nascido na África do Norte no início do século XVIII (1721), Soliman foi vendido como escravo quando criança. Educado na Europa por uma série de donos abastados, acabou tutor em uma casa aristocrata de Viena e tornou-se uma figura popular na corte. Foi alforriado e casou com uma baronesa viúva (06/02/1768 Magdalena). Em 1781, foi iniciado na Loja Maçônica Harmonia Verdadeira, que abrigava vários membros da elite social vienense.
Soliman tornou-se Venerável de sua Loja e ajudou a mudar seu ritual para incluir a leitura de textos acadêmicos e científicos sérios – prática depois adotada por lojas de toda a Europa, reforçando a fama de rigor intelectual da maçonaria. Ao mesmo tempo, a afiliação de Soliman à ordem tornou-se um exemplo do pensamento progressista dos maçons.
Mas finalmente o ex-escravo teve uma sina peculiar. Ao morrer, em 1796, teve seu corpo requisitado pelo Sacro Imperador Romano, Francisco II (Franz), que mandou empalha-lo. (O imperador tinha o hábito bizarro de colecionar corpos humanos empalhados.) O soberano exibiu a pavorosa peça de taxidermia em seu museu particular, apesar dos apelos da filha de Soliman (Josephine) e dos protestos indignados de seus irmãos maçons. A relíquia macabra ficou na coleção imperial até que, durante a revolução de 1848, uma bomba jogada na biblioteca do palácio destruiu os restos de Angelo Soliman com uma explosão de chamas misericordiosas.
Fonte: Livro dos Mistérios
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