A situação calamitosa da segurança pública na Bahia ganha contornos cada vez mais trágicos e vira destaque até do noticiário internacional. A morte do delegado Cleyton Leão, de Camaçari, não foi apenas, infelizmente, uma tragédia isolada. A morte do policial se soma a milhares de outras tomadas de assalto pela ação do crime organizado, que se fortalece diante da inoperância do governo Jaques Wagner. Um governo que, como revelou a Folha de S. Paulo na semana passada, gasta mais com propaganda do que com segurança pública.
Ao invés de chamar a responsabilidade para si, o governo e seus correligionários preferem acusar a oposição de tentar politizar tragédias, como aconteceu com o assassinato trágico do delegado de Camaçari. Tentam, a todo custo, calar a oposição e reduzir um problema de tamanha gravidade, que é o do crescimento assombroso da violência na Bahia, a uma disputa eleitoral.
Embora tente, o governo Wagner não vai conseguir silenciar a oposição. E, muito menos, enganar os baianos com uma enxurrada de propaganda. Ninguém consegue esconder que a Bahia está com medo e enlutada diante de mais de 14 mil assassinatos em três anos e meio. É um cenário de guerra que só será revertido a favor do bem com investimento e prioridade política do governador em exercício.
Os números não mentem. Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, a Bahia gastou, em 2009, R$108,5 milhões com propaganda, a um custo de R$7,71 para cada baiano. O governo Jaques Wagner gastou mais com divulgação do que com segurança pública. Em 2009, o governo petista da Bahia investiu R$26,6 milhões em segurança, ou seja, um quarto do que gastou com divulgação.
Qual o resultado disso? Em 2009, foram assassinadas 4.796 pessoas, 48,9% a mais do que 2006, quando o governador era Paulo Souto. Isso de acordo com dados oficiais. Entre 2006 e 2009, o número de homicídios cresceu 80% em Salvador, e a cidade fechou o ano passado com 57,8 assassinatos para cada 100 mil habitantes, o que representa cinco vezes mais que São Paulo e o dobro do índice registrado no Rio de Janeiro.
Ao invés de tentar censurar a oposição, o governo do estado deveria trabalhar para reverter esses números, que refletem a inversão de prioridades da atual administração, muito mais preocupada com as urnas do que com a vida dos cidadãos de bem. O resultado é que a Bahia virou um estado sem lei, sem ordem e sem autoridade, a ponto da bandidagem não respeitar nem o próprio governador, que teve um veículo oficial roubado.
Antes, a Bahia era conhecida no mundo inteiro por sua riqueza natural e cultura, pela inteligência e força do seu povo, por figuras como Jorge Amado, Irmã Dulce, Caetano Veloso, Mãe Menininha. Hoje, o nosso estado é destaque britânico The Guardian pelo assassinato de um delegado em Camaçari. Hoje, a Bahia é destaque em duas das maiores revistas semanais do Brasil em função do descontrole da criminalidade e da violência no estado.
Hoje, como baiano, estou envergonhado! Os nossos competentes policiais não têm condições mínimas de trabalho. O pior é que até existem recursos federais, que não são aproveitados por causa da lentidão e incompetência do governo petista na Bahia. Claro que no passado a situação da segurança pública não era perfeita. Mas a gente não via o crime organizado tomar conta do estado nem delegados serem assassinados à luz do dia e fora do exercício de suas funções. Não víamos, no passado, o nosso estado ganhar as páginas dos jornais no exterior em função da violência.
ACM NETO
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