quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SALVADOR/BA: CARTA ABERTA DA GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DA BAHIA AOS CIDADÃOS BRASILEIROS E ÀS AUTORIDADES PÚBLICAS


“Todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”***. 
1. A Maçonaria, como Instituição de homens livres, tem participado,  em   toda  sua existência, das
questões  políticas,  econômicas   e   sociais,  que   influenciam,   diretamente,  no  bem   estar   dos
cidadãos e na condução do destino nacional.
***1.1 No âmbito da sua atuação, a Ordem Maçônica trabalha com o objetivo de combater as tiranias, as desigualdades sociais, os preconceitos, a corrupção e a violência, dentre tantas outras questões, contribuindo para a correção dos desvios e a obtenção da paz e da tranquilidade para a sociedade. É   princípio  fundamental  de  nossa  Organização  glorificar  o  Direito,  a  Justiça  e  a Verdade, instrumentos básicos para a prática do respeito aos direitos universais da pessoa humana.
***. 2. Nesse contexto, sabe-se que o Brasil é um País de dimensões  continentais,  possuindo  extensão territorial de oito milhões e meio de quilômetros quadrados (8.500.000 km2), uma extensão costeira de oito mil quilômetros (8.000 km), clima tropical, recursos naturais e minerais estratégicos que lhe conferem condições de ultrapassar o patamar de País em desenvolvimento para País desenvolvido.
***. 2.1 Temos uma população, hoje, de cerca de cento e noventa milhões (190.000.000) de habitantes, falando um mesmo idioma em todo o rincão nacional, o que possibilita a condição ímpar de unidade. Somos um País que tem demonstrado capacidade de crescimento em todas as áreas da ciência, da tecnologia e do comércio exterior. Exportamos know-how e somos auto-suficientes. na produção de petróleo.
***.2.2 Por outro lado, apesar de atingirmos alguns  índices  de crescimento  positivos,  no  controle  da inflação,  na  indústria  e  no comércio,  temos  que   enfrentar e vencer os desafios de carências  na educação,  na  saúde, na  empregabilidade, na habitação,  na  distribuição  de renda,  no combate  à violência, na  garantia  do  lazer  dos  cidadãos,  pois  as  desigualdades existentes nessas áreas são   preocupantes   e,   somente   com   trabalho   organizado   e   sério,   planejamento   adequado, aproveitamento racional dos recursos humanos e naturais que  dispomos, vontade  política  e  total envolvimento das autoridades públicas  do  País, poderá ocorrer  o  necessário  salto  de  qualidade para superar todos os óbices ao nosso desenvolvimento.
***.3.O  Brasil  e  o  seu  povo  experimentam  um  momento raro entre os vários países do nosso orbe, pois,  graças  à  competência  tecnológica  e  científica  dos  profissionais da Petrobras – Geólogos, Geofísicos,  Engenheiros,  Químicos,  Biólogos  e  outros – foi  descoberto  a formação denominada Pré-Sal, na  costa  do  Atlântico,  em  lâmina  d’água  profunda,  representando  mega-campos, que poderão  propiciar  ao  nosso  País  a  ascensão do 13º para o 4º lugar no ranking mundial, entre os maiores produtores de petróleo.
***. 3.1. O  petróleo  é  fonte  de  energia  de  origem  fóssil,  não  renovável, que levou milhões de anos para ser gerado  e    contido    em    rochas    denominadas   de   reservatórios.  Hoje,  caminhamos, celeremente,    para    a    extinção    dessa    riqueza,   denominada ouro-negro, devido ao consumo exagerado e até irresponsável  desse recurso energético,  gerador de riquezas e estratégico para o desenvolvimento do País.
***. 3.2. Nas  décadas  de  40  e 50, nossa população foi mobilizada para se engajar na luta de libertação da dependência econômica  do  petróleo  de  outros países, os quais impunham regras de submissão inaceitáveis. Naquela  época,  o  petróleo  descoberto em 1939, no campo de  Lobato,  era um  mero  sonho,  que  se  transformou  em  realidade,  pela   vontade  política  dos cidadãos brasileiros representando   todos    os    segmentos    da   sociedade. Trabalhadores,  estudantes,  professores, militares,   profissionais   liberais,   membros  dos   poderes   Executivo,   Legislativo   e  Judiciário, sindicatos,  Clube  Militar   e  demais   organizações   sociais, promoveram um movimento histórico, visando à soberania do País, sobre o petróleo, contando, ainda, com a Maçonaria, que se fez presente por seus mais dignos representantes.
***. 3.3 Em   resposta   ao   justo   anseio   do   povo   brasileiro,   o   Congresso  Nacional  decretou e o Presidente da República, Getúlio Vargas,  sancionou  a  Lei nº 2.004,  de  03  de  outubro  de  1953, que  instituiu  o  monopólio  da  União  na  pesquisa  e  lavra  do  petróleo e outros hidrocarbonetos líquidos e gases raros existente no território do Brasil,  além   da   refinação   de   todo   o petróleo nacional e estrangeiro, o transporte marítimo e por meio  de   condutos  de   petróleo   bruto  e seus derivados.
