sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Foro de São Paulo: grupos de ultradireita atacam manifestantes na capital paulista

Pomar coordena o Foro de São Paulo
Pomar coordena o Foro de São Paulo

Um grupo de cerca de 20 pessoas mascaradas e vestidas com roupas pretas agrediu participantes do Foro de São Paulo na noite passada, por volta das 22h, em um restaurante próximo a um dos hotéis que abriga o evento, na Rua Martins Fontes, em São Paulo. A Polícia Militar, que reforçou o efetivo na região central da capital paulista a pedido dos organizadores do Foro de São Paulo, prendeu parte dos agressores.
A maior parte das vítimas participa do V Encontro de Juventudes do Foro, como explicou Valter Pomar, secretário-executivo da organização de esquerda. Ninguém ficou ferido com gravidade. O restaurante, no entanto, teve sua porta de entrada, que era de vidro, quebrada.
– É a confirmação da campanha que vimos nos últimos dias por atos agressivos contra o Foro de São Paulo – afirmou Pomar.
Em junho, uma página foi criada no Facebook com o objetivo de “organizar ações contra o Foro de São Paulo”.
O evento, iniciado oficialmente ontem e que reúne dezenas de partidos de esquerda, vai até o próximo domingo. Estão previstas as presenças de Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira e do presidente da Bolívia Evo Morales, no domingo.
À esquerda
Pomar, que conversou com jornalistas na manhã desta quinta-feira, pediu aos governos “progressistas” da América Latina para “avançarem em direção à esquerda” para conter o “esgotamento” de um modelo que permitiu reduzir a pobreza, mas está ameaçado pela crise global e a “reação” da direita.
– O esgotamento é relativo, mas é visível em vários sentidos – disse Pomar à agência espanhola de notícias Efe.
Segundo Pomar, “por um lado se esgotou” o modelo de distribuição de renda entre os mais pobres, embora “tenha sido muito mais bem-sucedido do que poderia ser”, e também “se esgotou no sentido de que gerou forças sociais que desejam mais do que receberam até agora”. Esse seria o motivo das recentes e massivas manifestações no Brasil, já que, na última década, cerca de 40 milhões de pessoas saíram da miséria – apesar das imensas desigualdades sociais permanecerem – e exigem serviços melhores e faz isso ocupando as ruas com protestos.
Também considerou que o “esgotamento” do modelo se deve a que “as
classes
dominantes têm uma tolerância cada vez menor frente às experiências de distribuição de renda” e começaram a encorajar uma “reação”, que apela para métodos “antidemocráticos”.
A direita “está recuperando terreno em parte pelas fragilidades e erros” da esquerda, reconheceu o dirigente do Foro de São Paulo, formado por 100 partidos de esquerda da América Latina e que se reúne esta semana na cidade. O secretário apontou, no entanto, que a direita conta com “o imenso apoio que tem” em setores econômicos, políticos e na imprensa.
Pomar acrescentou que, nos protestos no Brasil, ou nos que ocorrem de forma recorrente na Argentina e na Venezuela, entre outros países, se somaram alguns setores de esquerda, que “exigem mais” de governos considerados progressistas.
– As dissidências da esquerda política e social falam sobre os que desejam mais do que tiveram até agora – e exigem um aprofundamento das políticas voltadas aos setores populares, afirmou.
Processo de mudança
O líder petista apontou, no entanto, que as manifestações também foram infiltradas por “movimentos antidemocráticos”, que ligou à “reação das classes dominantes”.
Na opinião de Pomar, “a solução para esses problemas passa por um aprofundamento do processo de mudanças, não só na economia, mas também na política”.
O secretário do encontro também alertou que, no aspecto puramente econômico, o cenário latino-americano se deteriora com o esfriamento da economia chinesa e a queda dos preços das matérias-primas e pode afetar as “forças progressistas” em termos eleitorais. A resposta, segundo Pomar, deve ser “mais democracia econômica, mais democracia social e mais democracia política”.
Isso aponta, em sua opinião, para uma “saída pela esquerda, no sentido de reduzir a influência econômica, social e política do grande capital e, sobretudo, do capital transnacional e financeiro e das potências imperialistas”. Para isso, segundo Pomar, é necessário “aumentar a presença do investimento público, do Estado, das pequenas e médias empresas e as cooperativas; e aumentar a força política dos trabalhadores e dos setores progressistas” das classes médias.
As sessões do Foro de São Paulo serão abertas oficialmente nesta sexta-feira pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e se encerram no domingo, quando é esperada a presença do presidente da Bolívia, Evo Morales.

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