Milhares esperam Zelaya em sua volta a Honduras
Centenas de milhares de hondurenhos vindos de todo o país se concentravam desde as primeiras horas de sábado (28/05) na Praça Isis Obed Murillo, ao sul do aeroporto internacional de Toncontín em Tegucigalpa. Eles esperavam para dar as boas-vindas ao ex-presidente Manuel Zelaya, que regressou ao país passar 16 meses exilado na República Dominicana.
Giorgio Trucchi/Opera Mundi
Homens, mulheres, jovens, crianças e idosos lotaram o local. Alguns erguiam as bandeiras vermelhas com as letras da FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular) – movimento originado da oposição ao golpe de Estado – minuciosamente preparadas nos últimos dias graças ao incansável trabalho voluntário de centenas de jovens.
Leia mais:
Zelaya volta a Honduras em meio a divergências entre apoiadores e violações de direitos humanos
Roberto Sosa: a poesia como arma de resistência em Honduras
'Nem mesmo Zelaya pode garantir sua segurança em Honduras', diz refugiado da resistência
A expectativa de ver realizada uma das principais demandas da Resistência hondurenha, a volta o presidente deposto e coordenador nacional da FNRP, Manuel Zelaya, os fez aguardar por mais de oito horas sob o forte sol característico do início do inverno hondurenho.
“As pessoas estavam desesperadas para ver seu coordenador nacional. Agora o sonho se torna realidade e vamos rumo à Constituinte para refundar Honduras”, disse Dionisia Díaz, a “avó da Resistência”, que por quase dois anos percorreu as ruas do país em protestos contra o golpe de Estado de junho de 2009.
Apesar de a chegada de Zelaya ter atrasado quase três horas, as pessoas estavam firmes em seu lugar, cantando e aplaudindo os artistas que entretinham a multidão.
“O regresso de Zelaya é o resultado da luta de um povo indomável. Um povo que fez milagres porque soube se organizar, mobilizar, crescer politicamente, apesar da repressão e dos assassinatos. Agora este povo tem esperança e a volta de Zelaya é o primeiro passo de uma nova etapa da luta”, disse ao Opera Mundi o membro do Comitê Executivo Nacional da FNRP, Carlos H. Reyes.
Chegada
Quando às 14h22 o avião da venezuelano aterrisou no aeroporto de Toncontín, as pessoas cantavam em coro frases como “Sim, se pode”. “Da resistência ao poder popular”, gritavam, enquanto Zelaya e seus acompanhantes, entre eles o chanceler venezuelano Nicolás Maduro, a ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, o ex-presidente panamenho Martín Torrijos, o secretário de Estado dominicano Miguel Mejía e vários exiliados.
Zelaya saudou a mulitidão agitando seu chapéu e agradeceu ao povo hondurenho e a todos os setores envolvidos com a luta da Resistência por terem sido os verdaderos artífices de seu regresso. Também agradeceu à comunidade internacional pelo apoio dado ao longo destes dois anos.
Durante seu discurso, leu o Acordo de Cartagena, firmado por ele e pelo presidente Porfirio Lobo no domingo passado (22/5), no marco do processo de mediação impulsionada pelos presidentes da Venezuela e da Colômbia. Ao ressaltar a importância do Acordo “como um primeiro passo rumo à reconciliação”, o presidente deposto enfatizou a necessidade de zelar por seu cumprimento.
Por fim, convidou o governo norte-americano a mudar sua política externa em relação a Honduras e à América Central. “Permita nos fazer democracia na América Latina porque não precisa ter medo do sistema democrático”, disse Zelaya. “Obrigado por esta vitória que é da Resistência. E agora vamos rumo à construção do poder popular”, completou.
Leia mais:
Zelaya volta a Honduras em meio a divergências entre apoiadores e violações de direitos humanos
Roberto Sosa: a poesia como arma de resistência em Honduras
'Nem mesmo Zelaya pode garantir sua segurança em Honduras', diz refugiado da resistência
A expectativa de ver realizada uma das principais demandas da Resistência hondurenha, a volta o presidente deposto e coordenador nacional da FNRP, Manuel Zelaya, os fez aguardar por mais de oito horas sob o forte sol característico do início do inverno hondurenho.
“As pessoas estavam desesperadas para ver seu coordenador nacional. Agora o sonho se torna realidade e vamos rumo à Constituinte para refundar Honduras”, disse Dionisia Díaz, a “avó da Resistência”, que por quase dois anos percorreu as ruas do país em protestos contra o golpe de Estado de junho de 2009.
Apesar de a chegada de Zelaya ter atrasado quase três horas, as pessoas estavam firmes em seu lugar, cantando e aplaudindo os artistas que entretinham a multidão.
