Foi sem dúvida alguma, o tilintar do aço das algemas soltas no ar, o crepitar na falange da vida de um novo alvorecer aqui, ali ou acolá. Entretanto pelo emoldurado portão de um mundo obscuro, mas, a ser garimpado em busca do desconhecido! É como diria o eficiente porteiro IDEMAR, com os amigos vigilantes, guardiões de um patrimônio predial e humano de valores incalculáveis: isso aqui é vida - afirmam eles orgulhosamente - é o sangue novo de uma mocidade sonhadora e cheia de gás.
São os mineradores que vêm chegando para desfolharem os segredos da linguagem muda dos livros! Podemos até afirmar que é um barco com um timoneiro intelectual, filho adotivo deste chão energizado, chamado Cachoeira, desembarcado aqui, de um país que proclamou para o mundo, o triângulo filosófico de liberdade, igualdade e fraternidade, incorporando hoje, a nossa Sublime Ordem Maçônica, a França, com um nome brasileiro de XAVIER! Chega ele, no alvorecer do vergastar do vento, despertando um povo que já estava perdendo a sua auto-estima cultural em detrimento à inércia e à ganância desenfreada pelo vil metal e bem materiais, dos que só pensam em amealhar mais e mais, como se o cemitério fosse um depósito de quinquilharias terrenas para gananciosos e avarentos, já que a cultura para eles é prejuízo e não progresso.
Há de fato, um grito ressoando na cumeeira do tempo. Talvez seja a sonoridade dos atabaques dando boas vidas aos príncipes ORIXÁS, desfilando pelas ruas estreitas da negra Cachoeira, atraídos que são pelo canto da Mãe D’Água despertado na Pedra da Baleia, a espera das oferendas, levadas pela Mãe Filinha, com seus 107 anos, remando na tosca canoa pelo Rio Paraguaçu. Pode ser também, os gritos de um povo revoltado com o mar de lama assolado pela corrupção encravada na mente atrofiada e deletéria do rouba mais faz. Já dizia o filosofo hindu, Mahatma Gandhi: “Engana-se há muitos por muito tempo, mas não a todos por todo tempo.” Um dia, o laranjal pode morrer e os plantadores algemados vendo o sol quadrado, na disputa pelas laranjas afanadas do povo.”
É como filosofa o artista plástico, DAVI RODRIGUES: “Viver bem é uma coisa, mas, ser feliz é outra coisa totalmente diferente!” Esperemos por dias melhores, pois, diante de tanta pujança e do próprio grito de liberdade da juventude, podemos até dizer que o Brasil estaria em melhores condições se as pessoas honradas tivessem a coragem e o cinismo dos canalhas e corruptos que transformaram a nossa terra em uma ilha cercada de gatunos e “laranjeiros” por todos os lados. Lutemos sem medo, desfraldando a bandeira marcada com o signo da coragem e da esperança, no exemplo da Heróica Cachoeira e o seu bravo povo, que no dia 25 de Junho de 1822, com a tenaz liderança de sua filha maior, Maria Quitéria, libertou o Brasil do jugo português, dando o inicio de nossa Independência.
Salve, salve “Os Tincoãs,” o trio mais harmonioso do Brasil, segundo a Academia Brasileira de Música.
Se o samba nascera em Cachoeira, como afirma o escritor Sergio Cabral, em seu livro “A História do Samba”, então o samba bem sambado é o da Boa Morte na parte profana dos festejos.
Está chegando a hora de encurtar as distâncias, de colher as flores frescas que plantamos no cerne das nossas imaginações ao longo de tempo. Contemplemos a miscigenação de raças em torno de um alguidá, degustando um suculento caruru, com o apetite aberto pelo saboroso licor de jenipapo de Roque Pinto, em homenagem a nossa mãe AFRICA, com o grito de liberdade na voz sofrida de NELSON MANDELA! O tempo passa, arrumemos os “teréns”, está na hora de darmos o adeus, o querer no pensamento, pôr a mochila às costas, ir embora e andarilhar por estradas lépidas como um viajor conseqüente, abrangendo os quatros cantos do mundo, munidos de sabedoria e recebendo os abraços sem as algemas e o GRITO DA COMEEIRA!
*Heraldo Cachoeira é advogado,
oficial militar reformado da Marinha do Brasil
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