***. 3.4 Assegurou-se,   desse   modo,  a  soberania   do  povo brasileiro sobre o petróleo e o gás, fontes estratégicas de energia existentes em seu subsolo.  O   decurso  do  tempo  comprovou  o acerto da criação da Petrobras,  como  gestora   do monopólio  estatal  do  petróleo,  pelos  avanços   que  ela propiciou  ao  País.  Hoje,  após  56  anos  de  existência  dessa  empresa  brasileira,  alguns  dados permitem à Maçonaria  acreditar   no   acerto   da   criação  da  Lei  nº 2.004/53  e  do  desempenho gerencial do Petróleo Brasileiro S.A., a saber: a) É a 8ª empresa do mundo, em valor de mercado; b) É a 4ª maior empresa de capital aberto do continente americano e a maior da América Latina; c) É a mais socialmente responsável do Brasil, com centenas de projetos sociais, culturais, ambientais e esportivos em todo o País; d) É a empresa brasileira que mais gera patentes no Brasil e no exterior (72 patentes depositadas no Brasil em 2008); e) O Brasil produzia 2.300 barris de petróleo por dia em 1953 e  produz  hoje  2  milhões  de barris de petróleo por dia.
***. 4. A Grande  Loja  Maçônica  do  Estado  da  Bahia, analisando  o  novo  cenário  do País, diante do quadro mundial das reservas existentes  versus  o  consumo  diário  do  petróleo, colocando-se   em posição de orientar todos os seus obreiros, no sentido de engajar-se nesta luta histórica, na defesa da  restauração  do  monopólio  estatal  do  petróleo, do pré-sal,  com  apoio  nas  razões seguintes: a) O volume atual das reservas de petróleo do Brasil é de 14 bilhões de barris; b) O volume de petróleo estimado nos campos de Tupi, Iara e Parque das Baleias, somados, podem atingir entre 9,5 bilhões de barris e 14 bilhões de barris; c) A área onde podem existir reservatórios no pré-sal brasileiro é de 149 mil km2; d) A qualidade do petróleo, com média de 30º na escala do American Petroleum Institute (API) é do tipo leve e muito mais valorizado no mercado; e) Numa projeção conservadora, segundo informação de profissionais da Petrobras, o volume total estimado, nos reservatórios do pré-sal, pode atingir a 90 bilhões de barris. 5. Convém que se ressalte que a Lei nº 9.478/97, estabelecendo, no seu artigo 26, que “a propriedade do petróleo brasileiro é de quem o produz”, conflita gravemente com o disposto no artigo 177 da Constituição Federal Brasileira, que assegura o monopólio da União a pesquisa, a lavra, a refinação, a importação, a exportação e o transporte de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos.
***. 5.1 O  marco  regulatório  em  vigor,  estabelecido na Lei nº 9.478/97, é danoso à soberania do País, pois poderá,  dentre  outros prejuízos, levar-nos  à condição  de  poços  vazios  (produção acelerada para  recuperação  em  curto  prazo do capital investido). Trata-se de produção predatória, que vai causar danos irreparáveis aos reservatórios.
***. 6. Outro  aspecto  de  significativa  importância  a  ser  analisado,  para  a remuneração adequada à União, pelo petróleo produzido por terceiros, em território  brasileiro,  é  a  adoção do percentual de 84% (oitenta e quatro por cento), que é a média de  participação  dos  países  produtores, ao  invés dos atuais  0  a  40%  (zero  a  quarenta  por  cento),  o  que causa elevados prejuízos para o Brasil.
***. 7. Uma   das  propostas   mais  importantes  dos  defensores  do  retorno  à vigência  do  monopólioestatal  do  petróleo,   que   a   Grande Loja Maçônica  do  Estado  da  Bahia  recomenda  aos  seus integrantes, é a análise aprofundada e   a  defesa  da  tese   de redistribuição dos royalties, a fim de que eles não sejam exclusivos dos  estados   que   possuem  a  produção de petróleo, mas venham a ser  distribuídas  para  todas  as  demais  unidades  federativas,  por  uma   questão   social,  visando atender a investimentos em saúde, educação, segurança, geração de empregos, defesa ambiental, tornando mais justa a aplicação desse poderoso instrumento econômico pelo governo, com vistas à redução das gritantes desigualdades sociais.
***. 8. Assim  se   posicionam  os  Maçons  pertencentes  aos  quadros  da  Grande  Loja  Maçônica  do Estado da Bahia, na intransigente defesa dos interesses  dos  cidadãos  brasileiros,  em  assunto  de  tamanha  grandeza, exortando, também, todos os demais segmentos da sociedade, a fim de que participemos  desta  luta  cidadã  para  resguardar  a  soberania  do  Brasil,  no  pleno  domínio das riquezas do petróleo existente no seu subsolo.


Salvador, 18 de novembro de 2009.
Itamar Assis Santos
Grão-Mestre

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