Em assembleia ocorrida na noite da última terça-feira, os médicos e demais funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - Samu 192 deliberaram que deverão paralisar totalmente suas atividades a partir das 7h do dia 23 de fevereiro, por tempo indeterminado. Na mesma manhã, os profissionais haviam participado de uma audiência pública com o Secretário Municipal de Saúde Gilberto José na Câmara dos Vereadores, mas não houve consenso entre as partes.
Os funcionários reivindicam melhores condições de trabalho, de atendimento, de higiene e segurança, bem como melhoria da remuneração e fortalecimento dos vínculos de trabalho. Segundo Dra. Maria do Socorro Campos, médica reguladora do Samu e uma das lideranças do movimento, só em dezembro, mais de 15 médicos se demitiram e o Serviço, que tem uma média de 350 atendimentos por dia, tem funcionado com 50% do contigente ideal de médicos. "Estamos lutando contra o sucatemanto do Samu. Fazer a greve não é o nosso desejo e temos feito de tudo para evitá-la. Dependemos do nosso gestor municipal" - afirmou.
O Cons. José Abelardo Meneses, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), que estava presente na reunião na Câmara, declarou: "A sensação que tenho tido é que os funcionários do Samu não estão tendo o tratamento que merecem, tanto pela qualidade do atendimento como pelas características do trabalho na maioria das vezem em condições adversas. Dessa forma, fica a sensação de descaso dedicado pela Prefeitura ao conjunto dos profissionais e isto propicia atitudes como a adotada neste episódio". Na ocasião, o Cremeb propôs que o Secretário intermediasse uma audiência com João Henrique Carneiro para que as entidades médicas pudessem falar diretamente com ele e sensibilizá-lo. “O Secretário descartou a hipótese afirmando a necessidade de preservar o prefeito.” – completou.
Para o Cons. Otávio Marambaia (2º secretário da diretoria), que representou o Cremeb na reunião dos funcionários socorristas, os profissionais decidiram pela greve, num clima tenso, de forma a pressionar a administração municipal. "Apresentei o posicionamento do Conselho, de que um contingente de médicos continuasse trabalhando. O Cremeb, entretanto, não tem poder decisório nesta situação. Esperamos que os profissionais e a Prefeitura cheguem a um denominador comum", afirmou.
O Código de Ética Médica, em seu artigo 7º, declara que fica vedado ao médico deixar de atender em setores urgência e emergência, mesmo respaldado por decisão majoritária da categoria. “O Código também veda o trabalho médico sob condições técnicas e salariais inadequadas", argumentou Dra. Socorro. O coordenador geral do Samu, Dr. Ivan Paiva, é contra a paralisação para não haver desassistência. "Temos trabalhado junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de forma que as reivindicações sejam atendidas na medida do possível", declarou.
Para o Conselho, as reivindicações são justas. “O Executivo Municipal deve reavaliar a sua posição sob pena de criar mais embaraços para a saúde da população de Salvador. O Cremeb e a população consideram de excelência o trabalho dos profissionais do Samu, tornando-se indispensável para reduzir os danos causados por agravamento de doenças ou pela violência urbana." afirmou o Cons. Abelardo.
Dra. Maria do Socorro informou que, nesta sexta-feira (18), o Ministro da Saúde Alexandre Padilha virá a Bahia para entregar ambulâncias a unidades do Samu do interior do estado, e que o Secretário Gilberto José conseguiu agendar uma audiência dos profissionais com o Ministro.
O presidente do Cremeb, Cons. Jorge Cerqueira, afirma que o Conselho apóia irrestritamente as reivindicações dos médicos do SAMU. "Eles têm dado provas irrefutáveis de dedicação e compromisso com a assistência à nossa população. Nossa ressalva diz respeito apenas à paralisação total: recomendamos a permanência de um número de profissionais em atividade. Esperamos que a prefeitura se dê conta da gravidade da situação, notadamente num período em que a população flutuante da cidade cresce exponencialmente, e encontre uma solução em caráter de emergência" - afirma.
Fonte: Camila Martinez | Ascom - Cremeb
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