Camila Ruback, do R7, no Rio
Foto por Reprodução internet
O coordenador-executivo da ODH (Organização de Direitos Humanos) Projeto Legal, advogado Carlos Nicodemos, disse no início da tarde desta terça-feira (23) ao R7 que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro se negou a ouvir o jovem envolvido no assassinato do menino João Hélio, bem como a família dele. - Dois advogados da ODH foram até o plantão judiciário no sábado (20) com uma petição para que o Ministério público ouvisse o jovem e a família dele. A promotora de plantão não quis nem receber os advogados e negou a petição. Com isso, nós a publicamos na Ouvidoria no site do Ministério Público. Tentamos ser recebidos mais uma vez no domingo (21), mas novamente recebemos um não da Promotoria. A justificativa foi que já havia uma audiência marcada sobre o assunto.João Hélio foi arrastado por sete quilômetros preso ao cinto de segurança em 2007
Nicodemos disse que esta audiência será às 13h desta quarta-feira (24), no Tribunal de Justiça. Estarão presentes o jovem, a família dele, o juiz, as promotoras envolvidas no caso e ele. Na ocasião será apresentado um laudo do programa de proteção com uma avaliação psicosocial do rapaz que participou da morte de João Hélio. Segundo Nicodemos, o juiz então decidirá sobre a permanência ou não do rapaz no programa. Ele pode ainda pedir novas avaliações.
Ameaças de morte
O advogado contou também que foi a família do rapaz que procurou a ODH Projeto Legal, assim que soube que o parente seria liberado pela Justiça, e pediu que ele fosse incluído provisóriamente Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte, sob a coordenação da Secretaria Especial de Direitos Humanos do governo federal.
A ODH então apresentou o pedido ao juiz Marcius da Costa Ferreira, da 2ª Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro - que concedeu o regime de semiliberdade ao adolescente no último dia 10. Este mesmo juiz autorizou o ingresso dele no programa de proteção. Com isso, o rapaz passou a ficar sob a responsabilidade da ODH, que é parceira da secretaria, e não se apresentou à institutição onde cumpria medida socioeducativa para passar as noites.
O Ministério Público, no entanto, alega que não foi comunicado oficialmente sobre a inclusão do jovem no programa de proteção e, por isso, as promotoras Denise Geraci e Maria Cristina Magalhães, da Promotoria de Execução de Medidas Socioeducativas, pediram a expedição de um mandado de busca e apreensão por considerar o rapaz foragido.
Crime bárbaro
Na noite de 7 de fevereiro de 2007, João Hélio, a mãe e a irmã de 13 anos seguiam pela avenida João Vicente, em Oswaldo Cruz, quando foram abordados por cinco homens, entre eles um menor de 15 anos, que pretendiam roubar o Corsa Sedam da família.
Mãe e filha, que estavam nos bancos da frente, saíram do carro e tentaram retirar o cinto de segurança de João Hélio, que estava no banco de trás. Os bandidos, no entanto, arrancaram com o veículo e a criança ficou pendurada pelo acessório do lado de fora do carro.
Ele foi arrastado por sete quilômetros, passando por várias ruas dos bairros de Oswaldo Cruz, Madureira, Campinho e Cascadura. Passaram ainda em frente a um quartel do Corpo de Bombeiros, um fórum de Justiça, um quartel do Exército e dois bares. As pessoas na rua gritavam e acenavam desesperadas para que o carro parasse, mas os ladrões ignoraram.
Eles abandonaram o veículo com restos do corpo da criança presos ao cinto e às ferragens, na rua Caiari, em Madureira, e fugiram por uma escadaria. Todos acabaram presos no dia seguinte e disseram não saber que o menino estava sendo arrastado.
Os quatro maiores estão presos no Rio de Janeiro. Eles foram condenados em janeiro de 2008 a cumprirem penas que variam de 39 a 45 anos de prisão. O menor cumpriu medida socioeducativa durante três anos e foi solto no último dia 10. A imprensa carioca chegou a especular que ele havia viajado para a Suíça com a ajuda de uma ONG (Organização Não Governamental), mas a informação foi desmentida.
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