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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ex-ditador argentino morre aos 87 anos

 
Videla, que tinha 87 anos, presidiu a Argentina 
no período de 1976 a 1981
 
O ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla morreu nesta sexta-feira, 17, às 6h30, de causas naturais, na Penitenciária Marcos Paz. Ele cumpria pena de prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade.
Videla, que tinha 87 anos, presidiu a Argentina no período de 1976 a 1981. Ele foi o líder do golpe de 24 de março de 1976. Quando a democracia foi restabelecida no país, em 1983, o ex-ditador e outros membros das juntas militares que governaram o país foram processados por crimes contra a humanidade. Videla foi condenado à prisão, mas acabou sendo anistiado no governo Carlos Menen.
Em 2003, Néstor Kirchner assumiu a Presidência da Argentina e revogou as leis de anistia em vigor no país. Com isso, Videla foi novamente processado. Em dezembro de 2010, ele foi  condenado à prisão perpétua. A pena, desta vez, teve de ser cumprida em cela comum e não mais em uma prisão militar.
O ex-ditador foi acusado de ser o responsável pelo desaparecimento de pessoas e por roubos de bebês. Essas crianças eram filhos de desaparecidos, e nasceram em cativeiro ou foram sequestradas enquanto estavam com os pais e entregues para adoção, muitas vezes a famílias ligadas ao regime.
Cerca de 30 mil pessoas desapareceram na ditadura argentina, segundo organizações de direitos humanos. Até os últimos dias de vida, Videla defendeu a atuação dos militares na ditadura. Para ele, a "guerra suja" era necessária contra a guerrilha armada. O ex-ditador nunca informou o paradeiro dos corpos dos desaparecidos nem dos bebês sequestrados.

"Clarín" chama ex-ditador de "ideólogo do terror"


SÃO PAULO, SP, 17 de maio (Folhapress) - O jornal argentino "Clarín" afirma na manchete de seu site, hoje, que o ex-ditador Jorge Rafael Videla, morto nesta madrugada, foi o "ideólogo do terror da pior ditadura da Argentina".
Traz também um texto no qual Nora Cortiñas, do grupo Mães da Praça de Maio, afirma que não festeja a morte, mas lamenta o fato de "irem com ele os segredos mais importantes da história".
O "Clarín" ainda relembra que, em março passado, na prisão Marcos Paz, Videla fez uma última provocação, ao convocar os ex-colegas das Forças Armadas "com 58 a 68 anos que ainda estejam em condições de combater" para se armar enfrentar a presidente Cristina Kirchner.
Essa declaração, como relembra o também argentino "La Nación", foi feita na última entrevista do ex-ditador, à revista espanhola "Cambio 16".
Logo após a publicação, Videla negou a autoria. Em sua homepage, o "La Nación" chama Videla de "símbolo da ditadura militar" e destaca a fala do Nobel da Paz Pérez Esquivel, segundo quem a morte do ex-ditador "não deve alegrar ninguém".
O site do jornal "Página 12" não destaca a morte de Videla, e sim um encontro ocorrido na quarta-feira entre o ex-presidente Lula e Kirchner.
Em seu texto, a publicação diz que Videla foi o responsável pela "etapa mais negra da história da Argentina" por ter "posto em prática um plano genocida sistemático que envolvia sequestros, saques e desaparecimento de pessoas", além de manter uma "política econômica neoliberal que foi o pontapé de um dos processos de esvaziamento e entrega aos capitais estrangeiros mais difíceis para a sociedade argentina".
"A luta dos organismos de direitos humanos que reclamam a memória, a verdade e a justiça pelos 30 mil desaparecidos e os netos que ainda não foram recuperados continua", afirma o "Página 12".
O portal "infobae" destaca que o ex-ditador "cumpria prisão perpétua e 50 anos de condenação em uma prisão comum pelo sequestro sistemático de bebês nascidos em cativeiro" e que ele "nunca se arrependeu" dos crimes. Já o "Crónica" considera Videla "a sinistra imagem de uma época violenta e sangrenta". 


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