sexta-feira, 9 de setembro de 2011

MEMÓRIA


Embaixatriz francesa na Cachoeira

POR ERIVALDO BRITO


Há exatos 23 anos passados, na manhã chuvosa de 16 de abril, a Cachoeira recebia a visita honrosa da Embaixatriz da França, Marie Claire Cuvillier, que se fazia acompanhar das consulesas, Dulce Barbue e Sônia Salah. Era uma visita oficial, tendo em vista que o prefeito Geraldo Simões, antecipadamente, convocou algumas pessoas da comunidade, incluindo-me, benevolentemente dentre essas.

Sua Excelência a senhora embaixatriz, saltou sob forte aguaceiro, no portão do Colégio Estadual da Cachoeira, sendo recepcionada pelos professores Walter Barreto e Edvaldo Carneiro do Rosário (Carneirinho), enquanto um grupo de alunos entoavam a conhecida cançoneta “Frére Jacques” .

Dali, rumamos até a Casa da Cultura (antiga Detenção), o prefeito Geraldo Simões, o Juiz de Paz, Lourival Melo, o Assessor de Turismo, Zulfo Sanches,o Diretor do Polycenter, professor Pedro Borges e autor desta memória.

As ilustres visitantes mostravam-se interessadas, ou mesmo por educação, sorriam sempre quando alguns dos presentes gesticulavam e falavam alto como se surdas elas fossem. Não sei por que isso ocorre sempre quando tentamos dialogar com estrangeiros.

Precavido, abusando da bondade, do conhecimento e do domínio de vários idiomas do meu amigo Pedrinho, “falei” acerca do General Labatut, da sua importância no movimento libertário de 1822, da influência da cultura francesa na Cachoeira a ponto de, uma das mais tradicionais festas do nosso calendário, as festas juninas, a dança da Quadrilha ser marcada no idioma francês, e uma ilha até hoje denominada de Ilha dos Franceses.

Diante do interesse despertado por todas as visitantes, cheguei à conclusão lógica do quanto estávamos despreparados, na ocasião, para recepcionar turistas estrangeiros, da carência de uma estrutura séria voltada ao turismo.

Permitam-me usar como exemplo três dos mais ilustres cachoeiranos conhecidos em qualquer parte do Brasil: Ana Neri, Teixeira de Freitas e André Rebouças. Vamos pela ordem.

Na casa natal de Ana Neri, Patrona das Enfermeiras do Brasil, na parte térrea, funciona um posto policial !!! Se estivessem usando fardas dos tempos da Guerra do Paraguai, ainda dava para se entender.

Naquele local, na parte térrea, deveria funcionar uma biblioteca com livros específicos de enfermagem, além de objetos antigos usados em manipulação farmacológica. No sobrado especificamente falando, nada mais do que móveis e objetos antigos como se estivesse sendo ocupado, como se o tempo não houvesse passado, como se os moradores tivessem se ausentado. Um cenário de filmagem.

Na casa onde nasceu o grande jurisconsulto Augusto Teixeira de Freitas, funcionaria uma biblioteca exclusiva de livros jurídicos, (não faltarão doadores do Brasil inteiro, inclusive as grandes editoras), e um auditório para conferências e palestras (na sala onde funcionava o salão do Juri). Agosto, (mês em que nasceu o notável jurista cachoeirano), seria realizado um mês inteiro de debates e palestras, com repercussão em todo o Brasil, não tenho dúvidas.

Um projeto feito no sentido, contaria com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil, com certeza.

O local onde nasceu André Rebouças, segundo apontamentos feitos pelo seu pai, foi naquele sobradão em frente à Igreja Matriz. André Rebouças é o patrono dos Engenheiros do Brasil. Um projeto bem elaborado, encontrará apoio de empresários, com certeza.

A Santa Casa de Misericórdia possui um memorial inexplorado, o Rotary, a Maçonaria, as duas filarmônicas,enfim, Cachoeira tem enorme potencial, dependendo apenas de boa vontade e não ficar aguardando, como de praxe, os recursos da Bolsa da Viúva.

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