sábado, 27 de agosto de 2011

A presença da molécula do DNA nas células dos corruptos

Pelo Prof. Pedro Borges, editor-chefe do Jornal O Guarany

DNA é uma molécula que existe dentro das células de todos os seres vivos, desde as bactérias, fungos e protozoários até os animais e plantas. Contém as informações necessárias para formar os seres com que possam se reproduzir. Trata-se de código secreto que ao ser decifrado pelas células, produz os componentes que fazem parte do corpo. Não se consegue ver a molécula de DNA a olho nu. Para estudá-la, os cientistas utilizam técnicas e aparelhos específicos.

Urge combater, isolar integralmente qualquer herança maldita, para que se possa construir uma sociedade de homens íntegros e honrados.

A Revista Veja, em uma de suas edições recentes (27/06/2011), traz ampla reportagem com que noticia cifras bilionárias dos cofres nacionais, desviadas em diversas modalidades de fraudes. “Onde se deitam os olhos, há irregularidade”, assegura a reportagem. Destacam-se em meio às diversas modalidades de fraude, a figura do “laranja”, indivíduo do qual se servem políticos desonestos, ladrões de colarinho branco, para formalizar trambiques geradores de enriquecimento ilícito. Via de regra, é gente humilde, destituída de capacidade crítica, pobre, personagem facilmente encontrada entre analfabetos ou semi-alfabetizados, cuja identidade é usada para transações infestadas do que é mais sujo e desonesto. Identificam-se, ainda, embora em menor número, “laranjas” igualmente espertos, que se aproveitam da transação ilícita para construir ou ampliar o próprio patrimônio, sob ameaça de denunciar o espertalhão líder da operação.

Eis alguns exemplos de “laranjas” usados por figuras da política nacional, segundo reportagem da mencionada Revista

Veja:

O Empresário - para esconder a posse de um canal de televisão nunca declarado à Receita Federal, o senador Jader Barbalho registrou a concessão em nome do empresário Joaquim da Costa Pereira. O empresário morreu no ano passado. Os filhos do extinto não querem devolver a TV.

O Capataz - O ex-senador Joaquim Roriz é um daqueles casos de políticos que foram multiplicando o patrimônio a cada mandato. Para não chamar atenção, ele abriu uma conta bancária em nome do capataz de sua fazenda, Geraldo Alves Barbosa.

A Doméstica – O escândalo dos atos secretos do Congresso revelou algumas personagens novas no mundo da corrupção, mas nem por isso inovadoras. O ex-diretor do Senado, João Carlos Zoghbi, pôs a empregada doméstica Maria Izabel Gomes para receber 2 milhões de reais por uma “consultoria”.

O Primo – O senador Renan Calheiros tinha um Fusca velho antes de entrar para a política. Com o tempo, virou pecuarista bem-sucedido e empresário emergente do ramo das comunicações. Parte desse patrimônio foi posta em nome de seu primo Tito Uchoa.

O Professor – O senador Romero Jucá é um velho conhecido do ramo hortifrutigranjeiro. No fim da década passada, ele se apropriou de uma empresa pública de comunicação. Para não levantar suspeitas, pôs tudo em nome do professor Pedro Padilha.

O Jardineiro – No fim do ano passado, foi descoberto um esquema de desvio de recursos do orçamento da União. O senador Gim Argello enviava dinheiro para entidades que existiam apenas no papel. Um dos “beneficiados” era o jardineiro Moisés da Silva Morais.

Outra modalidade, já investigada pela polícia federal, é a figura da “empresa coelho”, artifício criado pelo corrupto a fim de majorar o custo de realização de obras ou para prestar serviços aos municípios, ao estado e aos diversos órgãos do governo. A Reportagem da Revista Veja assim se refere a esta modalidade: “a empresa oferece um preço lá embaixo, ganha a concorrência e, depois, desiste em favor da segunda colocada - esta sim, com o preço nas nuvens.”

Tendo em vista que o braço da lei não desce com peso proporcional ao dano sobre quantos integram as quadrilhas de ladrões infestadas em todos os escalões dos governos, urge que políticos honestos da nação, vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, governadores, senadores, a presidenta Dilma Rousseff, todos os reconhecidamente honestos, adotem medidas sumárias para banir da administração pública os corruptos, os ladrões, não só demiti-los, mas puni-los severamente, na forma da Lei, obrigando-lhes a devolver os montantes roubados aos cofres da nação.

Paradoxalmente, o político desonesto é o que mais fácil se elege para cumprir mandatos, os mais influentes do país, em inúmeras estruturas dos Poderes nos municípios, nos estados, nas Assembléias Legislativas, na Câmara e no Senado, grande parte de cargos eletivos dessas prossegue sob comando de políticos com esse perfil, com raras exceções. Não lhes faltam capacidades inovadoras na estrutura formal do governo brasileiro quando o objetivo é desviar dinheiro público. Essas manobras ocorrem de forma célere, sem interrupção, conhecidas sob sucessivas denominações, como “anões do orçamento”, “mensalão”, como tantos outros esquemas fraudulentos descobertos em ministérios do governo da União, recentemente.

É preciso interromper energicamente o ciclo de normalidade com que essas operações de fraude se materializam e são encaradas, com o resgate integral das fortunas roubadas dos cofres da nação, seguida da punição severa dos autores.

Silenciar ante operações de natureza corrupta, quaisquer que sejam as modalidades da fraude e os valores envolvidos, é ser cúmplice da ilegalidade e da violência. É trocar a ordem pela anarquia.

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