quarta-feira, 13 de abril de 2011

RIO DE JANEIRO/RJ

Atirador que matou 12 crianças no Rio de Janeiro deixou vídeo


O homem que na semana passada assassinou 12 crianças numa escola em Realengo, no Rio de Janeiro, deixou um vídeo onde explica o crime que cometeu.
Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, era ex-aluno do colégio e filho adoptivo de uma família com mais cinco irmãos
Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, era ex-aluno do colégio e filho adoptivo de uma família com mais cinco irmãos (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

O vídeo – aparentemente gravado dois dias antes do massacre – está dividido em dois ficheiros onde se vê Wellington Menezes de Oliveira a falar em frente a um muro. As imagens, divulgadas pela estação televisiva brasileira Globo, dão a entender que foi o próprio atirador que gravou o vídeo. “A luta pela qual muitos irmãos no passado morreram e eu morrerei não é exclusivamente pelo que é conhecido como bullying. A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência, da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem”, ouve-se no vídeo

O assassino fornece também alguns detalhas que mostram que o crime foi premeditado: “Os irmãos observaram que eu raspei a barba. Foi necessário, porque eu já estava planejando ir ao local para estudar, ver uma forma de infiltração. Eu já tinha ido antes, há muitos meses atrás. Eu fui. Eu ainda não usava barba. Eu fui para dar uma analisada”. Wellington explica que visitou a escola dois dias antes de gravar este vídeo e que “essa foi uma táctica para não despertar a atenção”, tendo cortado a barba pelos mesmos motivos.

Carta com tom religioso
Antes de morrer, o atirador que na passada quinta-feira invadiu a escola do Rio de Janeiro deixou também uma carta com um tom religioso. De acordo com o porta-voz da Polícia Militar (PM), a carta é confusa e foi recolhida para ser usada como prova nas investigações do crime, adiantava o Estado de S. Paulo.

“Ele deixou uma carta assinada como Wellington Menezes de Oliveira, sem nenhum sentido, que mostra que entrou determinado a fazer um massacre, uma chacina”, disse o tenente-coronel Ibis Pereira. O mesmo responsável adiantou que o atirador tinha dois revólveres 38 com acelerador de disparos e muitas munições. O documento terá “um alto teor de fanatismo religioso”, refere o jornal. O autor do massacre escreveu que via a "impureza nas crianças", acrescentou o porta-voz da PM.

Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, era ex-aluno do colégio e filho adoptivo de uma família com mais cinco irmãos. Segundo os vizinhos, era muito retraído, costumava isolar-se, e terá ficado muito abalado com a morte por enfarte da sua mãe adoptiva, adianta o jornal O Globo.

Segundo a irmã Roselaine, de 49 anos, Menezes de Oliveira morava sozinho. Em entrevista à Rádio BandNews, afirmou que não via o irmão há sete meses. “Na época da eleição [31 de Outubro], ele veio aqui. Achámos estranho que ele estava com a barba muito grande. Chamei para almoçar, ele não queria. Falava muita besteira. Ele só ficava na Internet, não tinha amigos, era muito estranho e reservado”, afirmou Roselaine.

Para o porta-voz da Polícia Militar, Menezes de Oliveira tinha um desvio de personalidade. "Ele era um fanático religioso, um quadro de demência religiosa. Ele via nas crianças algo impuro. Só um desvio de personalidade explica um comportamento sociopata dessa natureza. Um acto de estupidez", afirmou Pereira.

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