sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

BRASÍLIA/DF: Assessor de Arruda diz suspeitar que Sombra e Durval montaram vídeo de suborno

Ele disse que bilhete com assinatura de Arruda foi descontextualizado
Wanderley Preite Sobrinho, do R7
Em tom de desabafo, André Duda – assessor do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) – afirmou ao R7 nesta sexta-feira (5) que o governo suspeita que o ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, e o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Edson Sombra, armaram o vídeo divulgado nesta quinta pela Polícia Federal que levanta a suspeita de que Arruda tentou subornar Sombra para que ele depusesse a seu favor no escândalo de corrupção conhecido por mensalão do DEM. No vídeo (abaixo), o delegado aposentado da polícia civil, Antônio Bento (à esquerda), conversa com Sombra em uma cafeteria de um bairro luxuoso em Brasília. Um agente da PF filmava o encontro de um balcão. Bento entrega uma sacola de uma loja de sapatos masculinos contendo R$ 200 mil.
Ainda ontem, a PF divulgou um bilhete cifrado assinado por Arruda. Segundo o jornalista, o governador usou a carta para oferecer a ele o dinheiro em troca do depoimento contra Durval, o homem que denunciou o suposto esquema no final do ano passado.
Duda contesta o vídeo e o bilhete. Ele disse que Antônio Bento, preso ontem, é empregado de Sombra no jornal O Distrital. Aliados, Sombra teria convencido Durval a fazer as denúncias. Nesta sexta, em depoimento à PF, Bento confirmou que agia em nome de Arruda.
O assessor do governador disse acreditar ainda que os envolvidos tenham montado o flagrante e chamado a Polícia Federal para filmar. Ele sustenta que Durval fez isso porque precisa provar as denúncias que fez contra Arruda porque ele participa da delação premiada em processos cíveis no Tribunal de Justiça do DF. Ao ajudar a polícia, ele pode se livrar da cadeia.
Em duas dessas ações, Barbosa é suspeito de formação de quadrilha e corrupção ao lado do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), inimigo político de Arruda.


Afirma o assessor:
- O Sombra está a serviço do Durval desde a delação premiada [...] Se ele não provar as acusações, a delação cai e ele pode ser preso. Não é uma armação pra dizer que ele está dizendo é verdade?
Duda admite, no entanto, que o bilhete pode mesmo ter sido escrito por Arruda, mas ele acredita que os adversários descontextualizaram o recado:
- Em que contexto esse bilhete chegou na mão do Sombra é que é a dúvida. São anotações, são provas soltas, isso não condiz nada. Pode ser que esse bilhete esteja na mão do Sombra desde ontem ou mesmo há um ano.
O assessor disse que o episódio tira o foco do que “realmente interessa”: a perícia dos vídeos divulgados no ano passado que estouraram o escândalo. Em uma dessas filmagens, o aliado do governador e ex-presidente da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente, guarda nos bolsos e nas meias o dinheiro do suposto esquema.
A perícia vai dizer se os vídeos são reais ou foram editados para tentar incriminar o governador.
Sombra negou ao R7 as acusações do assessor:
- Como é que eu monto um flagrante tendo uma carta que condenaria tudo o que o Durval fez, desmoralizando tudo? Eu deixaria essa carta ser apreendida? Os vídeos que estão em poder da Polícia Federal falam por si. A quebra do [sigilo] telefônico envolvendo todas as pessoas [...] se interligam. Estou despreocupado porque minha consciência está tranquila. A verdade pode demorar dias ou horas, mas virá à tona. É mais uma mentira de José Roberto Arruda.
Procurada pela reportagem, a advogada de Durval, Margareth Maria de Almeida, não respondeu até a publicação desta reportagem.



 

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