quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Cupim do Patrimônio


Artigo e discurso de Heraldo Cachoeira geram polêmica no Seminário “Itinerário Cultural do Rio Paraguaçu” realizado nos dias 15 e 16/06/2009 no auditório da UFRB no Quarteirão reformado Leite Alves da Cachoeira


Há 16 anos, Heraldo Cachoeira era colunista do Jornal O Guarany. No período, ele escrevia artigos intitulados O Cupim, para se referir ao descaso com que o IPHAN tratava os monumentos históricos da cidade, ocupando-se quase que exclusivamente em punir intervenções vernaculares feitas por proprietários de imóveis, expedir alvarás para construções reconhecidamente equivocadas e agressivas ao conjunto tombado da histórica comunidade – conforme permanece até hoje, a exemplo da sede do BRADESCO na praça Dr. Milton, ao lado do Chafariz Imperial e o bangalô, conhecido como O DISCO VOADOR, erigido no alto da Colina da Rocinha, no entorno íntimo da cidade. Em sua rápida intervenção no mencionado Seminário, ante a pertinência do assunto, também por ter sido instado pelo presidente do IPAC no Programa Paraguassú Notícias, pela manhã, Heraldo Cachoeira fez ligeira referência ao termo que usou no passado, empregando um substantivo para adjetivar a inércia do IPHAN na cidade, no período em referência.

Pois bem, alguns protestos foram expressos da audiência. Heraldo Cachoeira os recebeu com naturalidade, como exercício do direito de discordar, de se expressar a capacidade crítica. Recebeu as manifestações contrárias ao seu pensamento, com civilidade, embora o tom dos desacordos não expressasse o mesmo nível. O diretor do IPAC não se manifestou. Mais tarde, na ausência de Heraldo Cachoeira, o referido diretor, Prof. Frederico Mendonça, fez referência a Heraldo Cachoeira e ao artigo O Cupim, afirmando que não conhecia o teor da mensagem nem o autor. Disse ainda que ficou surpreso pela vigor físico, pela disposição e pela oratória de um cidadão octogenário em sua posição, pai de filhos menores de 7 e 8 anos ainda. O Prof. Frederico Mendonça fez referências que não honram os valores e o raciocínio do autor de O CUMPIM quando pediu ao Secretário Municipal da Cultura, Washington Nen, que, em seu nome, pedisse ao prefeito e a sua bancada na Câmara Municipal para rever posições e examinar previamente o discurso oficial da Sessão Magna do 25 de Junho, da qual Heraldo Cachoeira é o orador oficial.

Ficou evidente que a recomendação do Prof. Frederico Mendonça é uma censura prévia ao direito de expressão, postura rigorosamente proibida pela Constituição Brasileira. O Cupim, artigos dos quais pode-se discordar, dependendo do grau de inteligência, de (in)dependência e (da ausência) de domínio da cidadania de quem queira se expor desta maneira, mas nunca censurá-lo ou buscar humilhar a expressão do autor em suas intervenções subseqüentes, como o pleito de interferir em seu discurso a ser proferido na Sessão Magna do 25 de Junho, sob a alegação de que poderá constituir vergonha e constrangimento ao governador do Estado e às autoridades que estarão presentes à ilustre cerimônia.


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