A russa Anita Blossfeld, 87 anos, católica ortodoxa, não gosta nem de ouvir falar em maçonaria, mas tem que conviver com o fato de a filha, a astróloga Vera Facciolli, 61 anos, ser a autoridade máxima de um grupo de maçons de São Paulo.
Grã-mestra da Grande Loja dos Arquitetos de Aquário (Glada), Vera não só passou 32 anos de sua vida como maçom, como também envolveu a família inteira na ordem – menos a mãe, é claro.
Seu marido, também astrólogo, Antônio Faciollo Neto, 67, é o segundo na hierarquia da Glada e a auxilia na administração da ordem, que, por aceitar homens e mulheres, não é reconhecida pela maçonaria oficial. "Cada um tem sua cabeça, pensamos de formas diferentes, mas somos complementares e indispensáveis. Temos divergências, mas isso não atrapalha nosso trabalho", diz a mulher, que tem ainda dois filhos maçons: Artur, 28, e Karen, 26.
Seu marido, também astrólogo, Antônio Faciollo Neto, 67, é o segundo na hierarquia da Glada e a auxilia na administração da ordem, que, por aceitar homens e mulheres, não é reconhecida pela maçonaria oficial. "Cada um tem sua cabeça, pensamos de formas diferentes, mas somos complementares e indispensáveis. Temos divergências, mas isso não atrapalha nosso trabalho", diz a mulher, que tem ainda dois filhos maçons: Artur, 28, e Karen, 26.
Vera ajudou a fundar a Glada e passou os últimos 32 anos trabalhando para a ordem mista. Ela é uma das mulheres que nos últimos anos ganharam espaço em um universo antes estritamente masculino.
A maçom critica os tradicionalistas, que resistem a liberar a participação feminina em rituais e discussões: "Existia uma tradição de que a mulher é inferior, não participa da vida social. A gente precisa avisar que já se passaram 300 anos", diz, referindo-se às origens da tradição. Ela diz não se importar com o fato de sua loja não ser reconhecida pelas ordens mais antigas.
"Não faço questão nenhuma. Somos reconhecidos por mais de 90 potências no mundo inteiro, entre mistas, femininas e até masculinas", explica, animada com um congresso que sua ordem pretende realizar no último final de semana de novembro em um hotel de luxo na Zona Sul de São Paulo. Construtores
Para o maçom e consultor de informática Marco Antônio Neves, 50, da Grande Loja do Estado de São Paulo (Glesp), uma das principais entre as oficiais do Brasil, admite que o crescimento de lojas não-reconhecidas está diretamente relacionado à posição da maçonaria tradicional em relação à mulher, mas fornece justificativa. "Os primeiros maçons eram pedreiros, uma classe de profissionais e construtores que só tinha homens. Quando foi fundada a maçonaria simbólica, isso foi mantido", explica.
O restaurador de móveis antigos Inácio Araújo, 56, também maçom e autor de um livro sobre a maçonaria no Rio Grande do Norte, diz não se importar com o surgimento de associações mistas não reconhecidas. "Elas não são maçonaria, não há relação com elas, nem de amizade, nem de inimizade. Se quiserem criar novas ordens, que criem", afirma em tom de provocação.
Discordo do irmão Inácio Araújo. As Lojas Maçônicas Femininas e Mistas são maçonaria, sim! Trabalham até com mais perfeição do que as Lojas masculinas. Não se deve falar ou divulgar o que não se conhece, asseverando que o que "é" não "é". Na França e em outras partas do mundo a maçonaria de mulheres é uma realidade igual à as Grandes Lojas e os Grandes Orientes. É preciso que as mulheres maçons da GLADA respondam ao irmão Inácio e o convidem para uma sessão maçônica em suas Lojas, para que ele veja se o que falo é ou não é verdadeiro, isto é, se as Lojas Maçônicas Femininas são ou não são maçonaria. A maçonaria ensina que o maçom não deve divulgar causa inverídica nem contribuir com inverdades. Se ficarem caladas, a palavra do irmão Inácio passar a ser "verdade".
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