quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

SALVADOR/BA: O CICLO DAS FESTAS POPULARES ACABOU

Foi-se o tempo em que a festa da Lavagem do Bonfim coroava o ciclo de festejos baianos que começava no dia 4 de dezembro com a festa de Santa Bárbara, seguia pela Conceição da Praia, no dia 8, também de dezembro, e só acabava com as águas de março. Santa Bárbara se foi, Conceição da Praia acompanhou, Senhor dos Navegantes, no primeiro de ano, emagreceu e sumiu, a Segunda Feira da Ribeira desapareceu, a Festa dos Reis deu o último suspiro com o Padre Pinto enlouquecido pelo samba. Enfim, ficaram a Lavagem do Bonfim e o Dois de Fevereiro, de Iemanjá. A Lavagem virou festa política, nos anos eleitorais. Esta quinta da Lavagem eles desaparecem, ou surgem como gatos pingados. Enfim, as tradições da Bahia foram desprezadas pelo setor cultural, que deveria zelar por elas, assim como os orgãos que deveriam cuidar do turismo. Por último, acontece nesta festa o ponto final. Já não se poderá dizer "mais enfeitado do que jegue do Bonfim". Acabaram-se os jegues e os cavaleiros que vinham com os seu gibões de couro do município de Pedrão. As festas populares da Bahia, de tão decadentes, são quase uma cruz na estrada. "Caminheiros que andam pela estrada, seguindo pelos rumos do sertão, quando vires uma cruz abandonada, deixa-a dormir em paz na solidão". Adeus, Bahia, que o navio de Cachoeira não navega mais no mar. Restou o pífio ferry-boat, porque até as lanchinhas pô-pô-pô de Mar Grande já não cruzam a Bahia até a ex-rampa do Mercado Modelo. O "progresso" devora tudo, a começar pelos velhos e saudosos saveiros, que chegavam do Recôncavo trazendo bananas, mangas, farinha de mandioca das boas e produtos das olarias, inclusive caxixis. A velha Bahia acabou. E a nova, desculpe-me, é uma droga!

(Samuel Celestino)

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