“O regresso de Zelaya é o resultado da luta de um povo indomável. Um povo que fez milagres porque soube se organizar, mobilizar, crescer politicamente, apesar da repressão e dos assassinatos. Agora este povo tem esperança e a volta de Zelaya é o primeiro passo de uma nova etapa da luta”, disse ao Opera Mundi o membro do Comitê Executivo Nacional da FNRP, Carlos H. Reyes.
Chegada
Quando às 14h22 o avião da venezuelano aterrisou no aeroporto de Toncontín, as pessoas cantavam em coro frases como “Sim, se pode”. “Da resistência ao poder popular”, gritavam, enquanto Zelaya e seus acompanhantes, entre eles o chanceler venezuelano Nicolás Maduro, a ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, o ex-presidente panamenho Martín Torrijos, o secretário de Estado dominicano Miguel Mejía e vários exiliados.
Zelaya saudou a mulitidão agitando seu chapéu e agradeceu ao povo hondurenho e a todos os setores envolvidos com a luta da Resistência por terem sido os verdaderos artífices de seu regresso. Também agradeceu à comunidade internacional pelo apoio dado ao longo destes dois anos.
Durante seu discurso, leu o Acordo de Cartagena, firmado por ele e pelo presidente Porfirio Lobo no domingo passado (22/5), no marco do processo de mediação impulsionada pelos presidentes da Venezuela e da Colômbia. Ao ressaltar a importância do Acordo “como um primeiro passo rumo à reconciliação”, o presidente deposto enfatizou a necessidade de zelar por seu cumprimento.
Por fim, convidou o governo norte-americano a mudar sua política externa em relação a Honduras e à América Central. “Permita nos fazer democracia na América Latina porque não precisa ter medo do sistema democrático”, disse Zelaya. “Obrigado por esta vitória que é da Resistência. E agora vamos rumo à construção do poder popular”, completou.
Leia também:
Zelaya será recebido com festa por aliados e simpatizantes no retorno a Honduras
Honduras deve retornar à OEA em 1 de junho, diz ministra colombiana
Acordo define retorno de Zelaya e reinserção de Honduras à OEA
Garcia sinaliza que Brasil pode reconhecer governo de Honduras em breve
Insulza indica que pode readmitir Honduras na OEA após absolvição de Zelaya
Giorgio Trucchi/Opera Mundi
Planos
Apesar do justificável entusiasmo pela volta de Zelaya, várias organizações que integram a FNRP ressaltaram a importância de não esquecer o que aconteceu em Honduras nos últimos dois anos. “Fazemos um chamado ao povo para não esquecer, nem perdoar, e a continuar lutando para refundar nosso país. Não pode haver reconciliação, nem reconhecimento do regime até que não castiguem os repressores e termine a impunidade”, afirmou a coordenadora do COPINH (Conseljo Cívico das Organizações Populares e Indígenas de Honduras) Bertha Cáceres.
Segundo o sociólogo e analista político Eugenio Sosa, com a volta de Zelaya, fecha-se um ciclo “marcado pela luta popular anti-golpe” e se abre um novo, que é “a construção de um novo instrumento político que aponta para a disputa eleitoral para a tomada do poder”.
De acordo com sua análise, Zelaya e a FNRP devem aproveitar o entusiamo da população. “A população viu que com a luta se pode conquistar algo importante e quer trabalhar, mas não sabe como canalizar esta energia”. Neste – continuou Sosa – “Zelaya e a Frente devem estruturar de imediato uma estratégia política e de poder. Se esse passo não for dado nos próximos meses, é possível que seja gerada confusão, dispersão e disputas internas, desperdiçando essa unidade em meio à diversidade, que caracteriza a FNRP”, concluiu.
Apesar do justificável entusiasmo pela volta de Zelaya, várias organizações que integram a FNRP ressaltaram a importância de não esquecer o que aconteceu em Honduras nos últimos dois anos. “Fazemos um chamado ao povo para não esquecer, nem perdoar, e a continuar lutando para refundar nosso país. Não pode haver reconciliação, nem reconhecimento do regime até que não castiguem os repressores e termine a impunidade”, afirmou a coordenadora do COPINH (Conseljo Cívico das Organizações Populares e Indígenas de Honduras) Bertha Cáceres.
Segundo o sociólogo e analista político Eugenio Sosa, com a volta de Zelaya, fecha-se um ciclo “marcado pela luta popular anti-golpe” e se abre um novo, que é “a construção de um novo instrumento político que aponta para a disputa eleitoral para a tomada do poder”.
De acordo com sua análise, Zelaya e a FNRP devem aproveitar o entusiamo da população. “A população viu que com a luta se pode conquistar algo importante e quer trabalhar, mas não sabe como canalizar esta energia”. Neste – continuou Sosa – “Zelaya e a Frente devem estruturar de imediato uma estratégia política e de poder. Se esse passo não for dado nos próximos meses, é possível que seja gerada confusão, dispersão e disputas internas, desperdiçando essa unidade em meio à diversidade, que caracteriza a FNRP”, concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário